Olá, pessoal !
Hoje vamos falar da obra de Ariano Suassuna "O Auto da Compadecida"
A peça relembra os autos da Idade Média, que exaltavam o cunho religioso, aliado à literatura de cordel, tão popular no Nordeste Brasileiro.
Conta a história de Chicó e João Grilo, a trama é apresentada por um palhaço.
O episódio do enterro do cachorro é também encontrada no cordel "O dinheiro! de Leandro Gomes de Barros, onde um cachorro deixa uma soma de dinheiro no testamento com a condição que fosse enterrado em latim.
"Morreu o dito cachorro
E o inglês disse então:
Mim enterra esse cachorro
Inda que gaste um milhão.
...Ele antes de morrer
um testamento apromptou
Só quatro contos de réis
para o vigário deixou
Antes do inglês terminar
o vigário suspirou...
que animal inteligente..."
Cordel "O dinheiro"
A gaita que ressuscita defuntos na peça foi inspirada no cordel de Leandro Gomes de Barros, "O cavalo que defecava dinheiro". No cordel, porém o instrumento era uma rabeca.
"O velho que confiava
na rabeca que comprou,
disse: a ela, cale a boca
o mundo agora virou
dou-lhe quatro punhaladas,
já você sabe eu quem sou...
O velho muito ligeiro
foi buscar a rabequinha,
ele tocava e dizia:
acorde minha velhinha,
porém a pobre da velha
nunca mais comeu farinha"
O julgamento final dos personagens, remonta à peça de Gil Vicente, "O auto da barca do Inferno", onde os personagens são julgados por um anjo e o demônio.
Ariano Suassuna se baseia numa peça de sua autoria "O castigo da soberba", onde também existe um julgamento de um grupo de pessoas por Jesus e o cão.
"(Cão) – “Isto era o que faltava:
MANUEL padeceu as dor,
E tu reza e caridade
Nunca fez por seu amor,
Confissão e penitença
Tu toda vida abusou.”
(Jesus) – “Alma, tu bem estás ouvindo
Esta grande acusação,
Eu, até pra defender-te
Não vejo um pé de razão,
Abre a tua consciência,
Faz a tua confissão.”
A peça é de 1955, e o autor mostra um retrato da sociedade da época, com esteriótipos da vida real.
João Grilo, um pobre coitado, que usa de suas habilidades para enganar e levar vantagens para suprir suas necessidades.
Às vezes comparado ao próprio Macunaíma, o herói sem caráter.
Chicó, contador de causos, inventor de histórias, parecido com os próprios autores dos cordéis.
Padre João, mau padre, que se preocupa mais com seus ganhos financeiros que propriamente com a fé.
Bispo, igualmente preocupado em se alinhar aos poderosos, para assim conseguir benefícios próprios.
Padeiro, representante da burguesia, cujo único interesse é amealhar riqueza às custas das exploração de seus empregados.
Mulher do padeiro, infiel, e interesseira, cujo amor é apenas dedicado aos seus animais.
Peça muito importante da dramaturgia brasileira, encenada milhares de vezes, pelos teatros do Brasil, virou filme de muito sucesso, dirigido por Guel Arraes, com roteiro de JOão e Adriana Falcão, tendo nos papéis principais: Matheus Nschtergaele (João Grillo) Selton Melo (Chicó), Rogério Cardoso (Padre João) Lima Duarte (bispo) Denise Fraga (mulher do padeiro) , Diogo Vilela (padeiro) Fernanda Montenegro (Compadecida).
Ariano Suassuna (Cidade da Parahyba, atual João Pessoa, 16 de julho de 1927 - Recife 23 de julho de 2014).
Ocupou a cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras.
Fontes:
wikipedia.org
guiadoestudante.abril.com.br
casaruibarbosa.gov.br
docvirt.com
cordelparaiba.blogspot.com.br
youtube.com
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