quarta-feira, 23 de maio de 2018

Olá, pessoal !


Hoje vamos falar  do romance Caetés de Graciliano Ramos, lançado em 1933.


Capa do Livro




Narrado na primeira pessoa pelo protagonista, João Valério, psicologicamente caracterizado por seu recolhimento interior e sua tendência ao devaneio. Romântico, ele descobre que está caído de amores pela esposa de Adrião, seu patrão na empresa comercial em que trabalha.


A trama se desenrola em Palmeira dos Índios; nesta pequena cidade de Alagoas, gerida por Graciliano entre 1928 e 1930, o adultério é logo descoberto pelo marido, através de uma carta enviada por um remetente anônimo. Deprimido, Adrião toma uma trágica decisão e dá fim à própria vida. João, consumido pelo remorso, abandona sua amada, mas preserva sua posição de sócio da empresa.



Graciliano escolhe o título de seu livro ao realizar uma analogia metafórica entre o nativo caeté consumindo antropofagicamente o Bispo Sardinha, no século XVII, e o lado selvagem de João Valério ao tragar avidamente, no amor, o adversário Adrião. O próprio protagonista, ao fazer uma auto-análise, se vê como um ser dominado pelos instintos.

O leitor, ao percorrer as páginas deste livro, poderá perceber que o autor, nesta sua primeira tentativa literária, realiza, na verdade, uma intencional preparação para as demais obras, como Vidas Secas e Angústia, mais conhecidas e bem-acabadas. Ele é elaborado com menos esmero, mais rapidez e sem o cuidado com que as publicações posteriores serão agraciadas.

Caetés é como um fruto tardio de uma árvore já consumida pelo tempo, neste caso, o movimento naturalista em seus últimos estertores. É possível encontrar, em seu enredo, ingredientes típicos da literatura realista convencional, não só na forma, mas também no conteúdo.

O escritor retrata, em suas páginas, o dia-a-dia da cidade que, por um breve tempo, administrou. As características mais triviais de sua rotina, nada sublimes e heróicas, são representadas nesta história. Graciliano se preocupa em refletir, na sua obra, as interações sociais que se estabelecem no perímetro deste município.



Caetés tem uma riqueza temática que poucos romances brasileiros de seu tempo têm. Note-se, nesse sentido, que a figura de João Valério representa a problematização, em alto grau de complexidade, do ambíguo papel do intelectual naquele momento em que o país passava por fortes transformações. Alguns críticos viram um sinal de grandeza de caráter nas inclinações intelectuais desse medíocre guarda-livros que colabora no jornal editado pelo padre da cidade e que durante cinco anos luta para concluir um romance sobre os índios caetés sem nunca conseguir sair do segundo capítulo.

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Graciliano Ramos



João Valério, o personagem principal, introvertido e fantasioso, apaixona-se por Luisa, mulher de Adrião, dono da firma comercial, onde trabalha. O caso amoroso é denunciado por uma carta anônima, levando o marido traído, ao suicídio. Arrependido, e arrefecidos os sentimentos, João Valério afasta-se de Luisa, continuando, porém como sócio da firma. O título do livro, Caetés, é a aproximação que faz o autor com selvagem caeté, devorando o Bispo Sardinha (1602-1656) numa correspondência simbólica com a antropofagia de João Valério "devorando" Adrião, o rival. João Valério, é ao mesmo tempo, homem e selvagem: "Não ser selvagem! Que sou eu senão um selvagem, ligeiramente polido, com uma tênue camada de verniz por fora? Quatrocentos anos de civilização, outras raças, outros costumes. É eu disse que não sabia o que se passava na alma de um caeté! Provavelmente o que se passa na minha com algumas diferenças."







Fontes:

infoescola.com/caetes
passeiweb.com






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