terça-feira, 25 de novembro de 2025

O nome "Vaticano" já era usado na época da República Romana para o Ager Vaticanus, uma área pantanosa na margem oeste do Tibre em frente à cidade de Roma, localizada entre o Janículo, a Colina do Vaticano e Monte Mario, descendo para o Monte Aventino e até a confluência do riacho Cremera.






Por causa de sua proximidade com sua arqui-inimiga, a cidade etrusca de Veii (outro nome para o Ager Vaticanus era Ripa Veientana ou Ripa Etrusca) e por ter sido submetida às inundações do Tibre, os romanos consideraram esta parte originalmente desabitada de Roma como insalubre e sinistra.

A qualidade particularmente baixa do vinho do Vaticano, mesmo após a recuperação da área, foi comentada pelo poeta Marcial   ( entre 102 e 104 d.C.). Tácito escreveu que em 69, o Ano dos Quatro Imperadores, quando o exército do norte que levou Vitélio ao poder chegou a Roma, "uma grande proporção acampou nos bairros insalubres do Vaticano, o que resultou em muitas mortes entre os soldados comuns; e estando o Tibre por perto, a incapacidade dos gauleses e germânicos de suportar o calor e a consequente ganância com que bebiam da corrente enfraquecia os seus corpos, que já eram uma presa fácil para a doença".

O topônimo Ager Vaticanus é atestado até o século I: depois, apareceu outro topônimo, Vaticanus, denotando uma área muito mais restrita: a colina do Vaticano, hoje a Praça de São Pedro e possivelmente a atual Via della Conciliazione.

Sob o Império Romano, muitas vilas foram construídas lá, depois que Agripina, a Velha (14 aC-18 de outubro de 33) drenou a área e planejou seus jardins no início do século I. No ano 40, seu filho, o imperador Calígula (31 de agosto 12–24 de janeiro de 41 d.C.; r. 37–41) construiu em seus jardins um circo para cocheiros (40 d.C.) que mais tarde foi concluído por Nero, o Circo Gaii et Neronis, geralmente chamado, simplesmente, de Circo de Nero.




A partir da década de 1850, iniciou-se na Península Itálica um processo conhecido como Unificação Italiana. Esse movimento foi liderado pelo Reino de Piemonte-Sardenha e consistiu na formação e consolidação do Estado-nação da Itália mediante a junção dos reinos que existiam na península.

Pouco a pouco, Piemonte-Sardenha, governado pelo rei Vitor Emanuel II, foi conquistando os reinos na Península Itálica e acrescentando-os aos seus domínios. Em 1861, o Reino da Itália foi oficialmente criado. Em 1870, o processo de unificação já estava praticamente concluído, mas faltava ainda conquistar os Estados Papais e a principal cidade da região: Roma.

Até então, essas conquistas não tinham acontecido porque a região era protegida por tropas francesas enviadas por Napoleão III, imperador da França. Em 1870, no entanto, com o início da Guerra Franco-Prussiana, o imperador francês foi obrigado a retirar as tropas francesas dos Estados Papais.

Com a saída das tropas de Napoleão, os Estados Papais foram invadidos pelo Reino da Itália, que agregou ao seu reinado as terras dominadas pela Igreja Católica, incluindo Roma – que se tornou capital da Itália. Na época, o rei italiano tentou negociar com o papa Pio IX condições que garantiriam a soberania da Santa Sé, mas a proposta foi negada pelo papa. Com isso, iniciou-se um desentendimento que se estendeu por quase 60 anos.

As relações entre o Reino da Itália e a Santa Sé eram tão ruins que o papa IX, além de não reconhecer a legitimidade do Reino da Itália, excomungou o rei italiano e proibiu, no começo do século XX, os fiéis católicos de concorrerem a cargos públicos no governo italiano. As negociações entre os dois lados só foram retomadas, secretamente, durante a década de 1920.

Tratado de Latrão:

"O Tratado de Latrão foi o acordo assinado entre o Reino da Itália e a Santa Sé (Igreja Católica) em 1929. Nesse acordo, foi solucionada a Questão Romana, assim, as disputas territoriais existentes entre as duas partes desde o século XIX tiveram fim. Com o Tratado de Latrão, foi criado oficialmente o Estado da Cidade do Vaticano, um pedaço de terra soberano sob domínio da Igreja Católica."

"A assinatura e a formalização do Tratado de Latrão aconteceram em 11 de fevereiro de 1929, quando Benito Mussolini e Pietro Gasparri, secretário da Santa Sé, reuniram-se no Palácio de Latrão.






O documento do Tratado de Latrão, segundo o cientista social David I. Kertzer, pode ser dividido em três partes distintas. Na primeira parte do acordo, oficializou-se a criação do Estado da Cidade do Vaticano, um território independente sob o governo do papa. Na segunda parte, ficaram acordados os termos das relações entre Itália e Vaticano, nos quais o governo italiano assegurava que não interviria nos assuntos internos do Vaticano.

O último ponto do acordo falava sobre uma indenização que seria paga ao Vaticano por todas as terras das quais eles abriram mão e que eram reconhecidas como posses do governo italiano. David I. Kertzer fala que, em valores atualizados, a indenização totalizou cerca de um bilhão de dólares. A assinatura do Tratado de Latrão foi comemorada em todo o território italiano e melhorou consideravelmente a imagem do regime fascista."




O Estado do Vaticano, instrumento da Santa Sé, foi assim definido no preâmbulo do tratado: “Dado que, para assegurar à Santa Sé a independência absoluta e visível, é preciso lhe garantir uma soberania indiscutível, mesmo no domínio internacional, dá-se conta de que é necessário constituir, com características específicas, a Cidade do Vaticano, reconhecendo à Santa Sé, sobre essa mesma cidade, a plena propriedade, o domínio exclusivo e absoluto e a jurisdição soberana.”

O papa é reconhecido com o chefe de Estado temporal do Vaticano com todos os poderes, legislativo, executivo e judiciário. O governo efetivo é delegado a um governador-geral. Em caso de vacância, o poder passa ao Sagrado Colégio de Cardeais.

O novo território pontifical mede 44 hectares. Trata-se essencialmente da Praça de São Pedro, da basílica homônima, do Palácio do Vaticano e dos jardins circundantes. O conjunto é cercado por uma fronteira fixada por ocasião dos acordos, constituída por muros com cinco pontos de acesso. Somente a Praça de São Pedro e a basílica são livremente acessíveis. Mussolini tinha proposto incluir outros edifícios no novo Estado, porém Pio XI recusou, afirmando: “Ficará claro para todos, esperamos, que o Soberano Pontífice só dispõe na verdade dessa porção de território indispensável para o exercício de um poder espiritual confiado aos homens para o benefício dos homens.”



Fontes:

wikipedia.org
google.com
mundoeducacao.uol.com.br
brasilescola.uol.com.br
operamundi.uol.com.br


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