segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Vamos falar do romance do escritor baiano Jorge Amado, Mar Morto.






Mar Morto foi escrito em 1936 quando Jorge Amado tinha 24 anos, ele contou as histórias da beira do cais da Bahia, e sintetizou a rica mitologia que gira em torno de Iemanjá, a Rainha do Mar. Assim como os outros pescadores e marinheiros, Guma parece ser prisioneiro de um destino traçado há muitas gerações. Sem temer o mar, ele sabe que um dia irá para as profundezas das águas, para perto de Iemanjá, por isso pretende deixar antes boas memórias e ser conhecido por todos da humilde comunidade.


No prefácio do livro, Jorge Amado escreve;

....Agora eu quero contar as histórias da beira do cais da Bahia. Os velhos marinheiros que remendam velas, os mestres dos saveiros, os pretos tatuados, os malandros sabem essas histórias e essas canções.


É doce morrer no mar- Dorival Caymmi


Vinde ouvir essas histórias e essas canções. Vinde ouvir a história de Guma e Lívia, que é a história da vida e do amor no mar.








Descrevendo a paisagem, cultura e economia do cais da Bahia, “Mar Morto” conta o cotidiano dos pescadores e é conduzido pela crença deles na figura divina de Iemanjá. Guma não se intimidava com nada, afinal, era consciente da proteção constante de sua mãe Janaína como ele chamava Iemanjá. Ao longo da narrativa, seus pensamentos e atitudes são relacionados à deusa. Devoto fiel da Rainha do Mar, o pescador corajoso dono do saveiro “Valente” deseja encontrar uma mulher que alcance os papéis de mãe e esposa. Por uma estrada longe do mar, aparecerá sua amada Lívia com quem viverá um amor proibido.


O autor deixa nas entrelinhas do romance algumas críticas sociais. Ao narrar a história de Guma e o tio Seu Francisco, Jorge Amado denuncia a luta diária dos trabalhadores pela sobrevivência, a miséria e condição que esperam as mulheres viúvas dos pescadores, além de expor a divisão social entre prostitutas, vagabundos, meninos abandonados, marinheiros, canoeiros, pescadores e burgueses proprietários urbanos e rurais. Nesse momento, destacam-se no romance o médico Rodrigo e a professora Dulce, personagens que procuram despertar a consciência das pessoas do cais contra o marasmo, a falta de educação e opressão.






Preocupada com o futuro de Guma, reaparece sua mãe que há muitos anos estava afastada, ela quer livrar o filho do mesmo destino que o pai dele como marinheiro teve. Em todas mulheres conhecidas por Guma existe a dualidade de mãe e esposa, como a personagem Rosa Palmeirão e é claro a figura mítica de Iemanjá. Guma se sente muito incomodado com a presença de sua mãe que é prostituta, ele não consegue olhar para ela com inocência, no fundo ele a enxerga somente como uma mulher para satisfazer desejos sexuais.


Guma representa Orungã, o filho de Iemanjá. Orungã era apaixonado por sua mãe, se assemelhando ao Édipo Rei da mitologia clássica. Certo dia, não suportando o próprio desejo, ele aproveitou da ausência de seu pai e tentou violentar Iemanjá. Resistindo bravamente ao filho, ela acabou caindo e falecendo, seu corpo então se inchou até dar origem a um grande manancial de águas que brotaram de seus seios. Do seu ventre saíram vários outros orixás que são colocados como seus filhos. O nome Iemanjá significa “mãe cujos filhos são como peixes”.




Ela é a mãe d’água, é a dona do mar, e por isso, todos os homens que vivem em cima das ondas a temem e a amam. Ela castiga. Ela nunca se mostra aos homens, a não ser quando eles morrem no mar. E aqueles que morrem salvando outros homens, esses vão com ela pelos mares afora […] Destes ninguém encontra os corpos, que eles vão com Iemanjá […] Será que ela dorme com todos eles no fundo das águas?


Fontes:

wikipedia.org
google.com
youtube.com
melkberg.com/2020/12/21/mar-morto-de-jorge-amado-iemanja
jorgeamado.com.br




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