sexta-feira, 28 de novembro de 2025

 





Em 13 de fevereiro de 1900 nasceu Gregório Bezerra no pequeno município de Panelas, que hoje abriga pouco mais de 25 mil habitantes nas proximidades de Caruaru, região Agreste de Pernambuco.




De família humilde, precisou começar a trabalhar no corte de cana de açúcar já aos 4 anos de idade. Aos 9 anos já era órfão de pai e mãe. Os proprietários do engenho o levaram para o Recife com a promessa de colocá-lo na escola, o que nunca fizeram. Gregório foi empregado doméstico e depois deixado na rua.

Viveu nas ruas, dormiu sobre os sepulcros do cemitério de Santo Amaro. Trabalhou como carregador de bagagens na Estação Recife de trens, ajudante de pedreiro e jornaleiro. Seus amigos da venda dos diários liam as notícias para ele, analfabeto, que começou a se interessar em política.

Em 1917 trabalhava como ajudante de pedreiro e participou de manifestações por direitos trabalhistas e em apoio à Revolução Soviética, que colocava trabalhadores e pobres da Rússia no centro do poder do outro lado do mundo. Em duas ocasiões acabou detido por participar das manifestações. Passou cinco anos preso na antiga Casa de Detenção, atual Casa da Cultura, no centro do Recife. Deixou a prisão aos 22 anos decidido a se tornar militar. Se alfabetizaria aos 25 anos de idade, já no Exército, onde passaria 13 anos e chegaria à patente de sargento.




Em 1935, participou da fundação da Aliança Nacional Libertadora (ANL), organização de massas orientada pelo PCB. Com o fechamento da ANL pelo governo federal, a organização passou a funcionar na clandestinidade. Assim, Bezerra foi encarregado de participar da preparação de uma insurreição militar no Recife. Quando eclodiu o levante em Natal, em 23 de novembro de 1935, recebeu ordens para desencadear a luta na capital pernambucana no dia seguinte, desarticulada pelos militares locais. Preso, Bezerra foi submetido a torturas. Em 1937, foi condenado a 27 anos e meio de prisão, sendo anistiado em abril de 1945.

Com a legalização do PCB, ainda em 1945, foi o principal candidato do partido a deputado por Pernambuco à Assembleia Nacional Constituinte. Permaneceu na Câmara somente até janeiro de 1948, quando os parlamentares eleitos pelo PCB tiveram seus mandatos cassados. Uma semana depois de ter deixado a Câmara, Gregório Bezerra foi preso sob a acusação de ter incendiado um quartel em João Pessoa. Absolvido por falta de provas, ainda assim viveu na clandestinidade durante nove anos.






Foi novamente preso por ocasião do golpe militar que depôs o presidente João Goulart, em 31 de março de 1964. Ficou famosa a sua fotografia amarrado pelo pescoço, sendo arrastado pelas ruas do Recife.

Difícil não se perturbar com a narração das torturas. Da “coiçada de fuzil no estômago” aos golpes do cano de ferro na cabeça, dos pés mergulhados em ácido de bateria de carro (“A dor que senti não sei descrever”, conta ele) ao quase degolamento provocado pelas três cordas amarradas em seu pescoço, pelas quais era arrastado, “num desfile macabro”, pelo bairro de Casa Forte, na capital pernambucana.






Em abril, teve seus direitos políticos cassados por dez anos, com base no primeiro Ato Institucional, editado naquele mês. Em 1967, foi condenado a 19 anos de prisão. Dois anos depois, foi solto em troca do embaixador americano Charles Elbrick, sequestrado por grupos de oposição armada. Ficou cerca de dez anos exilado.

Gregorio Bezerra foi um ícone da luta contra a ditadura. Existem relatos de que quando o avião Hércules pouso em Recife para pegá-lo como um dos presos trocados pelo embaixador americano, ele entrou no avião algemado. Com sua altivez chamou o cabo e pediu que afrouxasse suas algemas, no que foi imediatamente atendido.
Com a anistia, em 1979, voltou ao Brasil. Nas eleições de 1982, candidatou-se à Câmara dos Deputados por Pernambuco, na legenda do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), obtendo apenas a suplência. Em 1979, Gregório Bezerra publicou o livro “Memórias”, relançado em 2011, pela Boitempo Editorial. Faleceu no dia 21 de outubro de 1983, em São Paulo.


Fontes:

wikipedia.org
brasildefato.com.br
memoriasdaditadura.org.br
google.com

quinta-feira, 27 de novembro de 2025



Madre Maurina

Maurina Borges, a madre Maurina





Maurina Borges da Silveira nasceu em Araxá, Minas Gerais, mas mudou-se para Ribeirão Preto, onde atuou por muitos anos no orfanato Lar Santana, na Vila Tibério, zona Oeste da cidade. Em outubro de 1969, época que era diretora da instituição, a religiosa foi presa por suspeita de abrigar membros do grupo guerrilheiro Forças Armadas da Libertação Nacional (Faln).



Nascida em Perdizes, na época um distrito de Araxá em Minas Gerais, Maurina foi a oitava filha em uma numerosa família de 11 irmãos, todos criados na zona rural. Quatro desses filhos se tornaram religiosos.

Em 1942, iniciou a vida religiosa no dia 21 de janeiro de 1942 e, no dia 11 de janeiro de 1950, emitiu seus votos perpétuos junto à Congregação das Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição.

Por 10 anos trabalhou no Colégio Nossa Senhora de Lourdes, em São Paulo, e, depois, por 10 anos no Juvenato Coração de Jesus, em Gaspar (Santa Catarina).




Madre Maurina foi a única freira presa e torturada durante o período ditatorial do Brasil. Em outubro de 1969, foi presa em frente ao orfanato para meninas do qual era diretora, o Lar Santana, em Ribeirão Preto, sob suspeita de abrigar membros do grupo guerrilheiro Forças Armadas da Libertação Nacional (Faln), que ela havia pensado que faziam parte do Movimento Estudantil Jovem (MEJ).

Passou por cinco meses de tortura, sob o comando do delegado Sérgio Paranhos Fleury, que ia de tapas a choques elétricos, e boatos de estupro e gravidez, negados pela madre, mas que até hoje são alvos de dúvida.

Foram injustiças demais. Uma das piores, na visão da madre, foi a informação (que até hoje circula) de que teria sido estuprada por um torturador e embarcado grávida para o México. "Essa foi uma das grandes mentiras ditas a meu respeito", afirma. É um desses casos em que o silêncio em torno da realidade ganha importância diante da História. Criou-se uma aura de suspense que nem o livro esclarece. Não que o estupro fosse prática abolida dos manuais da repressão.

Outras presas políticas passaram por isso. "Eram comuns os abusos sexuais", confirma a historiadora Inês Etienne Romeu, ex-dirigente da VPR, ela mesma vítima de dois estupros nos oito anos de prisão a que foi submetida. "Colocavam-me nua, de madrugada, no cimento molhado. Fui espancada várias vezes e levava choques elétricos na cabeça, nos pés, nas mãos, nos seios." Em 1981, Inês fez um depoimento audacioso, publicado no jornal O Pasquim, denunciando detalhes do que passou na Casa de Petrópolis, um dos centros de tortura montados pelo regime.

Em Sombras da Repressão, Maurina conta ter sido abordada por um militar loiro, alto e jovem durante sua prisão. Seu testemunho: "Ele começou a me abraçar e dizia que estava sozinho, longe de sua mulher. Eu pedia para ele se afastar, ficar longe de mim. Pegou uma arma e queria que eu a segurasse. Dizia para eu matá-lo. Queria que minhas impressões digitais ficassem na arma. Não peguei. 


A imprensa publicou que eu tive um filho desse militar. Outros disseram que fiz um aborto. Li essa notícia em uma revista, no México. Isso me abalou muito, tive uma depressão. Depois aceitei". Maurina viveu 14 anos no México, cinco dos quais na zona rural, visitando doentes, trabalhando com famílias e promovendo encontros de casais. Voltou ao Brasil depois que a hipófise começou a incomodá-la. Até hoje, a congregação das franciscanas não gosta que ela fale sobre o assunto.

"Não houve estupro", garante o frade dominicano Manoel Borges da Silveira, 67 anos, irmão de Maurina. Frei Manoel credita a versão da gravidez ao fato de Maurina ser uma religiosa de vida casta e recatada. Mas não se incomodou com o fato de o livro reacender especulações a respeito. "Naquela época era proibido falar sobre tortura, e esse fantasma continuou por muito tempo. Por isso o livro é bom, para acabar com um tabu." 

Carlos Fico, historiador da UFRJ, diz que era comum boatos como o estupro da irmã serem propagados pelo aparelho repressor para difamar a imagem do torturado.
No contexto geral da época, o brasilianista Kenneth Serbin, 51, vê na elite um entendimento de que a polícia poderia agir a seu modo contra opositores ao governo.
Para a jornalista Matilde Leone, que lançou um livro sobre a freira, outra dúvida é sobre o papel da igreja na proteção da religiosa.
"Ela estava com religiosos [quando foi chamada pela polícia]. Ela foi sozinha se encontrar [com o delegado], ficou desprotegida."







Embora tenha permanecido reservada até o final da vida sobre o que de fato ocorreu na prisão, sempre negando publicamente o estupro e a gravidez, há pelo menos um registro de que a freira teria confirmado parcialmente o fato: em uma conversa com a jornalista Denise Assis, autora do livro Imaculada, inspirado na história da religiosa. Em depoimento à Comissão da Verdade de São Paulo, em 2014, Assis indicou que a Igreja teria buscado minimizar os acontecimentos e silenciar a versão real, que diz ter ouvido de Maurina. Segundo ela, esta seria a real razão das constantes negativas da freira quando questionada sobre o episódio.

O romance histórico Sombras da Repressão teve sua venda suspensa por conter alguns erros de identificação, entretanto revolve um baú de lembranças delicadas. Em parte, isso se deve à própria autora. Para recontar uma história complexa e turbulenta, a jornalista criou um personagem fictício que colocou mais lenha na fogueira. É Felipe Castro, um jovem mexicano, filho adotivo, que desembarca em Ribeirão Preto à procura da mãe verdadeira. Na busca angustiada, ele conhece pessoas que passaram pela prisão e foram torturadas. No desenrolar da trama, há referências ao suposto filho de Maurina. "Considero esse livro um esboço. Felipe não existe, o que há é um manto muito denso cobrindo a história de Maurina", explica Matilde Leone. Alguns parentes da madre viram com desagrado o personagem mexicano.


Por sua tortura e prisão, os delegados Renato Ribeiro Soares e Miguel Lamano foram excomungados pelo frei Felício da Cunha. Depois desse episódio, Madre Maurina não foi mais torturada. Pesquisadores do período dizem que essa ação surtiu efeito, pois boa parte dos militares era católica e, por incrível que pareça, temiam tal punição. A revista Veja apontou Lamano como o 12º maior torturador da época da ditadura militar.

A freira, membro da Congregação das Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição, passou pelo quartel de Ribeirão Preto, presídio em Cravinhos, Presídio Tiradentes e pela penitenciária feminina do Tremembé, onde soube de seu exílio forçado para o México, em 1970, em troca do Cônsul Japonês Nabou Okuchi, que havia sido sequestrado pela Vanguarda Popular Revolucionária (VPR).

Voltou ao Brasil 15 anos depois, em 1985. Sofrendo de Alzheimer, Madre Maurina morreu aos 84 anos, em 2011, em Araraquara.


Fontes:

wikipedia.org
al.sp.gov.br
revistaepoca.com.br
memorialdaresistenciaspo.gov.br
observatoriodaimorensa.com.br
google.com
gazetadopovo.com.br




quarta-feira, 26 de novembro de 2025



Vamos falar hoje do filósofo de origem judaico-portuguesa Baruch Spinoza.





Baruch Spinoza (1632–1677)Considerado um dos maiores nomes do racionalismo na Filosofia Moderna, ao lado de Descartes e Leibniz.

De origem judaico-portuguesa, ele propôs uma visão de Deus imanente à natureza (panteísmo), usando um método axiomático-dedutivo (inspirado na geometria) para expor suas ideias na obra póstuma "Ética".

Seu pensamento foi revolucionário para a época, defendendo a liberdade de pensamento e sendo excomungado por suas visões consideradas heréticas.

Além de seu racionalismo religioso radical, Spinoza defendeu o liberalismo político. Também ficou conhecido por sua ideia de analisar a natureza como sendo Deus.

O filósofo estudou o homem e sua condição política, religiosa e moral. Para ele o ser humano é desprovido de vontade, como tudo procede de Deus, tudo também é determinado por Ele. Nós nos julgamos livres porque temos consciência da nossa vontade e achamos que é ela que nos guia, mas quem determina essa vontade é Deus.

Nascido em Amsterdã, na Holanda, em 24 de novembro de 1632, Baruch Spinoza (ou Benedito Espinoza) era descendente de judeus de origem portuguesa.

Seu pai, um comerciante bem-sucedido chamado Michael, tentou que o filho ocupasse a mesma posição no comércio, no entanto, desde pequeno Spinoza demostrou grande interesse pelos estudos.

Aprofundou suas pesquisas nas áreas da teologia, línguas, filosofia e política. No entanto, suas ideias, consideradas ateístas, resultaram na excomunhão de Spinoza em 27 de julho de 1656 pela comunidade judaica de Amsterdã, da qual fazia parte.





Diante disso, resolveu abandonar Amsterdã, passando a viver em diversos locais na Holanda: Rijnsburg, Voorburg, Haia, Leyden e Utrecht.

Ao ser excluído da comunidade judaica e vivendo em outros lugares, Spinoza teve que ganhar dinheiro, o que o levou a trabalhar no comércio e na área da pintura, ministrando aulas de desenho durante um tempo.

Embora tenha sido convidado para ser professor da Universidade de Heidelberg, Spinoza preferiu estudar e escrever sobre suas teorias e pensamentos.

Faleceu em Haia com 44 anos em 21 de fevereiro de 1677, vítima de tuberculose.



De acordo com Spinoza, Deus era sinônimo de natureza, o qual estaria refletido na harmonia e na existência de todas as coisas. Ou seja, ele acreditava num Deus transcendental e imanente.

Segundo ele, que estudou profundamente os textos bíblicos (Bíblia Sagrada e Talmud), aponta que as obras religiosas eram interpretações humanas sem fundamentação racional.

Criticou também os dogmas rígidos e a ostentação da Igreja. Por esse motivo, ele foi excomungado da Sinagoga Judaica.

Sendo assim, criticou diversos tipos de superstições (religiosa, política e filosófica) que para ele eram geradas pela imaginação. Nas palavras do Filósofo: “A mente humana é parte do intelecto infinito de Deus.”
A ética segundo Spinoza

Ainda que não tenha publicado sua obra “Ética” em vida, ela foi publicada postumamente. Sua teoria em torno desse tema esboça seu pensamento racionalista radical.

Para Spinoza o que os seres humanos pensam reflete diretamente na sua maneira de viver. Foi nessa obra que o filósofo trata do tema das superstições relacionadas com Deus, tentando provar a natureza racional de Deus, donde este seria o próprio Universo.






O DEUS DE SPINOZA 

Estas palavras são de Baruch Spinoza, filósofo holandês que viveu em pleno sec. XVII. Este texto foi chamado de "Deus segundo Spinoza" ou "Deus Falando com você": 

"Para de ficar rezando e batendo no peito. O que eu quero que faças é que saias pelo mundo, desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti. Para de ir a estes templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. 

Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nas praias. Aí é onde eu vivo e expresso o meu amor por ti. Para de me culpar pela tua vida miserável; eu nunca te disse que eras um pecador. Para de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar dos teus amigos, nos olhos de teu filhinho... não me encontrarás em nenhum livro...

Para de tanto ter medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem me incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor. Para de me pedir perdão. Não há nada a perdoar.

Se Eu te fiz... Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. 

Como posso te castigar por seres como és, se sou Eu quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos os meus filhos que não se comportam bem pelo resto da eternidade? 

Que tipo de Deus pode fazer isso? Esquece qualquer tipo de mandamento, são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.

Respeita o teu próximo e não faças aos outros o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção à tua vida; que teu estado de alerta seja o teu guia. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno."

Frases de Spinoza:


É o medo que cria, mantém e alimenta as superstições.
O homem é uma parte da natureza.
Deus não é um juiz
O objetivo da Bíblia é ensinar a obediência.
A superstição é o meio mais eficaz de governar
Se não quer repetir o passado, estude-o.




Fontes:

todamateria.com
google.com
wikipedia.org
mw.eco.br
filosofia.com.br

terça-feira, 25 de novembro de 2025

O nome "Vaticano" já era usado na época da República Romana para o Ager Vaticanus, uma área pantanosa na margem oeste do Tibre em frente à cidade de Roma, localizada entre o Janículo, a Colina do Vaticano e Monte Mario, descendo para o Monte Aventino e até a confluência do riacho Cremera.






Por causa de sua proximidade com sua arqui-inimiga, a cidade etrusca de Veii (outro nome para o Ager Vaticanus era Ripa Veientana ou Ripa Etrusca) e por ter sido submetida às inundações do Tibre, os romanos consideraram esta parte originalmente desabitada de Roma como insalubre e sinistra.

A qualidade particularmente baixa do vinho do Vaticano, mesmo após a recuperação da área, foi comentada pelo poeta Marcial   ( entre 102 e 104 d.C.). Tácito escreveu que em 69, o Ano dos Quatro Imperadores, quando o exército do norte que levou Vitélio ao poder chegou a Roma, "uma grande proporção acampou nos bairros insalubres do Vaticano, o que resultou em muitas mortes entre os soldados comuns; e estando o Tibre por perto, a incapacidade dos gauleses e germânicos de suportar o calor e a consequente ganância com que bebiam da corrente enfraquecia os seus corpos, que já eram uma presa fácil para a doença".

O topônimo Ager Vaticanus é atestado até o século I: depois, apareceu outro topônimo, Vaticanus, denotando uma área muito mais restrita: a colina do Vaticano, hoje a Praça de São Pedro e possivelmente a atual Via della Conciliazione.

Sob o Império Romano, muitas vilas foram construídas lá, depois que Agripina, a Velha (14 aC-18 de outubro de 33) drenou a área e planejou seus jardins no início do século I. No ano 40, seu filho, o imperador Calígula (31 de agosto 12–24 de janeiro de 41 d.C.; r. 37–41) construiu em seus jardins um circo para cocheiros (40 d.C.) que mais tarde foi concluído por Nero, o Circo Gaii et Neronis, geralmente chamado, simplesmente, de Circo de Nero.




A partir da década de 1850, iniciou-se na Península Itálica um processo conhecido como Unificação Italiana. Esse movimento foi liderado pelo Reino de Piemonte-Sardenha e consistiu na formação e consolidação do Estado-nação da Itália mediante a junção dos reinos que existiam na península.

Pouco a pouco, Piemonte-Sardenha, governado pelo rei Vitor Emanuel II, foi conquistando os reinos na Península Itálica e acrescentando-os aos seus domínios. Em 1861, o Reino da Itália foi oficialmente criado. Em 1870, o processo de unificação já estava praticamente concluído, mas faltava ainda conquistar os Estados Papais e a principal cidade da região: Roma.

Até então, essas conquistas não tinham acontecido porque a região era protegida por tropas francesas enviadas por Napoleão III, imperador da França. Em 1870, no entanto, com o início da Guerra Franco-Prussiana, o imperador francês foi obrigado a retirar as tropas francesas dos Estados Papais.

Com a saída das tropas de Napoleão, os Estados Papais foram invadidos pelo Reino da Itália, que agregou ao seu reinado as terras dominadas pela Igreja Católica, incluindo Roma – que se tornou capital da Itália. Na época, o rei italiano tentou negociar com o papa Pio IX condições que garantiriam a soberania da Santa Sé, mas a proposta foi negada pelo papa. Com isso, iniciou-se um desentendimento que se estendeu por quase 60 anos.

As relações entre o Reino da Itália e a Santa Sé eram tão ruins que o papa IX, além de não reconhecer a legitimidade do Reino da Itália, excomungou o rei italiano e proibiu, no começo do século XX, os fiéis católicos de concorrerem a cargos públicos no governo italiano. As negociações entre os dois lados só foram retomadas, secretamente, durante a década de 1920.

Tratado de Latrão:

"O Tratado de Latrão foi o acordo assinado entre o Reino da Itália e a Santa Sé (Igreja Católica) em 1929. Nesse acordo, foi solucionada a Questão Romana, assim, as disputas territoriais existentes entre as duas partes desde o século XIX tiveram fim. Com o Tratado de Latrão, foi criado oficialmente o Estado da Cidade do Vaticano, um pedaço de terra soberano sob domínio da Igreja Católica."

"A assinatura e a formalização do Tratado de Latrão aconteceram em 11 de fevereiro de 1929, quando Benito Mussolini e Pietro Gasparri, secretário da Santa Sé, reuniram-se no Palácio de Latrão.






O documento do Tratado de Latrão, segundo o cientista social David I. Kertzer, pode ser dividido em três partes distintas. Na primeira parte do acordo, oficializou-se a criação do Estado da Cidade do Vaticano, um território independente sob o governo do papa. Na segunda parte, ficaram acordados os termos das relações entre Itália e Vaticano, nos quais o governo italiano assegurava que não interviria nos assuntos internos do Vaticano.

O último ponto do acordo falava sobre uma indenização que seria paga ao Vaticano por todas as terras das quais eles abriram mão e que eram reconhecidas como posses do governo italiano. David I. Kertzer fala que, em valores atualizados, a indenização totalizou cerca de um bilhão de dólares. A assinatura do Tratado de Latrão foi comemorada em todo o território italiano e melhorou consideravelmente a imagem do regime fascista."




O Estado do Vaticano, instrumento da Santa Sé, foi assim definido no preâmbulo do tratado: “Dado que, para assegurar à Santa Sé a independência absoluta e visível, é preciso lhe garantir uma soberania indiscutível, mesmo no domínio internacional, dá-se conta de que é necessário constituir, com características específicas, a Cidade do Vaticano, reconhecendo à Santa Sé, sobre essa mesma cidade, a plena propriedade, o domínio exclusivo e absoluto e a jurisdição soberana.”

O papa é reconhecido com o chefe de Estado temporal do Vaticano com todos os poderes, legislativo, executivo e judiciário. O governo efetivo é delegado a um governador-geral. Em caso de vacância, o poder passa ao Sagrado Colégio de Cardeais.

O novo território pontifical mede 44 hectares. Trata-se essencialmente da Praça de São Pedro, da basílica homônima, do Palácio do Vaticano e dos jardins circundantes. O conjunto é cercado por uma fronteira fixada por ocasião dos acordos, constituída por muros com cinco pontos de acesso. Somente a Praça de São Pedro e a basílica são livremente acessíveis. Mussolini tinha proposto incluir outros edifícios no novo Estado, porém Pio XI recusou, afirmando: “Ficará claro para todos, esperamos, que o Soberano Pontífice só dispõe na verdade dessa porção de território indispensável para o exercício de um poder espiritual confiado aos homens para o benefício dos homens.”



Fontes:

wikipedia.org
google.com
mundoeducacao.uol.com.br
brasilescola.uol.com.br
operamundi.uol.com.br


segunda-feira, 24 de novembro de 2025



"Arcadismo (século XVII ao século XVIII)





Bocage foi o principal nome do arcadismo português.


Bocage




Também chamado de neoclassicismo, o arcadismo apresenta pastoralismo, idealização do amor e da mulher, além de referências greco-latinas. Também possui características de conteúdo como: carpe diem (aproveitar o momento), inutilia truncat (abandonar o inútil), locus amoenus (lugar ameno) e aurea mediocritas (mediocridade áurea). No mais, é marcado pela visão antropocêntrica, iluminista e racional da realidade.

No século XVIII, o fortalecimento político da burguesia e o aparecimento dos filósofos iluministas formam um novo quadro sociopolítico-cultural, que necessita de outras fórmulas de expressão.


Combate-se a mentalidade religiosa criada pela Contrarreforma, nega-se a educação jesuítica praticada nas escolas, valoriza-se o estudo científico e as atividades humanas, num verdadeiro retorno à cultura renascentista. A literatura tem por objetivo restaurar o equilíbrio por meio da razão.


Em meados do século XVIII surge na Inglaterra e na França uma burguesia que passa a dominar economicamente o Estado, através de um vasto comércio ultramarino e da multiplicação de estabelecimentos bancários, assenhoreando-se mesmo de uma parte da agricultura. Em toda a Europa tais circunstâncias são semelhantes, e as influências do pensamento burguês se alastram. Nesse momento, geram-se duas manifestações distintas, mas que se completam.
Principais autores árcades




Molière (1622-1673) — francês

Tartufo - Primeiro Ato - Cena IV

ORGON - E Tartufo? 
DORINE - Tartufo? Passa admiravelmente. Gordo e corpulento, tez viçosa e boca vermelha.
ORGON - Pobre homem! 
DORINE - À tarde, ela ficou muito enjoada e, no jantar, nada pôde provar, tão forte a dor de cabeça que ainda a atacava. ORGON - E Tartufo?
DORINE - Ceou, sozinho diante dela, devorando, mui devotamente, duas perdizes e meio guisado de perna de carneiro. 
ORGON - Pobre homem! 
DORINE - Ela passou a noite inteira sem poder pregar olho; uns calores que sentia impediram-na de cochilar e foi preciso ficar perto dela até o amanhecer.
ORGON - E Tartufo? 
DORINE - Ao sair da mesa, impelido por agradável sono, passou para o quarto e meteu-se logo na cama bem quente, onde, sem se mexer, dormiu até o dia seguinte.
ORGON - Pobre homem!


Jean Racine (1639-1699) — francês

Jonathan Swift (1667-1745) — irlandês

Voltaire (1694-1778) — francês

Cláudio Manuel da Costa (1729-1789) — brasileiro

Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810) — português

Juan Meléndez Valdés (1754-1817) — espanhol

Manuel du Bocage (1765-1805) — português




Principais obras árcades

Tartufo, de Molière

Andrômaca, de Jean Racine

As viagens de Gulliver, de Jonathan Swift

Cândido ou O otimismo, de Voltaire

Vila Rica, de Cláudio Manuel da Costa

Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga

Poesias, de Juan Meléndez Valdés

Queixumes do pastor Elmano contra a falsidade da pastora Urselina, de Manuel du Bocage"



Pelo fato de buscar inspiração na tradição clássica, o Arcadismo é chamado de Neoclassicismo. Além desse nome, também é conhecido como Setecentismo, por ter início nos anos 1700.

No Brasil, o Arcadismo compreende o período entre 1768 e 1808, e em Portugal, compreende o período entre 1756 e 1825.

O Arcadismo foi muito influenciado pelo Iluminismo, movimento intelectual que surgiu na Europa no século XVII e que se caracterizou principalmente pelo fato de defender o racionalismo em vez da religiosidade.

O Iluminismo impulsionou o início da Revolução Francesa, movimento que trouxe consequências para vários países no mundo.

No Brasil, o Arcadismo surge no momento em que os brasileiros manifestavam o desejo de se tornarem livres. Dois dos seus principais autores, Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga, estavam entre os líderes da Inconfidência Mineira, que pretendia tornar Minas Geria independente de Portugal.

Marília de Dirceu  - Tomaz Antonio Gonzaga 

PARTE I 
Lira I

Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheio gado;
De tosco trato, d’ expressões grosseiro,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal, e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto. 

    Graças, Marília bela, 
   Graças à minha Estrela! 

Eu vi o meu semblante numa fonte, 
Dos anos inda não está cortado: 
Os pastores, que habitam este monte,
Com tal destreza toco a sanfoninha, 
Que inveja até me tem o próprio Alceste: 
Ao som dela concerto a voz celeste; 
Nem canto letra, que não seja minha, 

  Graças, Marília bela, 
  Graças à minha Estrela!

(Marília de Dirceu - Parte I)



Assim, o Arcadismo é a última escola literária brasileira da era colonial. As escolas coloniais são Quinhentismo, Barroco e Arcadismo. Com o fim da era colonial, tem início a era nacional, cuja primeira escola literária é o Romantismo, que surge no nosso país quatorze anos depois da Independência do País.

No Arcadismo brasileiro, os principais autores são Cláudio Manuel da Costa, Basílio da Gama, Santa Rita Durão e Tomás Antônio Gonzaga.

Em Portugal, o Arcadismo surge num momento de transformações na sociedade portuguesa, quando, por exemplo, os jesuítas foram expulsos de Portugal e de suas 
colônias.





Fontes:

brasilescola.uol.com.br
programadeleitura.wordpress.com
todamateria.com
dominiopublico.gov.br
linguagememmovimento.blogspot.com
google.com




sexta-feira, 21 de novembro de 2025

“Would a rose by any other name still smell as sweet”?

Teria a rosa ainda um cheiro doce, se tivesse um outro nome ?


Em Romeu e Julieta (Ato 2, cena 2) Julieta diz:






Tis but thy name that is my enemy;
Thou art thyself, though not a Montague.
What’s Montague? It is nor hand, nor foot,
Nor arm, nor face, nor any other part
Belonging to a man. O, be some other name!
What’s in a name? That which we call a rose
By any other name would smell as sweet;
So Romeo would, were he not Romeo call’d,
Retain that dear perfection which he owes
Without that title. Romeo, doff thy name,
And for that name which is no part of thee
Take all myself.

É apenas o teu nome que me é inimigo;
Tu és tu mesmo, embora não sejas um Montéquio.
O que é um Montéquio? Não é mão, nem pé,
nem braço, nem rosto, nem qualquer outra parte
que pertença a um homem. Oh, tenha outro nome!
O que há num nome? Aquilo a que chamamos rosa,
com qualquer outro nome, teria o mesmo perfume;
assim também Romeu, se não fosse chamado Romeu,
conservaria a querida perfeição que lhe é devida,
sem esse título. Romeu, abandona o teu nome,
e por esse nome que não te pertence,
toma-me a mim mesmo.


Capuletos (família de Julieta) e Montecchios (família de Romeu) se odiavam; mas Julieta se apaixona por Romeu e não por seu nome: “what’s in a name? That which we call a rose by any other word would smell as sweet”, declara Shakespeare. A paixão não vê aparências, mas almas; não vê embalagens, mas corpos; que bastam. Mas a razão é de natureza fria e calculista e se apraz em ver as diferenças. A filologia não confirma o arrebatamento juvenil pelo primeiro namorado: nomes têm pesos e valores, história e densidade, não são atributos acessórios, mas contém as próprias coisas, que são incognoscíveis em si mesmas, sendo só percebidas pelos seus atributos. Nomes surgem freqüentemente de operações analógicas, que podem ser benéficas ou não; extraídos de seus contextos originais podem ganhar sobrevida ou serem irremediavelmente distorcidos, obtendo certa fama que se confunde com uma pretensa validade universal. Retrofit, reciclagem, requalificação, rearquitetura, revitalização são nomes, acessórios para definir um assunto que sequer é novo, e que foi introduzido no vocabulário dos arquitetos modernos e contemporâneos quando passam a lidar com a já então provecta palavra “restauro”; acessórios para entender o cerne do assunto: as muitas e variadas transformações que as arquiteturas podem sofrer, pelo desgaste dos tempos, pelas mudanças dos usos, pelas necessidades sempre cambiantes das sociedades. Acrescentadas ao vocabulário arquitetônico corrente, as muitas palavras começadas por “re” sugerem que as situações por elas expressas sejam de complexa classificação, e as palavras que as nomeiam sejam precisas e ajustadas; ou ao contrário, talvez a variedade indique que todas sirvam, a cada vez e alternadamente; mas embora pareçam semelhantes são diferentes; e embora substancialmente sejam a mesma coisa as nuances podem ser esclarecedoras, se forem exploradas adequadamente, e não de maneira vaga. 


Dante Alighiere em sua obra a Divina Comédia cita as duas famílias, como exemplo de como as desavenças familiares podem arruinar um amor verdadeiro.




Dante utiliza a menção das famílias para ilustrar a situação caótica e as lutas políticas internas na Itália medieval, especificamente em cidades como Florença e Verona. A referência não faz parte de uma narrativa romântica como na peça de Shakespeare, mas sim um lamento sobre as divisões e a falta de paz na região.
A citação exata (em tradução livre) é parte de um apelo de Dante a uma figura:

"Vinde ver os Montecchi e Cappelletti, / Monaldi e Filippeschi, homens sem cuidado! / Estes já tristes, e estes com medo curvados!".


Neste contexto, Dante lamenta as rivalidades que causavam dor e medo nas cidades italianas. Shakespeare, ao escrever Romeu e Julieta séculos depois, inspirou-se nesta e em outras tradições populares italianas já existentes para criar sua famosa tragédia romântica, dando-lhes o brilho eterno que as tornou mundialmente conhecidas.



Fontes:

quora.com
nosweatshakespeare.com
reddit.com
wikipedia.org
google.com
docomomobrasil.com


quinta-feira, 20 de novembro de 2025

 


Os relatos sobre a infância de Zumbi dos Palmares são controversos: a versão mais popular é que, logo após o nascimento no quilombo, em 1655, ele teria sido vendido por portugueses ao padre Antônio Melo.

Mas há quem diga que não é possível provar se ele nasceu no quilombo ou se veio da África. Tampouco há consenso sobre seu nome: poderia ser Zambi, segundo pesquisadores.


Por outro lado, a vida adulta de Zumbi já é mais conhecida. No quilombo, era o homem de confiança do chefe do povoado, Ganga Zumba, e trabalhava como líder do exército de Palmares.



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No final do século 17, Zumbi já liderava sozinho o quilombo. Em 1692, o bandeirante Domingos Jorge Velho reuniu 9 mil homens para atacar o núcleo de resistência à escravidão. Após semanas de luta, os inimigos invadiram Palmares, e Zumbi fugiu.


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No dia 20 de novembro de 1695, o líder Zumbi, do Quilombo dos Palmares, foi morto em uma embosca após ser traído por um companheiro, Antonio Soares. Sua cabeça foi cortada e exposta em praça pública, na cidade de Recife, para servir de exemplo a outros escravos. Cerca de um ano antes de sua morte, no dia 6 de fevereiro de 1694, o aldeamento principal do Quilombo dos Palmares foi destruído pelos homens do bandeirante Domingos Jorge Velho, mas Zumbi conseguiu fugir. Depois de mais de um século (de 1590 a 1694), estava chegando ao fim um dos símbolos da resistência à escravidão. Localizado em um lugar de difícil acesso, no caso, o atual município de União dos Palmares, no interior de Alagoas, o quilombo foi alvo de constantes ameaças de invasão e, ao longo de sua existência, enfrentou numerosas expedições militares enviadas pelo governo para dominá-lo.

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Após várias tentativas de acordo, o governo recorreu a Domingos Jorge Velho, oferecendo-lhe armas, terras e dinheiro pelo resgate dos escravos que haviam fugido. A partir de então teve início o conflito que ficou conhecido como Guerra de Palmares, em que as forças do governo saíram vitoriosas, com a destruição completa do Quilombo em 1695.

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De acordo com os historiadores, no final da Guerra dos Palmares, um membro do exército luso-brasileiro escreveu que viu Zumbi jogar-se do alto de um penhasco para não ser aprisionado; outro afirma que o feriu e matou durante um dos combates; um terceiro garante que depois de morto cortou a sua cabeça e a levou para Recife.


Chegaram a cogitar a ideia de que haveria vários Zumbi em Palmares, ou que o termo Zumbi designasse, por exemplo, um capitão, comandante ou chefe de um quilombo.


Por conta da morte de Zumbi dos Palmares, no dia 20 de novembro é celebrado o dia Institui o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra no Brasil. A lei 12.519, de 10 de novembro de 2011, foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff.


O fato é que infelizmente o Brasil é um país onde parte significativa de sua população é racista! A chaga da escravidão, da exploração do Homem pelo Homem, é uma mancha em nossa História.


Fontes:

wikipedia.org
google.com
seuhistory.com
revistagalileo.globo.com
meuartigo.brasilescola.uol.com.br


quarta-feira, 19 de novembro de 2025

 Uso de Há, A e À


Usamos o Há para indicar tempo passado (faz ou existe)


Exemplos:


Estou te esperando há duas horas.

Há 10 anos que moro em São Paulo.


Alguns têm o hábito de dizer: Há 10 anos atrás. Essa forma indica uma redundância, pois o ver haver já indica om tempo passado.


A - para o tempo futuro.


Exemplo : Vou daqui a dois meses.

A (preposição ou artigo)

Tempo futuro:

Indica um tempo que ainda vai acontecer.


Exemplo: "Chegaremos daqui a cinco minutos" (futuro).

Distância:

Indica a distância entre dois pontos.


Exemplo: "O atirador estava a pouco menos de 12 metros".

Outros usos:
Para expressar o modo ou a ideia de "para", entre outras.


Exemplo: "Ele foi a pé para casa".

Exemplo: "Esta camisa foi lavada a seco".


À ( A com crase) é a elisão do artigo A com a preposição A, portanto somente usada diante de substantivos no feminino, pois o masculino não usa o artigo A e sim o artigo O.

Regra: A crase acontece quando um termo pede a preposição "a" e o termo seguinte admite o artigo feminino "a".


Exemplo: "Fui à feira" (Fui + a + a feira).

Exemplo: "Encaminhou-se à casa de Maria" (Encaminhou + a + a casa).



Dica: Se puder substituir a palavra feminina por uma masculina (ex: ao) e a crase desaparecer, a palavra feminina usa crase.


Fontes:

google.com
todamateria.com.br
portugues.com.br

terça-feira, 18 de novembro de 2025



Hoje vamos falar de outra dúvida da Língua Portuguesa, o uso de s,ss,c,ç. ou z.






Emprega-se o s, nos substantivos que se originaram a partir de verbos terminados em andir, ender, pelir, e verter.


Assim, a palavra suspensão se escreve com s e não ç, porque deriva do verbo suspender, terminado em ender.

Assim como a palavra expulsão se escreve com s e não com ç, porque deriva do verbo expelir, terminado em pelir.


Outros exemplos:


verter - versão
apreender - apreensão
converter - conversão
pretender - pretensão
expandir - expansão
repelir - repulsão


Emprega-se o ss em todos os substantivos que se originaram a partir de verbos terminados em: gredir, metir, ceder e curtir.


Assim a palavra agressão se escreve com ss, porque deriva do verbo agredir, terminado em gredir.
Assim como a palavra sucessão se escreve com ss, porque deriva do verbo suceder, terminado em ceder.


Outros exemplos:
omitir - omissão
demitir - demissão
conceder - concessão
ceder - cessão
repercutir - repercussão

Os substantivos derivados de verbos terminados em ter e torcer, escreve-se com ç.
Assim a palavra detenção se escreve com ç, porque deriva do verbo deter que termina em ter.
Assim como a palavra distorção se escreve com ç, porque deriva do verbo distorcer que termina em torcer.


Outros exemplos:
manter - manutenção
ater - atenção
obter - obtenção
abster - abstenção
contorcer - contorção.

 Em palavras de origem árabe, indígena ou africana, usa-se Ç.
Exemplos: Itauçu, jacaré-açu, açafrão, açaí, açougue, açúcar, açucena, açude, araçá, cachaça, caçula, Iguaçu, miçanga, muçulmano, paçoca, Paiçandu, Paraguaçu."

"Usa-se Ç após ditongos.
Exemplos:

Eleição

Traição

Feição

Traiçoeiro"


O uso do s ou do z


É regra geral que a letra s entre vogais tem o som de z.


Assim as palavras: casar, paralisar, mesa, pisar, paisagem, abuso, etc.
Em todas o s intervocálico tem o som de z


É claro que existem algumas regras para utilização do s e do z.
Vamos a elas:
Em palavras que se originam de outras palavras que já tem o s; como :
casa - casinha, casebre
coisa - coisinha
análise - analisar
liso - alisar.


Nos sufixos ês, esa, quando indicam nacionalidade ou origem.
Assim como : português, portuguesa - indicam nacionalidade, quer dizer que as pessoas nasceram em Portugal.
burguês - burguesa - indicam a origem social, quer dizer que as pessoas vieram da burguesia.


Palavras terminadas em oso, osa, isa, esa, ose, ise, ase, ese, se escrevem com s.
Exemplos: bondoso, maravilhosa, poetisa, princesa, lactose, crise, frase, hipótese.

Na conjugação dos verbos pôr e e querer, assim como seus derivados (compor, requerer, dispor...); usamos o s


pôr - pusesse, pusemos, pusestes...
querer - quiser, quiseram, quisemos...


Escrevemos com s, os verbos terminados em -isar
pisar - piso
pesquisar - pesquisa
analisar - análise
avisar - aviso


Após ditongos, usamos o s (ditongo encontro de vogal a,e,o com semivogal - i, u)
ausência
causa
coisa
pausa


Usamos o z, em palavras que já apresentam o z no radical, como:
cruz - cruzeiro
raiz - enraizar
deslize - deslizar
razão - razoável
vazio - esvaziar
cozinha - cozinhar


Usamos também o z, em substantivos abstratos que se originaram de adjetivos.
Assim nobreza (substantivo abstrato, vem do adjetivo nobre)
pobreza - pobre
avareza - avaro
frieza - frio
rigidez - rigído
surdez - surdo.


Em nomes próprios devemos usar a maneira como foi feito o registro de nascimento da pessoa, embora nomes como ; Teresa, Isabel, Baltasar, Luís, Sousa, Teresinha, normalmente sejam escritos com s, temos também esses mesmos nomes escritos com z, que é a forma como foram registrados.


Palavras escritas tanto com s como z, porém com significados diferentes, são as chamadas palavras homófonas (som igual e grafia e significados diferentes)


Cozer/coser
Minha avó coseu minhas calças (costurar)
Minha mão cozeu as batatas para o jantar (cozinhar).


Maisena/Maizena


Essa receita leva 100 g de maisena (amido de milho)
Em casa só usamos Maizena (marca do amido de milho)

Vaso/Vazo


Eu vaso a água da caixa d`água hoje para limpeza (esvaziar)
Pegue o vazo para colocar essas flores (vazo de plantas)


Outros exemplos:

trás (parte posterior) traz (verbo trazer)
presar(prender) prezar (ter consideração)


SEÇÃO, CESSÃO e SESSÃO:

A palavra seção é oriunda do verbo seccionar, logo significa repartição.

Exemplos:

Vá até a seção de recursos humanos da empresa.

Na seção de higiene pessoal do supermercado, você encontrará escova de dente.

A palavra cessão origina-se do verbo ceder, portanto significa doação.

Exemplo:

A prefeitura acaba de fazer uma cessão de terrenos para famílias carentes.

A palavra sessão significa reunião, um conjunto de pessoas que se agrupam para um fim.

Exemplos:

- Sessão de cinema

- Sessão para votação de um projeto de lei no Congresso Nacional

CAÇAR e CASSAR:

Caçar significa abater um animal ou presa.

Exemplo:

É proibido caçar animais silvestres.

Cassar é a retirada de um mandato de um político.

Exemplo:

O Congresso deve cassar o mandato do deputado."



Fontes:
g1.globo.com/educacao
soportugues.com.br
normaculta.com.br
brasilescola.uol.com.br/gramatica

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Quando usamos a letra M e quando usamos a letra N no final das palavras ?


Normalmente em português  as palavras terminam com a letra M, mas existem palavras que terminam na letra N.





Embora seja habitual o uso da consoante m no final das palavras, existem algumas palavras terminadas em n no português. São maioritariamente palavras paroxítonas acentuadas ou estrangeirismos.



Palavras terminadas em N

abdômen;
albúmen;
ânion;
cânon;
cartoon;
cátion;
cólon;
dólmen;éden;
elétron;
espécimen;
gérmen;
gin;
glúten;
hífen;
hímen; líquen;
nêutron;
plâncton;
pólen;
próton;
sêmen;
van


Portanto, algumas palavras terminam com "n" porque a terminação é etimológica, ou seja, elas foram incorporadas à língua portuguesa por via erudita e não sofreram alterações fonéticas significativas, mantendo o "n" do idioma de origem (como em hífen, hímen, sêmen). 

Essas palavras são consideradas graves e geralmente precisam de acento na terminação, já que são paroxítonas terminadas em "n". 

Etimologia: A razão principal é que a palavra entrou para o português mais tarde, através do latim e grego, sem as mudanças que outras palavras sofreram ao longo do tempo.
Exemplos:

Exemplos comuns incluem abdômen, cólon, glúten, pólen e sêmen.

Acentuação: A maioria dessas palavras é uma paroxítona (a sílaba tônica é a penúltima) e, por isso, recebe acento gráfico quando terminam em "n", como em hífen e abdômen.

Pronúncia: A consoante "n" nessas palavras é pronunciada de forma clara, como em neve ou nada, e não de maneira nasalizada antes de uma vogal ou no final da sílaba.

Em português europeu a situação é diferente.

Neste, essas palavras não têm terminação anasalada.

Não poderiam ser escritas com -m em vez de -n porque isso mudaria a sua pronúncia.

Talvez a razão para começarem a ser escritas assim seja distinta; mas hoje em dia não são uniformizadas para -m por questões fonéticas.

Exemplos:

.fen e .men e .lon mas com.prem e ta.pem e ta.pam e co.mam e a.bri.ram e a.bri.rão IPA: ˈi.fɨn i ˈsɛ.mɨn i ˈkɔ.ɫun mɐʃ ˈkõ.pɾɐ̃j i ˈta.pɐ̃j i ˈta.pɐ̃w i ˈko.mɐ̃w i ɐ.ˈbɾi.ɾɐ̃w i ɐ.bɾi.ˈɾɐ̃w



Fontes:

wikipedia.org
portuguese.stackexchange.com
normaculta.com.br
ciberduvidas.iscte-iul.pt
reddit.com
google.com

Vamos falar hoje de objeto direto e objeto indireto. O objeto direto e o indireto são termos integrantes da oração que completam o se...