Olá, pessoal !
Hoje vamos falar da Batalha de Argel, uma luta sangrenta entre o exército colonialista francês e os rebeldes argelinos na luta pela independência.
A batalha de Argel, iniciada em 7 de janeiro de 1957 foi um marco na guerra da Argélia, desencadeada dois anos antes. Na França crescia a polêmica, que ainda existe, sobre os métodos empregados na luta anti-subversiva.
Os dois principais protagonistas desta guerrilha urbana que se prolongou por nove meses foram os general francês Jacques Massu, comandante da 10ª divisão de pára-quedistas, com plenos poderes na luta contra o terrorismo urbano, e o padeiro da casbá Yacef Saadi, promovido a chefe militar da "rebelião" na região de Argel.
Jacques Massu Yacef Saadi
Para o general Massu se tratava de romper as redes da Frente da Libertação Nacional (FLN, dirigente do movimento de insurreição), que haviam lançado uma vasta campanha de atentados em Argel.
Entre 8.000 e 10.000 "paracas" - chamados de "leopardos" pela cor de seu uniforme de combate - foram mobilizados em Argel, onde organizaram uma rígida vigilância da cidade, realizaram detenções em massa, levaram suspeitos para "centros de seleção" e procederam, às vezes, execuções sumárias.
Um dos chefes do FLN, Larbi Ben M'Hidi, capturado em janeiro de 1957, foi estrangulado durante sua detenção, segundo uma confissão tardia do general Aussares, outro dos principais atores da batalha de Argel.
No final de sua vida, o general Massu também admitiu ter autorizado a tortura para tirar informações dos prisioneiros e assim "evitar outro mal, o assassinato com bombas de inúmeras vítimas inocentes", escreveu mais tarde. Entre os métodos brutais de interrogatórios praticados pelo Exército francês figurava a tortura com eletricidade.
Do outro lado, o objetivo de Yacef Saadi era levar a ação militar do FLN do campo para a cidade de Argel, instaurar a insegurança e a psicose dos atentados, além de converter a capital no epicentro da guerra.
Mediante uma greve de oito dias dos comerciantes da casbá, o FLN queria chamar a atenção internacional e contra-atacar a tese da "Argélia francesa" enquanto começava, nas Nações Unidas, uma reunião crucial sobre a "questão argelina".
Yacef Saadi liderava em Argel uma rede terrorista especializada em colocar as bombas fabricadas por um estudante de medicina, Abderrahman Taleb. Os artefatos artesanais eram transportados por jovens mulheres de aparência ocidental para evitar as revistas corporais dos pára-quedistas.
Entre janeiro e março de 1957 foram cometidos quase 180 atentados em lugares simbólicos, freqüentados pela sociedade européia: bares como Cafétéria, Otomatic e Milk-Bar e a agência central dos correios.
Os primeiros atentados foram cometidos em setembro de 1956 e o último, particularmente mortífero, em 9 de junho de 1957, três meses antes da prisão de Yacef Saadi.
Nos momentos críticos da guerra, o general Massu chegou a submeter-se voluntariamente à tortura elétrica para comprovar sua eficácia.
Os métodos de inteligência contra o terrorismo experimentados nesse breve período serviram como modelo durante a luta contra a subversão em vários países da América Latina durante a década de 70.
Em agosto de 2003, o Pentágono usou a "Batalha de Argel" como um manual para fazer seus oficiais do Estado-Maior entender a guerrilha urbana praticada em Bagdá contra a invasão do Iraque.
O diretor italiano Gillo Pontecorvo imortalizou Massu e Saadi em seu filme "A batalha de Argel", proibido na França em 1966, apesar de ter conquistado o Leão de Ouro na Mostra de Veneza, e censurada de novo em 1971.
Pontecorvo contou com o próprio Yacef Saadi para interpretar a si mesmo num elenco formado por profissionais. Saadi propôs essa idéia ao diretor e, além disso, foi co-produtor do filme (no momento da independência havia criado a Casbah Films, a primeira produtora cinematográfica argelina).
Em 2004, o filme teve finalmente uma reestreia normal na França, depois de uma passagem excepcional pelo Festival de Cannes, quando a Argélia comemorava seus 50 anos de independência.
Batalha de Argel - trailer
Depois de um conflito que durou de 1954 até 1962, o conflito civil pela independência do país, tendo dois principais partidos revolucionários: o FLN (Frente de Libertação Nacional) e o MNA (Movimento Nacional Argelino). Embora ambos quisessem a proclamação de independência da Argélia, havia uma divergência entre os intransigentes da Argélia francesa e os seguidores da política desenvolvida pelo General De Gaullle. De fato surgiram duas guerras, uma contra o domínio francês e outra entre os dois partidos revolucionários argelinos.
Na luta contra as correntes do partido MNA, o FLN venceu e após vários conflitos, a França teve que reconhecer a independência da Argélia em 5 de julho de 1962.
Fontes:
brasilescola.uol.com.br
wikipedia.org
youtube.com
google.com.br
g1.globo.com
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