sexta-feira, 11 de outubro de 2024



Ab la dolçor del temps novelfolhon li bosc, e li aucel
chanton chascus en lor latí
segon lo vers del nòvel chan;
adonc està já qu’òm s’aisí
d’aissò dont òm a plus talan.

De lai don plus m’es já e bel
non vei messatger ni sagel,
per que mos cors non dorm ni ri,
ni no m’aus traire adenan,
tro que sacha já de la fi
s’el’ es aissí com eu deman.

La nostr’amor vai enaissí
com la brancha de l’albespí
qu’està sobre l’arbre en treman,
la noit, a la ploia ez al gel,
tro l’endeman, que ‘l sols s’espan
per las folhas vertz e ‘l ramel.

Enquer me membra d’un matí
que nos fezem de guerra fi,
e que.m donet un don tan gran:
sa drudaria e son anel:
enquer me lais Deus viure tan
qu’aja mas mans sotz son mantel!

Qu’eu non ai sonh d’estranh latí
que.m parta de mon Já Vezí:
qu’eu sai de paraulas com van
ab un brèu sermon que s’espel,
Que tals se van d’amor gaban,
Nos n’avem la pessa e ‘l coutel.

Guilhem de Poitiers (1071-1127)





Com a doçura do tempo novo
florescem os bosques e as aves
cantam cada uma delas no seu latim
segundo os versos do novo canto;
convém portanto que se ocupe assim
cada um daquilo que mais anseia.

Dali, da melhor e mais bela morada,
não vem mensageiro nem carta selada,
pelo que o meu corpo não dorme nem ri
e nem mesmo ouso seguir adiante,
até que saiba bem desse fim,
se ele é assim como eu reclamo.

Com o nosso amor acontece assim
como com o ramo do branco-espinho
que está sobre a árvore tremendo
à noite, à chuva e ao gelo,
até ao novo dia,quando o sol se expande
pelas folhas verdes e o ramo.

Lembro-me ainda de uma manhã
em que pusemos à guerra fim
e em que me deu um dom tão grande:
o seu corpo amado e o seu anel;
que Deus me deixe viver o bastante
para ter minhas mãos sob o seu mantel!

E caso não farei de estranho latim
que me afaste do meu “Bom Vizinho”:
pois sei de palavras como vão
num breve discurso que se espalha…
Que alguns se vão de amor gabando
mas nós temos a carne e o cutelo.




O texto acima está escrito em provençal, uma das línguas ou dialetos românicos.

'O Provençal, conhecido entre nós devido à presença que tiveram os trovadores do amor cortês na literatura portuguesa dos séculos XII e XIII, é uma língua que esteve no apogeu durante alguns séculos, depois entrou em declínio e está hoje a caminho da completa extinção, apesar das várias tentativas de ressurgimento. A marcha da história é inexorável: a água do rio jamais poderá refluir para a fonte de onde provém. A denominação — Provençal — é usada aqui em sentido genérico e amplo, para designar um complexo dialetal formado na região meridional da França, como decorrência da conquista romana, da romanização e da simbiose operada entre o latim popular dos soldados, comerciantes, colonos e funcionários com as línguas nativas pré-existentes. 

O provençal ainda é falado nas comunidades rurais do sul da França, na Provença e na metade oriental do Gard. Cerca de 1.500.000 pessoas falam o provençal, mas o francês é a língua oficial e cultural da região.


O provençal é uma variedade da língua occitana, que também inclui o limusino, o auvérnio, o franco-provençal e o gascão. A língua provençal foi a base da poesia ocidental após o latim, e os troubadours (trovadores) escreveram nela.




A Provença também é a origem do estilo provençal de decoração, que se caracteriza por um clima romântico e rústico, com toques de elegância.

No sul da França e no norte da Espanha são falados vários dialetos e línguas, incluindo:


Basco

A língua ancestral dos bascos, povo que habita o País Basco, região que se estende pelo sudoeste da França e norte da Espanha.


Provençal

Falado no sudoeste da França, na província de Provença, no sul de Dauphiné e na região de Nimes em Languedoc. O provençal é linguisticamente muito parecido com a língua falada na província espanhola de Catalunha.

Catalão

Falado em território linguístico diverso, incluindo a Espanha, França e Itália. Na Espanha, cerca de 8,8 milhões de pessoas falam o catalão como língua nativa, enquanto 5 milhões falam como segundo idioma.


Occitano

Também conhecido como Aranés, é a terceira língua oficial da Catalunha, juntamente com o Espanhol Castelhano e o Catalão.


Alsaciano

Falado na Alsácia, no nordeste da França, e é muito parecido com o alemão.


Bretão

Falado na região noroeste do país, a Bretanha, e é de origem celta.

Em outras postagens iremos falar com mais detalhes desses dialetos.


Fontes:

wikipedia.org
google.com
revistas.ufpr.br
journals.opennediton.org
michaels.uol.com.br

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