Vamos falar dos estilos literários:
Os estilos literários, também conhecidos como escolas literárias ou movimentos literários, são conjuntos de características estéticas e ideológicas que definem um período ou movimento na história da literatura. Esses estilos moldam a forma como os escritores escrevem, influenciando temas, linguagem, estilo e conteúdo das obras literárias.
Principais estilos literários:
Trovadorismo:
Movimento que surgiu na Idade Média, caracterizado por poemas amorosos e cavalheirescos, com uso de linguagem mais formal e temática religiosa.
Humanismo:
Um movimento de transição entre a Idade Média e o Renascimento, que valorizava o ser humano e a cultura clássica, buscando uma abordagem mais racional e humana.
Classicismo:
Movimento do Renascimento que buscava imitar os clássicos gregos e romanos, valorizando a ordem, o equilíbrio e a harmonia nas obras literárias.
Quinhentismo:
Período de transição entre o Renascimento e o Barroco, que se caracteriza pela busca por um estilo mais natural e pela valorização da cultura local.
Barroco:
Movimento que se caracteriza por uma linguagem mais rebuscada, rica em metáforas e contradições, com temas como a impermanência da vida e a fragilidade humana.
Arcadismo:
Movimento que buscava uma volta ao estilo clássico, valorizando a natureza, a vida rural e a simplicidade, em oposição à complexidade do Barroco.
Romantismo:
Movimento que se caracteriza pela valorização dos sentimentos, da emoção e da subjetividade, com temas como o amor, a natureza e o nacionalismo.
Realismo:
Movimento que se caracteriza pela busca por uma representação mais fiel da realidade, com personagens e situações do cotidiano, e pela valorização da análise social e psicológica.
Naturalismo:
Um ramo do Realismo, que se caracteriza por uma abordagem mais científica e determinista da realidade, com personagens que são vítimas de suas condições sociais e ambientais.
Parnasianismo:
Movimento que se caracteriza pela busca pela perfeição formal, com o uso de versos medidos, rimas e métrica clássicas, valorizando a forma e o lirismo.
Simbolismo:
Movimento que se caracteriza pela valorização da atmosfera, da sugestão e da linguagem poética, com temas como a natureza, o sonho e o mistério.
Pré-Modernismo:
Período de transição entre o Simbolismo e o Modernismo, que se caracteriza pela busca por novas formas de expressão e pela valorização da linguagem coloquial.
Modernismo:
Movimento que se caracteriza pela ruptura com as formas tradicionais, pela valorização da linguagem coloquial, da experimentação e da crítica social.
Tendências Contemporâneas (Pós-Modernismo):
Período que se caracteriza pela pluralidade de estilos, pela ironia, pela desconstrução e pela valorização da fragmentação.
Importância dos estilos literários:
Os estilos literários são importantes para:
Compreender a história da literatura:
Ao estudar os estilos literários, é possível entender como a literatura evoluiu e como as diferentes épocas e movimentos influenciaram a forma como os escritores escrevem.
Analisar obras literárias:
Ao conhecer as características de um determinado estilo, é possível analisar e interpretar as obras literárias de forma mais aprofundada.
Aprimorar a escrita:
Ao estudar os estilos literários, é possível aprender com as diferentes técnicas de escrita e aprimorar a própria escrita, seja para fins artísticos, seja para fins acadêmicos ou profissionais.
Vamos começar hoje com o Trovadorismo:
A palavra "trovadorismo" deriva de "trovador", que era o nome dado aos compositores e cantores de cantigas na Idade Média. O "trovador" era quem criava e interpretava versos e composições poéticas, especialmente cantigas. O termo "trovadorismo" surgiu para identificar o movimento literário que valorizava essa arte e essas composições.
O trovadorismo é um movimento literário marcado pela produção de cantigas líricas (focadas em sentimentos e emoções) e cantigas satíricas (com críticas diretas ou indiretas).
Considerado o primeiro movimento literário europeu, ele reuniu registros escritos da primeira época da literatura medieval entre os séculos XI e XIV.
Esse movimento, que ocorreu somente na Europa, teve como principal característica a aproximação da música e da poesia.
Nessa época, as poesias eram feitas para serem cantadas ao som de instrumentos musicais. Geralmente, eram acompanhadas por flauta, viola, alaúde, e daí o nome “cantigas”.
O autor das cantigas era chamado de trovador, enquanto o jogral as declamava e o menestrel, além de recitar, também tocava os instrumentos. Por isso, o menestrel era considerado superior ao jogral por ter mais instrução e habilidade artística, pois sabia tocar e cantar.
Todos os manuscritos das cantigas trovadorescas encontradas estão reunidas em documentos chamados de “cancioneiros”.
Em Portugal, esse movimento teve como marco inicial a Cantiga da Ribeirinha (ou Cantiga de Guarvaia). Essa cantiga foi escrita pelo trovador Paio Soares de Taveirós, em 1189 (ou 1198, pois não se sabe ao certo o ano em que ela foi produzida).
Escrita em galego-português (língua que se falava na época), a Cantiga da Ribeirinha (ou Cantiga de Guarvaia) é o registro mais antigo que se tem da produção literária desse momento em Portugal.
Confira abaixo um trecho dessa cantiga:
No mundo non me sei parelha,
mentre me for' como me vai,
ca ja moiro por vós - e ai!
mia senhor branca e vermelha,
Queredes que vos retraia
quando vos eu vi em saia!
Mao dia me levantei,
que vos enton non vi fea!
Embora o trovadorismo tenha surgido na região da Provença (sul da França), ele se espalhou por outros países da Europa. Como os trovadores provençais eram considerados os melhores da época, o seu estilo foi imitado em toda a parte.
O trovadorismo teve seu declínio no século XIV, quando começou outro movimento da segunda época medieval portuguesa: o Humanismo.
Características do trovadorismo:
União da música e da poesia;
Recitação de poemas com acompanhamento musical;
Produção de cantigas líricas (que evidencia os sentimentos, emoções e percepções do autor) e satíricas (cujo objetivo é criticar ou ridicularizar algo, ou alguém);
Principais temas explorados: amor, sofrimento, amizade e críticas política e social.
"As cantigas dividem-se em dois tipos: lírico e satírico.
Cantigas líricas
Cantigas líricas são as de temática amorosa, e possuem dois tipos: cantigas de amor e cantigas de amigo.
Cantigas de amor
Gênese da poesia amorosa que surgiria nos séculos seguintes, a cantiga de amor é cantada em 1ª pessoa. Nela, o trovador declara seu amor por uma dama, geralmente acometido pela coita, a dor amorosa diante da indiferença da amada.
A confissão amorosa é direta, e o trovador comumente dirige-se à dama como “mia senhor” ou “mia senhor fremosa” (“minha senhora” ou “minha formosa senhora”), em analogia às relações de senhorio e vassalagem medievais. O apaixonado é, portanto, servo e vassalo da amada e enuncia seu amor com insistência e intensidade.
Mesura seria, senhor,
de vos amercear de mi,
que vós em grave dia vi,
e em mui grave voss’amor,
tam grave que nom hei poder
d’aquesta coita mais sofrer
de que muit’há fui sofredor.
Pero sabe Nostro Senhor
que nunca vo-l’eu mereci,
mais sabe bem que vós servi,
des que vos vi, sempr’o melhor
que nunca pudi fazer;
por em querede-vos doer
de mim, coitado pecador.
[...]
(D. Dinis, em Cantigas de D. Dinis, B 521b, V 124)
Nessa cantiga, o trovador espera que a dama tenha a cortesia de sentir compaixão por ele. Sofrendo, diz que foi infeliz o dia em que a conheceu e mais infeliz ainda o amor que por ela sentiu, tão difícil que não pode mais sofrer da coita, pois que há muito é sofredor. Sabe Deus que ele nunca mereceu esse sofrimento, sabe Deus que ele sempre ofereceu à dama o seu melhor e diz que ela é que quer vê-lo padecer, coitado pecador.
Cantigas de amigo
Embora compostas por trovadores homens, representam sempre uma voz feminina. É a dama quem vai expor seus sentimentos, sempre de maneira discreta, pois, para o contexto provençal, o valor mais importante de uma mulher é a discrição. A donzela dirige-se por vezes à sua mãe, a uma irmã ou amiga, ou ainda a um pastor ou alguém que encontre pelo caminho. Existem sete categorias de cantigas de amigo:
- as albas, que cantam o nascer do Sol;
- as bailias, que cantam a arte da dança;
- as barcarolas, de temática marítima;
- as pastoreias, de temática bucólica;
- as romarias, de celebração religiosa;
- as serenas, que cantam o pôr do Sol;
- as de pura soledade, que não se enquadram em nenhum dos temas anteriores.
Oy eu, coytada, como vivo em gran cuydado
por meu amigo que ey alongado!
Muito me tarda
o meu amigo na Guarda
Oy eu, coytada, como vivo em gran desejo
por meu amigo que tarda e non vejo!
Muyto me tarda
o meu amigo na Guarda
(D. Sancho I ou Alfonso X [autoria duvidosa], Cancioneiro da Biblioteca Nacional, B 456)
Nessa cantiga, verifica-se que a donzela também sofre as penosas dores do amor, da distância entre ela e o amado, oficial da guarda, que há muito não vê. Percebemos, entretanto, que o discurso amoroso é mais sutil, não é dirigido diretamente ao rapaz; trata-se de um lamento de saudade.
Cantigas satíricas
Destinam-se a ironizar ou difamar determinada pessoa. Existem dois tipos de cantigas satíricas: as de escárnio e as de maldizer.
Cantigas de escárnio
São mais irônicas e trabalham sobretudo com trocadilhos e palavras de duplo sentido, sem mencionar diretamente nomes. São críticas indiretas: é um “mal dizer” de maneira encoberta, insinuada.
Ai dona fea, fostes-vos queixar
que vos nunca louv'en[o] meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei todavia;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, se Deus mi perdom,
pois havedes [a]tam gram coraçom
que vos eu loe, em esta razom
vos quero já loar todavia;
e vedes qual será a loaçom:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
em meu trobar, pero muito trobei;
mais ora já um bom cantar farei
em que vos loarei todavia;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!
(João Garcia de Gilhade, Cancioneiro da Biblioteca Nacional, B 1485 V 1097)
Nessa cantiga de escárnio, o trovador responde a uma dama que se teria queixado de nunca ter recebido dele nenhuma trova. Irônico, ele diz que fará, então, uma cantiga para louvá-la, chamando-a “dona feia, velha e louca [sandia]”.
Cantigas de maldizer
São aquelas em que os trovadores apontam direta e nominalmente o alvo de suas sátiras, de forma propositalmente ofensiva e fazendo uso de vocabulário grosseiro.
Da mulher vossa, ó meu Pero Rodrigues
Jamais creiais no mal que falam dela.
Pois bem sei eu que ela por vós mui zela,
Quem não vos quer vos traz somente intrigas!
Pois quando deitou ela em minha cama,
A mim mui bem de ti ela falava,
Se a mim deu o corpo, é a vós quem ela ama.
(Martim Soares, versão de Rodrigues Lapa, em Crestomatia arcaica)"
Fontes:
wikipedia.org
google.com
todamateria.com.br
brasilescola.uol.com.br
educacao.uol.com.br
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