terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Olá, pessoal !



Hoje vamos falar de um grande poeta brasileiro, João Cabral de Melo Neto ( Recife 09 de janeiro de 1920 - Rio de Janeiro 09 de outubro de 1999).




É considerado um dos maiores poetas da "geração de 45", grupo de poetas que rejeitavam os excessos do modernismo, e que cultuavam uma poesia com mais rigor formal e elaborando uma expressão poética mais disciplinada.

Foi contemporâneo de Manuel Bandeira e Gilberto Freyre, que eram seus primos.

Trabalhou no Itamaraty como diplomata e conheceu vários países no mundo inteiro.

Sua estréia como poeta se deu em 1942 com a "pedra do sono".

Pedra do Sono é uma seleção de poemas com forte teor surrealista. Dentre os temas principais estão a descrição de estados oníricos, "lunares", revelando o interesse do jovem Cabral pelos estados fronteiriços entre o sono e a vigília. Pedra do Sono foi mais tarde criticado pelo próprio Cabral.

Teve o nordeste como tema de sua obra, abrangendo a seca, a vida dura do caboclo, a exploração no campo.

Sua obra mais conhecida é "Morte e Vida Severina".











Morte e vida severina (Auto de natal pernambucano) é a obra mais popular de João Cabral. Nela, o poeta mantém a tradição dos autos medievais, fazendo uso da musicalidade, do ritmo e das redondilhas, recursos que agradam o povo. Ela foi encenada pela primeira vez em 1966 no Teatro da PUC em São Paulo, com música de Chico Buarque. Foi premiada no Brasil e na França e, a partir daí, vem sendo encenada diversas vezes e até adaptada para a televisão.
O poema narra à caminhada do retirante Severino, desde o sertão até sua chegada em Recife e, além das denúncias de certos problemas sociais do Nordeste, constitui uma reflexão sobre a condição humana.

Fez uma bonita homenagem ao jogador da S.E.Palmeiras e da Seleção Brasileira de Futebol, Ademir da Guia.



Ademir da Guia - João Cabral de Melo Neto


Ademir impõe com seu jogo 

o ritmo do chumbo (e o peso), 
da lesma, da câmara lenta, 
do homem dentro do pesadelo.

Ritmo líquido se infiltrando 

no adversário, grosso, de dentro, 
impondo-lhe o que ele deseja, 
mandando nele, apodrecendo-o

Ritmo morno, de andar na areia, 

de água doente de alagados, 
entorpecendo e então atando

o mais irrequieto adversário.

Em 1952, foi acusado de comunista, na época o Partido Comunista do Brasil, estava na ilegalidade, sendo afastado do serviço público, para o qual voltou, inocentado, em 1954.
Foi eleito para Academia Brasileira de Letras em 15 de agosto de 1968, tomando posse na cadeira nº 37 que tinha sido de Assis Chateaubriand.
João Cabral, escreveu um poema sobre a aspirina, chamado de "Um monumento à aspirina". Em entrevista à TV Cultura, explicou que quando adolescente tomava de 3 a 10 aspirinas, e que elas o salvaram da nulidade.
Num monumento à aspirina

Claramente: o mais prático dos sóis,

o sol de um comprimido de aspirina:
de emprego fácil, portátil e barato,
compacto de sol na lápide sucinta.
Principalmente porque, sol artificial,
que nada limita a funcionar de dia,
que a noite não expulsa, cada noite,
sol imune às leis da meteorologia,
a toda hora em que se necessita dele
levanta e vem (sempre num claro dia):
acende, para secar a aniagem da alma,
quará-la, em linhos de um meio-dia.

Convergem: a aparência e os efeitos
da lente do comprimido de aspirina:
o acabamento esmerado desse cristal,
polido a esmeril e repolido a lima,
prefigura o clima onde ele faz viver
e o cartesiano de tudo nesse clima.
De outro lado, porque lente interna,
de uso interno, por detrás da retina,
não serve exclusivamente para o olho
a lente, ou o comprimido de aspirina:
ela reenfoca, para o corpo inteiro,
o borroso de ao redor, e o reafina.





Fontes:
wikipedia.org.
infoescola.com/biografia/joaocabral
portugues.uol.com.br
noblat.oglobo.globo.com.br
cmais.com.br




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