Olá, pessoal !
Feliz 2017!
Começamos o ano com um dos clássicos do modernismo brasileiro: "Brás, Bexiga e Barra Funda" de Alcântara Machado.
Antônio de Alcântara Machado, nasceu em São Paulo em 25 de maio de 1901, e morreu no Rio de Janeiro em 14 de Abril de 1935.
Advogado de formação exerceu a função de jornalista chegando a ocupar o cargo de redator chefe no jornal O Comércio.
Uma de suas obras mais conhecida; Brás, Bexiga e Barra Funda, é uma coletânea de contos que fala da imigração italiana e sua influência na formação da cidade de São Paulo.
O livro retrata três bairros paulistanos, Brás, Bexiga e Barra Funda e foi publicado em 1927.
A obra faz parte da primeira parte do Modernismo brasileiro, e é composta de 11 contos, segundo o autor, "noticiais".
Seu texto é semelhante aos textos jornalísticos, como àqueles de notícias de jornal.
São frases curtas e textos densos, sem se alongar a maiores detalhes.
O espaço é estritamente urbano, nele descritos em casas e cortiços tão comuns nas comunidades italianas da cidade de São Paulo.
É narrado em terceira pessoa, a linguagem é popular, com gírias e modo de falar dos orindus.
No texto "A sociedade" lemos :
"Tirou o charuto da boca, ficou olhando para a ponta acesa. Deu um balanço no corpo. Decidiu-se. - Ia dimenticando de dizer. O meu filho fará o gerente da sociedade... Sob a minha direção, si capisce. - Sei, sei.."
Outra passagem no conto "Gaetaninho":
"Foi-se chegando devagarinho, devagarinho. Fazendo beicinho. Estudando o terreno. Diante da mãe e do chinelo parou. Balançou o corpo. Recurso de campeão de futebol. Fingiu tomar a direita. Mas deu meia volta instantânea e varou pela esquerda porta adentro.Eta salame de mestre!"
Os personagens são planos, sem grandes alterações ou surpresas no modo de agirem durante o texto.
No texto "Lisetta"; ele narra uma das maiores paixões brasileiras o futebol, num clássico de maior rivalidade de São Paulo: Palestra da colônia italiana e Corinthians da colônia espanhola.
"CORINTHIANS (2) vs. PALESTRA (1)
Prrrrii!
-
Aí, Heitor!
A bola foi parar na extrema esquerda.
Melle desembestou com ela.
A arquibancada pôs-se em pé. Conteve a respiração. Suspirou:
- Aaaah!
Miquelina cravava as unhas no braço gordo da Iolanda. Em torno do trapézio verde a ânsia de
vinte mi1 pessoas. De olhos ávidos. De nervos elétricos. De preto. De branco. De azul. De
vermelho.
Delírio futebolístico no Parque Antártica.
Camisas verdes e calções negros corriam, pulavam, chocavam-se, embaralhavam-se, caíam,
contorcionavam-se, esfalfavam-se, brigavam.
Por causa da bola de couro amarelo que não
parava, que não parava um minuto, um segundo. Não parava.
- Neco! Neco!
Parecia um louco. Driblou. Escorregou. Driblou. Correu. Parou. Chutou.
- Gooool! Gooool!
Miquelina ficou abobada com o olhar parado. Arquejando. Achando aquilo um desaforo, um
absurdo.
Aleguá-guá-guá! Aleguá-guá-guá! Hurra! Hurra! Corinthians!
Palhetas subiram no ar.
Com os gritos. Entusiasmos rugiam. Pulavam. Dançavam. E as mãos
batendo nas bocas:
- Go-o-o-o-o-o-ol!
Miquelina fechou os olhos de ódio.
- Corinthians! Corinthians!
Tapou os ouvidos.
- Já me estou deixando ficar com raiva!
A exaltação decresceu como um trovão.
- O Rocco é que está garantindo o Palestra. Aí, Rocco!
Quebra eles sem dó!
A Iolanda achou graça. Deu risada.
- Você está ficando maluca, Miquelina. Puxa! Que bruta paixão!
Era mesmo.
Gostava do Rocco, pronto. Deu o fora no Biagio (o jovem e esperançoso esportista
Biagio Panaiocchi, diligente auxiliar da firma desta praça G. Gasparoni & Filhos e denodado
meia-direita do S. C. Corinthians Paulista, campeão do Centenário) só por causa dele.
- Juiz ladrão, indecente!
Larga o apito. gatuno!"
Enfim um livro de fácil e agradável leitura, que narra os costumes e hábitos de pessoas que vieram para o Brasil em busca de novas oportunidades, trabalhando duro, e formando nossa sociedade.
Museu do imigrante
A foto acima é do museu do imigrante, antiga estalagem e centro de triagem dos imigrantes que chegavam à São Paulo. Um lugar que recomendo a visita, que apresenta a cultura e a comida de várias nacionalidades.
Fonte:
educarparacrescer.abril.com.br
dominiopublico.gov.br
passeiweb.com
wikipedia.org
Como amante de poesias, esses ano, em algumas postagens estarei publicando poesias.
Afinal como disse o grande Fernando Pessoa: "O poeta é um fingidor, chega a fingir completamente, a dor que ora sente"
Nem sei
A rua por onde passas
onde curvam-se as árvores
não importa o que faças
observo-te mudo
por detrás das vidraças
Por acaso não me notas
serviçal de seus desejos
ou será que tu gostas
de ver o meu pejo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário