segunda-feira, 24 de novembro de 2025



"Arcadismo (século XVII ao século XVIII)





Bocage foi o principal nome do arcadismo português.


Bocage




Também chamado de neoclassicismo, o arcadismo apresenta pastoralismo, idealização do amor e da mulher, além de referências greco-latinas. Também possui características de conteúdo como: carpe diem (aproveitar o momento), inutilia truncat (abandonar o inútil), locus amoenus (lugar ameno) e aurea mediocritas (mediocridade áurea). No mais, é marcado pela visão antropocêntrica, iluminista e racional da realidade.

No século XVIII, o fortalecimento político da burguesia e o aparecimento dos filósofos iluministas formam um novo quadro sociopolítico-cultural, que necessita de outras fórmulas de expressão.


Combate-se a mentalidade religiosa criada pela Contrarreforma, nega-se a educação jesuítica praticada nas escolas, valoriza-se o estudo científico e as atividades humanas, num verdadeiro retorno à cultura renascentista. A literatura tem por objetivo restaurar o equilíbrio por meio da razão.


Em meados do século XVIII surge na Inglaterra e na França uma burguesia que passa a dominar economicamente o Estado, através de um vasto comércio ultramarino e da multiplicação de estabelecimentos bancários, assenhoreando-se mesmo de uma parte da agricultura. Em toda a Europa tais circunstâncias são semelhantes, e as influências do pensamento burguês se alastram. Nesse momento, geram-se duas manifestações distintas, mas que se completam.
Principais autores árcades




Molière (1622-1673) — francês

Tartufo - Primeiro Ato - Cena IV

ORGON - E Tartufo? 
DORINE - Tartufo? Passa admiravelmente. Gordo e corpulento, tez viçosa e boca vermelha.
ORGON - Pobre homem! 
DORINE - À tarde, ela ficou muito enjoada e, no jantar, nada pôde provar, tão forte a dor de cabeça que ainda a atacava. ORGON - E Tartufo?
DORINE - Ceou, sozinho diante dela, devorando, mui devotamente, duas perdizes e meio guisado de perna de carneiro. 
ORGON - Pobre homem! 
DORINE - Ela passou a noite inteira sem poder pregar olho; uns calores que sentia impediram-na de cochilar e foi preciso ficar perto dela até o amanhecer.
ORGON - E Tartufo? 
DORINE - Ao sair da mesa, impelido por agradável sono, passou para o quarto e meteu-se logo na cama bem quente, onde, sem se mexer, dormiu até o dia seguinte.
ORGON - Pobre homem!


Jean Racine (1639-1699) — francês

Jonathan Swift (1667-1745) — irlandês

Voltaire (1694-1778) — francês

Cláudio Manuel da Costa (1729-1789) — brasileiro

Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810) — português

Juan Meléndez Valdés (1754-1817) — espanhol

Manuel du Bocage (1765-1805) — português




Principais obras árcades

Tartufo, de Molière

Andrômaca, de Jean Racine

As viagens de Gulliver, de Jonathan Swift

Cândido ou O otimismo, de Voltaire

Vila Rica, de Cláudio Manuel da Costa

Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga

Poesias, de Juan Meléndez Valdés

Queixumes do pastor Elmano contra a falsidade da pastora Urselina, de Manuel du Bocage"



Pelo fato de buscar inspiração na tradição clássica, o Arcadismo é chamado de Neoclassicismo. Além desse nome, também é conhecido como Setecentismo, por ter início nos anos 1700.

No Brasil, o Arcadismo compreende o período entre 1768 e 1808, e em Portugal, compreende o período entre 1756 e 1825.

O Arcadismo foi muito influenciado pelo Iluminismo, movimento intelectual que surgiu na Europa no século XVII e que se caracterizou principalmente pelo fato de defender o racionalismo em vez da religiosidade.

O Iluminismo impulsionou o início da Revolução Francesa, movimento que trouxe consequências para vários países no mundo.

No Brasil, o Arcadismo surge no momento em que os brasileiros manifestavam o desejo de se tornarem livres. Dois dos seus principais autores, Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga, estavam entre os líderes da Inconfidência Mineira, que pretendia tornar Minas Geria independente de Portugal.

Marília de Dirceu  - Tomaz Antonio Gonzaga 

PARTE I 
Lira I

Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheio gado;
De tosco trato, d’ expressões grosseiro,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal, e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto. 

    Graças, Marília bela, 
   Graças à minha Estrela! 

Eu vi o meu semblante numa fonte, 
Dos anos inda não está cortado: 
Os pastores, que habitam este monte,
Com tal destreza toco a sanfoninha, 
Que inveja até me tem o próprio Alceste: 
Ao som dela concerto a voz celeste; 
Nem canto letra, que não seja minha, 

  Graças, Marília bela, 
  Graças à minha Estrela!

(Marília de Dirceu - Parte I)



Assim, o Arcadismo é a última escola literária brasileira da era colonial. As escolas coloniais são Quinhentismo, Barroco e Arcadismo. Com o fim da era colonial, tem início a era nacional, cuja primeira escola literária é o Romantismo, que surge no nosso país quatorze anos depois da Independência do País.

No Arcadismo brasileiro, os principais autores são Cláudio Manuel da Costa, Basílio da Gama, Santa Rita Durão e Tomás Antônio Gonzaga.

Em Portugal, o Arcadismo surge num momento de transformações na sociedade portuguesa, quando, por exemplo, os jesuítas foram expulsos de Portugal e de suas 
colônias.





Fontes:

brasilescola.uol.com.br
programadeleitura.wordpress.com
todamateria.com
dominiopublico.gov.br
linguagememmovimento.blogspot.com
google.com




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