Vamos falar hoje de uma figura do folclore brasileiro, a Cobra Norato, descrita também no poema modernista de Raul Bopp.
Raul Bopp
A obra de Raul Bopp, poeta gaúcho (1898-1984), viveu muito tempo em São Paulo; onde teve contato com Oswaldo e Mário de Andrade, e do movimento antropofágico que consistia em deglutir a cultura internacional e transformá-la com elementos da cultura nacional dos indígenas e afrodescendentes num amálgama com a cultura brasileira.
O movimento foi iniciado por Oswald de Andrade.
A Obra de Raul Bopp teve influência na lenda da Cobra Honorato ou Norato e sua irmã a Cobra Maria Caninana.
Segundo essa lenda da Amazônia, uma índia grávida da Boiuna (cobra grande ou Sucuri) , deu à luz a duas crianças um menino (Cobra Norato) e uma menina maria Caninana).
Ambos foram criados no rio, Norato era bom, já sua irmã Caninana, era perversa e se divertia virando embarcações a afogando pescadores e banhistas.
Cobra Norato acaba matando a irmã.
Algumas versões dizem que Norato saia do rio à noite e se transforma num bonito rapaz, que ia aos bailes da cidade namorar e se divertir.
Às vezes, ele ia visitar a mãe, e dormia na casa dela.
Nessas horas ele pedia encarecidamente para sua mãe, que fosse até a beira do rio, onde estava seu corpo de cobra, lhe desse um pouco de leite na boca, e cutucasse a sua pele, de modo de tirar um pouco de sangue, segundo ele, se assim agisse, o feitiço acabaria.
Sua mãe, no entanto, nunca teve coragem de enfrentar o desafio.
O pedido foi feito para diversas pessoas, que também não tiveram coragem para quebrar o encanto.
Uma noite no Pará, ele encontrou um soldado valente, que se tomou de brios e conseguiu deitar leite na boca da cobra, e tirar-lhe algumas gotas de sangue.
O feitiço foi desfeito, afinal.
No poema de Raul Bopp, o poeta estrangula a cobra, e entra por suas entranhas, em busca de sua amada a filha da rainha Luzia.
Em suas andanças pelo interior da mata fechada, entre riachos, rios e pântanos, o poeta continua a sua busca.
Para isso ele precisa passar por sete portais, ver sete mulheres brancas de ventre despovoados, guardadas por um jacaré.
Nessa linguagem metafórica Raul Bopp, em seu estudo detalhado da Amazônia, absorveu em lendas, falas regionais, ritos e costumes locais, e utilizou em seu livro, Cobra Norato, publicado em 1931.
Abaixo um trecho do poema de Raul Bopp.
"Mas antes tem que passar por sete portas,
ver sete mulheres brancas de ventres despovoados,
guardadas por um jacaré.
- Eu só procuro a filha da Rainha Luzia.
Tem que entregar a sombra para o bicho do fundo.
Tem que fazer mironga na lua nova.
Tem que beber três gotas de sangue.
- Ah, só se for da filha da Rainha Luzia!
Uma descrição da Floresta Amazônica:
Esta é a floresta de hálito podre
parindo cobras.
Rios magros obrigados a trabalhar
descascam barrancos gosmentos.
Raízes desdentadas mastigam lodo."
O poema pode ser dividido em duas partes, a primeira é a do Brasil urbano e industrial e o segundo ao Brasil interiorano e rural.
O poema traz um desejo do poeta de voltar às origens, as entranhas maternas, quer dizer, voltar ao início de tudo das tradições regionais, da cultura genuinamente nacional.
Fontes:
passeiweb.com/estudos/livros/cobra_norato
vestibular1.com.br/resumos/resumos-de-livros/cobra-norato
vestibulandoweb.com.br/analise_obra/resumo-cobra-norato
wikipedia.org
http://sitededicas.ne10.uol.com.br/folk_cobra_norato
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