quinta-feira, 29 de maio de 2025


Entradas e Bandeiras:




As "entradas" e "bandeiras" foram expedições organizadas para explorar o interior do Brasil, com objetivos distintos. As "entradas" eram expedições oficiais, organizadas pelo governo português, com foco em abrir caminhos e estabelecer postos de defesa no interior. As "bandeiras", por outro lado, eram expedições privadas, organizadas e financiadas por particulares, principalmente paulistas, com foco na captura de indígenas e na busca por metais preciosos.





A principal diferença está na sua origem e objetivos. As entradas eram expedições oficiais, enquanto as bandeiras eram expedições privadas. A principal motivação das entradas era a expansão territorial e o controle do interior, enquanto a principal motivação das bandeiras era o lucro e a exploração de recursos naturais.






A pobreza da capitania de São Vicente (atual Estado de São Paulo) devido à decadência dos canaviais durante o Período Colonial estimulou a organização de expedições pelo interior do Brasil conhecidas como bandeiras e entradas. Os bandeirantes - os homens que participavam das bandeiras e entradas - eram principalmente paulistas, que, entre os séculos XVI e XVII atuaram na captura de escravos fugitivos, destruição de quilombos, aprisionamento de indígenas, mapeamento de territórios e na procura de pedras e metais preciosos.



Apesar do romantismo e heroísmo apresentado pela história brasileira, a realidade vivenciada pelos bandeirantes era precária. Andavam descalços, as roupas em farrapos, e era comum sofrerem de fome, doenças e ataques de animas selvagens e índios hostis. Essa dureza das expedições tornava os bandeirantes homens extremamente violentos, ambiciosos e rudes, características muito utilizadas para a escravização de índios e combate aos quilombos. Por exemplo, o Quilombo de Palmares foi destruído pela Entrada com mais de seis mil homens comandada por Domingos Jorge Velho.

Destruição do Quilombo dos Palmares




As expedições de bandeirantes organizadas por particulares eram conhecidas como Bandeiras. As organizadas pelo governo eram conhecidas como Entradas. Tinham geralmente como ponto de partida as cidades de São Vicente e São Paulo. Caminhavam seguindo o curso dos rios, criando trilhas e muitas vezes seus pontos de apoio se transformaram posteriormente em cidades. Quando era possível, utilizavam a navegação das bacias hidrográficas. Lembrando que o interior do Brasil no Período Colonial era formado na sua maior parte por florestas densas e úmidas, inexploradas e conhecidas apenas pelos índios.


Durante o período em que a União Ibérica invalidou as delimitações impostas pelo Tratado de Tordesilhas, o bandeirantismo intensificou suas atividades alcançando regiões cada vez mais distantes. As explorações dos bandeirantes delimitaram o território brasileiro que conhecemos hoje. Inclusive da Amazônia, devido à procura das drogas do sertão.
Como o objetivo principal dos bandeirantes era a captura de indígenas para a escravidão, eles descobriram que o ataque às missões jesuíticas eram uma rentável alternativa, em que poderiam obter índios acostumados a uma rotina de trabalhos braçais. Com isso, jesuítas e bandeirantes entraram em conflito diversas vezes.


Graças as essas expedições, as primeiras regiões ricas em ouro foram descobertas no final do século XVII. Em 1695, aconteceu a primeira descoberta de ouro nas proximidades do Rio das Velhas, local onde hoje estão as cidades mineiras de Caeté e Sabará. Pouco tempo depois, outras regiões próximas formaram um dos maiores centros de exploração de ouro no Brasil.


Borba Gato - descoberta do ouro



A descoberta do ouro em pouco tempo estimulou as autoridades portuguesas a terem mais controle sobre a colônia e elas entraram em conflito com os colonos paulistas pelo monopólio sobre a mineração: a Guerra dos Emboabas. Ao longo do século XVIII, a exploração do ouro representou a principal fonte de renda de Portugal. Outras entradas e bandeiras foram responsáveis pela descoberta de ouro e pedras preciosas nas regiões de Mato Grosso e Goiás.

Borba Gato foi reconhecido por ter dado origem ao ciclo do ouro no Brasil. Naquele período, um dos pontos defendidos pelos bandeirantes era a livre busca por metais e pedras preciosas, tanto que ele também participou da expedição com Fernão Dias, em busca de esmeraldas. Segundo o historiador Cleomar Lima, naquela época, a Coroa Portuguesa buscava uma alternativa para a crise e as dívidas que se acumulavam. Neste período, a economia não tinha uma exportação forte e era voltada ao comércio local, como feijão e mandioca.

“No final do século XVII começaram os rumores de que ele havia encontrado ouro no interior de São Paulo, naquela época não existia Minas Gerais. O governo português vivia uma crise muito séria, eram dívidas e mais dívidas. Eles queriam que tivesse uma nova atividade econômica que viesse suprir a necessidade do absolutismo português. Realmente, Borba Gato foi quem descobriu o ouro no Brasil”, explicou.

Antes de divulgar o conhecimento das minas de ouro, Borba Gato foi confrontado por Rodrigo de Castelo Branco, funcionário da Coroa Portuguesa. Naquele momento, após um desentendimento, o bandeirante assassina Castelo Branco e passa a viver em fuga. Após anistia, passou a ser funcionário do governo português.

Para fugir da justiça, da punição, Borba Gato foge para a região central de Minas Gerais e passou a viver escondido, cerca de 15 anos, em uma aldeia de índios, sem uma viva alma branca. Foi nessa época que ele descobriu o ouro, as minas de ouro. Veio um outro intendente, um corrupto, que acaba perdoando o Borba Gato, que virou funcionário do governo português, posteriormente”, destacou o historiador.


Borba Gato





A partir de então, o bandeirantismo inaugurou uma nova etapa nas relações econômicas na colônia. Com a intensificação do controle das autoridades portuguesas e as reformas promovidas pelo Marquês de Pombal, o bandeirantismo acabou perdendo sua importância. Contudo, no período em que se consolidou como atividade econômica, a ação dos bandeirantes foi de grande importância para a ampliação dos territórios e a diversificação das atividades comerciais.

Os principais bandeirantes foram Fernão Dias Pais, Manuel Borba Gato, Bartolomeu Bueno da Veiga (Anhanguera), Domingos Jorge Velho, Antônio Raposo Tavares, Nicolau Barreto e Manuel Preto. Muitos deles aclamados como heróis pelo governo paulista. Heróis ou vilões? Talvez sejam ambos.

Na verdade, suas ações visavam unicamente o lucro e as riquezas. Nada foi feito por altruísmo ou desejo de delimitar ou aumentar as fronteiras do Brasil.



Fontes:

wikipedia.org
google.com
em.com.br
agenciacenarium.com.br

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