sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Olá, pessoal!

Hoje vamos dar início a uma série de postagem sobre a Semana de Arte Moderna de São Paulo, que aconteceu na semana de 11 a 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo.



Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral com amigos

         Pagu, Elsie Lessa, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Eugênia Álvaro Moreyra


A Semana foi idealizada por Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Tarsila do Amaral.

Na postagem de hoje vamos falar do poema "Os Sapos" de Manuel Bandeira, que não participou da Semana de Arte Moderna, mas teve em seu poema de 1918, um ícone dos ideais dos modernistas.

O poema foi declamado no segundo dia da Semana de Arte Moderna, por Ronald de Carvalho, e recebeu muitas vaias da platéia presente, devido ao seu ineditismo, e seu estilo ousado para época. 


Ronald de Carvalho



Os Sapos de Manuel Bandeira

Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os delumbra.
Em ronco que a terra,
Berra o sapo-boi:
— “Meu pai foi à guerra!”
— “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”
O sapo-tanoeiro
Parnasiano aguado,
Diz: — ” Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte!  E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A formas a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas…”
Urra o sapo-boi:
— “Meu pai foi rei” — “Foi!”
— “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”
Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
— “A grande arte é como
Lavor de joalheiro.
Ou bem de estatutário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo.”
Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas:
–“Sei!” — “Não sabe!” — “Sabe!”
Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Verte a sombra imensa;
Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é
Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio…


O poema é uma crítica ao Parnasianismo, que foi um movimento literário que primava pela estética, pelo linguajar erudito, habilidade na elaboração dos versos e das rimas, objetividade, preferência por temas descritivos (paisagens, cenas históricas). Era então, um estilo mais voltado aos mais cultos.

Segundo o escritor, crítico literário e professor Alfredo Bosi, os sapos satirizava a formalidade parnasiana, de versos métricos, e sonetos.
Segundo Oswald de Andrade em seu Manifesto Antropófago, os parnasianos eram uma "máquina de fazer versos"
Os sapos representados no poema como; sapo tanoeiro e sapo boi , era uma forma de satirizar os grandes parnasianos, que davam mais importância à forma do que ao conteúdo.

O conteúdo do poema "os sapos" é metalinguístico, ou seja Bandeira utiliza dos próprios temas parnasianos para criticá-los;                              
                                   Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte!  E nunca rimo
Os termos cognatos"

ou : 
"Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A formas a forma"

As demais estrofes, são classificadas nas falas do sapo-tanoeiro, que exalta as formas requintadas, o sapo-boi que enaltece o passado em contraposição com o presente, e os sapos-pipas que muito falam, mas quase não são ouvidos alem do sapo-cururu, que soluça solitário na beira do rio.

Manuel Bandeira, não quis participar da Semana de Arte Moderna, ele que foi um dos grandes  poetas modernistas brasileiros, nascido no Recife em 19 de abril de 1886 e faleceu no Rio de Janeiro em 13 de Outubro de 1968.
Teve suas origens na poesia parnasiana, deixando o estilo com o passar do tempo.
Autor de livros de poesias como Estrela da Manhã, Cinza das Horas, e Libertinagem entre outros.



Fontes:
Wikipedia.org
http://evidencie-se.blogspot.com.br/
peregrinacultural.wordpress.com
.infoescola.com/literatura/parnasianismo
dicionarioinformal.com.br
Bosi, Alfredo - Historia concisa da literatura brasileira

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