terça-feira, 6 de maio de 2025

Eça de Queirós




Durante sua estadia em Londres, Inglaterra, onde trabalhou para o serviço consular em Newcastle e Bristol, entre 1874 e Abril de 1879 e até 1888, respectivamente. Eça critica os acontecimentos contemporâneos, sejam eles os referentes a Portugal mas também os estrangeiros, revelando o seu lado de analista político e de ensaísta.
 
"Cartas de Inglaterra", de Eça de Queirós, é uma obra singular que mistura crítica social e crônica de viagem, escrita em forma de letras dirigidas a um amigo em Lisboa. Publicadas originalmente em 1901, essas cartas são um retrato vívido da sociedade inglesa da época, explorando as diferenças culturais e as nuances da vida cotidiana. 

No capítulo 1 - Afeganistão e Irlanda, ele trata das conquistas do Império Britânico, tratando das diferenças sociais de forma bem humorada; ao mesmo tempo que faz uma análise crítica das conquistas do Império Britânico, e a tentativa de impor seus hábitos e costumes ao povo de suas colônias.


Afeganistão


Foi assim em 1847, é assim em 1880. Então os restos debandados do exercito refugiam-se n'alguma das cidades da fronteira, que ora é Ghasnat ora Candahar: os afghans correm, põem o cerco, cerco lento, cerco de vagares orientaes: o general sitiado, que n'essas guerras asiaticas póde sempre communicar, telegrapha para o viso-rei da India, reclamando com furor reforços, chá e assucar! (Isto é textual; foi o general Roberts que soltou ha dias este grito de gulodice britannica; o inglez, sem chá, bate-se frouxamente.) Então o governo da India, gastando milhões de libras, como quem gasta agua, manda a toda a pressa fardos disformes de chá reparador, brancas collinas de assucar, e dez ou quinze mil homens. De Inglaterra partem esses negros e monstruosos transportes de guerra, arcas de Noé a vapor, levando acampamentos, rebanhos de cavallos, parques de artilharia, toda uma invasão temerosa... Foi assim em 1847, assim é em 1880.

No capítulo 2 ou carta 2; Eça fala sobre, segundo ele, a melhor época do ano em Londres, os meses de setembro e outubro, o outono; onde as pessoas se recolhem em congressos, leituras e afazeres domésticos.


Acerca de livros

Estamos, com effeito, em plena Book-Season, a estação dos livros.

Estes dous mezes, setembro e outubro (e elles merecem-no porque como côr, luz, repouso, são os mais simpathicos do anno) têm accumulado em si as mais interessantes seasons, as estações mais fecundas da vida ingleza.

A London-Season, a celebre estação de Londres, quando a Aristocracia, maior e menor, os dez mil de cima, como se dizia antigamente, o folhado, como se diz agora, recolhe dos parques e palacios do campo aos seus palacetes e jardinetes de Londres—passa-se em abril, junho e julho, verdade seja. Mas essa é uma vã e ôca estação de trapos, de luvas de vinte botões, de lacaios, de champagne, de batota e de cotillon. Emquanto que as outras!...

Olhem-me para estas sabias, uteis, viris, solemnes seasons, que abundam n'estes dourados mezes de setembro e outubro. Isto sim! Aqui temos, por exemplo, a Congress-Season, a estação dos congressos.

No capítulo 3 ele aborda o Inverno em Londres:


Eis ahi o inverno. Já todos os dias o encontro, e, agora mesmo, lhe ouço fóra, na rua, sob a nevoa tristonha d'esse fim d'outubro, a voz dolente e vaga: não é o velho semi-deus de attributos mythologicos, com a barba em flocos de neve sobre o manto branco de neve, soprando nos dedos, e o classico feixe de lenha a tiracollo: é um rapagão enfarruscado, de casquete e chicote em punho, que vae conduzindo uma carroça negra com um forte percheron aos varaes, pelo macadam já endurecido da geada, e soltando de porta em porta, o seu pregão melancholico: Coals! coals! (carvão! carvão!)

E assim ele descrevendo o Natal, a Literatura de Natal, o Israelismo, e assim segue o autor até que no capítulo X ele fala da relação do Brasil com Portugal.

Ele fala sobre um texto do jornal londrino Times sobre o Brasil:

O Times prossegue: «Ainda que independente, o Brazil ficou portuguez de nacionalidade e semi-europeu de espirito. Pelo simples facto de se sentir portuguez, o povo brazileiro teve, e conserva, o instincto do grande dever que lhe incumbe: tirar o partido mais nobre da sua nobre herança... Sejam quaes tenham sido os erros de Portugal, não se póde dizer que se tenha jámais contentado com o mero numero das suas possessões, sem curar de lhes extrahir os proventos...» O Times aqui dormita, como o secular Homero.

Como dito, as cartas de Inglaterra formam parte da correspondência do autor durante sua estadia em Londres. Nelas Eça de Queirós traça uma análise crítica, não só da Inglaterra, como também de Portugal, escrevendo sobre seus costumes, sobre o povo e suas características sociais e política.



Fontes:

wikipedia.org
google.com
gutemberg.org
Cartas-Inglaterra-Eça de Queiros-ebook
falcaodejade.blogspot.com
wook.pt

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