Vamos abordar hoje a metrificação.
Metrificação é o estudo da medida dos versos na poesia.
A separação de silabas na gramática é simples, nela separamos os vocábulos.
Vamos tomar o exemplo do poema Autopsicografia de Fernando Pessoa.
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
O poeta é um fingidor.
O/ po/e/ta/ é/um/ fin/gi/dor
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Nove sílabas gramaticais
Na sílaba métrica, nós contamos até a última sílaba tônica pronunciada:
O/poe/ta é/um/fin/gi/dor
1 2 3 4 5 6 7
Sete sílabas poéticas
Note-se que a palavra poeta, na escrita tem 3 sílabas, já na poesia tem apenas duas.
Na sílaba poética contamos como são pronunciados os sons da palavra. Logo falamos poe/ta, e não po/e/ta
Assim também quando pronunciamos o vocábulo "ta" e o verbo "é" (verbo ser). Na hora em que falamos o vocábulo "ta" (de poeta) se une ao verbo "é" (verbo ser), assim dizemos "taé"
Outro exemplo do mesmo poema:
Fin/ge/tão/com/ple/ta/men/te
1 2 3 4 5 6 7 8
8 silabas gramaticais
Fin/ge/tão/com/ple/ta/men/te
1 2 3 4 5 6 7
7 sílabas poéticas.
Note que contamos até o vocábulo "men" o mais forte pronunciado e deixamos de fora o "te" o mais fraco pronunciado.
Quanto ao número de sílabas, os versos podem ser:
Monossílabos: Ma(nha)
1
Dissílabos: Na dan(ça)
1 2
Trissílabo, tetrassílabo, pentassílabo, hexassílabo, heptassílabo, otossílabo, eneassílabo, decassílabo.
Cabe aqui uma distinção dos decassílabos, para falarmos nos Lusíadas Luís de Camões, que foi composto inteiro em decassílabos heroicos, ou seja com versos de dez sílabas métricas, sendo que na 6ª e 10ª sílabas tônicas recaiam os acentos.
"As /ar/mas/ e os/ba/rões/ as/si/na/la/dos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Temos que levar em conta o versos inteiro, assim apesar de termos uma vogal tônica no 6º vocábulo, a frase não terminou aí, e continuou até o 10° vocábulo métrico.
Existe também o verso de 12 sílabas métrica, chamado de alexandrino, que possui sílabas tônicas na 6ª e na 12 ª sílaba.
Do/bu/fão/fa/vo/ri/to a/gro/tes/ca/ba/la/da.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Existem recursos da fonética utilizados na contagem de versos métricos poéticos.
Um deles é a Sinérese; que é a transformação de um hiato em um ditogo.
Ex: Pi/a/no (sílabas gramaticais) trata-se de um hiato (a semivogal i, está numa sílaba, e a semivogal a, está em outra.
Já na métrica poética, a semivogal i e a vogal a se juntam num ditongo.
Assim: ciúme, piada, hiato.
Já ao contrário a Diérese, transforma um ditongo num hiato.
Ex: qua/se (gramática) qu/a/se (poética)
Mau (gramática) ma/u (poética).
Por hoje é só pessoal!
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