segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Olá, pessoal !


Feliz 2017!

Começamos o ano com um dos clássicos do modernismo brasileiro: "Brás, Bexiga e Barra Funda" de Alcântara Machado.

Antônio de Alcântara Machado, nasceu em São Paulo em 25 de maio de 1901, e morreu no Rio de Janeiro em 14 de Abril de 1935.
Advogado de formação exerceu a função de jornalista chegando a ocupar o cargo de redator chefe no jornal O Comércio.






Uma de suas obras mais conhecida; Brás, Bexiga e Barra Funda, é uma coletânea de contos que fala da imigração italiana e sua influência na formação da cidade de São Paulo.
O livro retrata três bairros paulistanos, Brás, Bexiga e Barra Funda e foi publicado em 1927.





A obra faz parte da primeira parte do Modernismo brasileiro, e é composta de 11 contos, segundo o autor, "noticiais".
Seu texto é semelhante aos textos jornalísticos, como àqueles de notícias de jornal.
São frases curtas e textos densos, sem se alongar a maiores detalhes.
O espaço é estritamente urbano, nele descritos em casas e cortiços tão comuns nas comunidades italianas da cidade de São Paulo.
É narrado em terceira pessoa, a linguagem é popular, com gírias e modo de falar dos orindus.
No texto "A sociedade"  lemos : 
"Tirou o charuto da boca, ficou olhando para a ponta acesa. Deu um balanço no corpo. Decidiu-se. - Ia dimenticando de dizer. O meu filho fará o gerente da sociedade... Sob a minha direção, si capisce. - Sei, sei.."

Outra passagem no conto "Gaetaninho":

"Foi-se chegando devagarinho, devagarinho. Fazendo beicinho. Estudando o terreno. Diante da mãe e do chinelo parou. Balançou o corpo. Recurso de campeão de futebol. Fingiu tomar a direita. Mas deu meia volta instantânea e varou pela esquerda porta adentro.Eta salame de mestre!"  


Os personagens são planos, sem grandes alterações ou surpresas no modo de agirem durante o texto.

No texto "Lisetta"; ele narra uma das maiores paixões brasileiras o futebol, num clássico de maior rivalidade de São Paulo: Palestra da colônia italiana e Corinthians da colônia espanhola.


"CORINTHIANS (2) vs. PALESTRA (1) Prrrrii! -
 Aí, Heitor! A bola foi parar na extrema esquerda.
Melle desembestou com ela. A arquibancada pôs-se em pé. Conteve a respiração. Suspirou: - Aaaah! 
Miquelina cravava as unhas no braço gordo da Iolanda. Em torno do trapézio verde a ânsia de vinte mi1 pessoas. De olhos ávidos. De nervos elétricos. De preto. De branco. De azul. De vermelho. 
Delírio futebolístico no Parque Antártica. Camisas verdes e calções negros corriam, pulavam, chocavam-se, embaralhavam-se, caíam, contorcionavam-se, esfalfavam-se, brigavam. 
Por causa da bola de couro amarelo que não parava, que não parava um minuto, um segundo. Não parava. - Neco! Neco! Parecia um louco. Driblou. Escorregou. Driblou. Correu. Parou. Chutou. - Gooool! Gooool!
Miquelina ficou abobada com o olhar parado. Arquejando. Achando aquilo um desaforo, um absurdo. Aleguá-guá-guá! Aleguá-guá-guá! Hurra! Hurra! Corinthians! Palhetas subiram no ar. 
Com os gritos. Entusiasmos rugiam. Pulavam. Dançavam. E as mãos batendo nas bocas: - Go-o-o-o-o-o-ol!
Miquelina fechou os olhos de ódio. - Corinthians! Corinthians! Tapou os ouvidos. - Já me estou deixando ficar com raiva! A exaltação decresceu como um trovão. - O Rocco é que está garantindo o Palestra. Aí, Rocco! 
Quebra eles sem dó! A Iolanda achou graça. Deu risada. - Você está ficando maluca, Miquelina. Puxa! Que bruta paixão! Era mesmo. 
Gostava do Rocco, pronto. Deu o fora no Biagio (o jovem e esperançoso esportista Biagio Panaiocchi, diligente auxiliar da firma desta praça G. Gasparoni & Filhos e denodado meia-direita do S. C. Corinthians Paulista, campeão do Centenário) só por causa dele. - Juiz ladrão, indecente!
Larga o apito. gatuno!"

Enfim um livro de fácil e agradável leitura, que narra os costumes e hábitos de pessoas que vieram para o Brasil em busca de novas oportunidades, trabalhando duro, e formando nossa sociedade.


Museu do imigrante

A foto acima é do museu do imigrante, antiga estalagem e centro de triagem dos imigrantes que chegavam à São Paulo. Um lugar que recomendo a visita, que apresenta a cultura e a comida de várias nacionalidades.

Fonte:
educarparacrescer.abril.com.br
dominiopublico.gov.br
passeiweb.com
wikipedia.org



Como amante de poesias, esses ano, em algumas postagens estarei publicando poesias.
Afinal como disse o grande Fernando Pessoa: "O poeta é um fingidor, chega a fingir completamente, a dor que ora sente"



Nem sei


A rua por onde passas
onde curvam-se as árvores
não importa o que faças
observo-te mudo
por detrás das vidraças


Por acaso não me notas
serviçal de seus desejos
ou será que tu gostas
de ver o meu pejo!

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