Hoje vamos falar de um marco importante da História do Brasil, conhecida como a "Coluna Prestes".
Antes porém temos de falar do "Tenentismo" que foi um movimento que surgiu nos quartéis no início dos anos 20.
Depois da Proclamação da República sucederam-se dois governos de militares: Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, depois deles o poder passou para civis.
Foi uma oligarquia (poder político nas mãos de poucos) que governou o Brasil da época.
Uma oligarquia onde os protagonistas principais eram os estados de São Paulo (café) e Minas Gerais (leite) formando a chamada política do"café com leite".
Esse estado de coisa, e a falta da participação da sociedade civil, como um todo, nas decisões dos rumos do país, causavam descontentamento nas casernas.
Um dos primeiros sinais de descontentamento, foi a chamada "Revolta dos 18 do forte", ou "Revolta do forte de Copacabana" em 05 de julho de 1922, gerada pela insatisfação com o governo de Epitácio Pessoa e seu sucessor Arthur Bernardes.
Dos 301 oficiais e civis que iniciaram a revolta, restaram apenas 29 oficiais de baixa patente. Desses 17 iniciaram uma marcha em direção ao bairro do Leme, mas foram todos foram presos ou mortos.
Em 05 de julho de 1924, exatos dois anos após a Revolução do Forte de Copacabana, eclode um movimento revolucionário em São Paulo, contra o regime oligárquico de Arthur Bernardes.
Apesar do movimento ser nacional, apenas São Paulo entrou no conflito contra as tropas federais.
São Paulo foi impiedosamente bombardeada, com cerca de 5.000 feridos e mais de 1.000 mortos.
Principalmente os bairros do Brás e Moóca, onde estavam a incipiente industria paulista foram os maiores alvos. O governo legalista de São Paulo, de Carlos Sampaio, se viu obrigado a fugir para o bairro da Penha, sem antes dar a ordem de destruir a cidade de São Paulo.
A revolta durou 23 dias, e os revoltosos foram mortos ou presos.
Lembro das histórias de minha avó Laura, uma imigrante portuguesa, falando dessa revolta. Na época ela ia frequentemente ao Mercadão do Cantareira, e dizia ter vistos corpos mortos espalhados pela região.
Esses fatos desencadearam uma revolta em 28 de Outubro de 1924, no extremo sul do país, no município de Santo Ângelo.
Esses revoltosos se encontram com os revoltosos paulistas que haviam fugido de São Paulo, durante a Revolução de 24, em Foz do Iguaçu no Paraná.
Liderado por Miguel Costa e Luiz Carlos Prestes, um capitão à época, eles seguiram pelo interior do Brasil, numa marcha que levou três anos, percorrendo de 25.000 km.
Luiz Carlos Prestes e Miguel Costa
Nessa marcha pelo país eles denunciavam a pobreza e a exploração dos mais pobres pela elite política e oligárquica, principalmente no interior do país, onde o "coronelismo" atuava como senhor sobre a vida e morte do sertanejo.
Polêmicas sobre saques, estupro e roubo de militantes da Coluna Prestes, foram relatadas, e em muitas vezes a população fugiu deixando os lugarejos desertos, quando era anunciada a proximidade da Coluna.
Em entrevista, muitos anos depois, Prestes, não negou que abusos tivessem sido praticados, afinal segundo ele, no auge da Coluna, eram quase 2.500 homens, que muitas vezes com fome, outras vezes por instintos criminosos, praticavam males à população.
Outras vezes levados pelo sentimento de vingança, essa, contra os grandes latifundiários e seus jagunços, que foram armados pelo governo federal de Arthur Bernardes.
Prestes disse que toda vez que esses atos eram levados ao conhecimento dele os responsáveis eram punidos.
No intuito de combater a Coluna Prestes, o governo federal convoca o deputado Floro Bartolomeu, para combater Prestes no Ceará. Floro tinha amizade com os coronéis e seus jagunços, e recebeu do governo federal, armas e dinheiro para a empreitada.
Até o bando de Lampião é convocado por carta, onde recebe a patente de "capitão dos batalhões patrióticos", depois de um encontro com o Padre Cícero, de quem o cangaceiro era devoto.
bando de Lampião
A longa marcha foi concluída em 1927, na fronteira com a Bolívia, sem conseguir a derrubada do governo.
Cansados, famintos e perseguidos, muitos vão para a Bolívia, outros para o Paraguai.
A marcha, no entanto, serviu para escancarar o problema da exploração, da miséria, e das arbitrariedades de uma oligarquia, cuja única intenção era a manutenção do poder e dos privilégios, contra uma maioria de miseráveis e desolados.
A marcha também foi o estopim para a Revolução de 30.
Luiz Carlos Prestes , anos depois entra para o PCB (Partido Comunista Brasileiro).
Devido a essa marcha, Prestes, recebe o nome de "Cavaleiro da Esperança.
Coluna Prestes
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