quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Vamos falar hoje do escritor russo Nikolai Vassílievitch Gógol e sua obra prima "Amas Mortas" (Мёртвые души) em russo.

O escritor nasceu em Sorotchinsky na Ucrânia em 19 de março de 1809, e  morreu em Moscou-Rússia em 21 de fevereiro de 1852.

Gógol

Almas mortas, publicado pela primeira vez em 1842, é o livro precursor do romance clássico russo e a grande obra-prima de Nikolai Gógol (1809-1852). A narrativa traz a história de um especulador de São Petersburgo que chega a uma cidade de província e procura conquistar, com suas boas maneiras, a simpatia da sociedade e dos senhores de terras locais. Seu objetivo: comprar “almas mortas”, ou seja, servos já falecidos, mas que ainda não haviam sido declarados como tal no último censo. 

A obra traça uma dura crítica à sociedade feudal da Rússia no século XIX, onde os senhores donos das terras eram proprietários de seus servos que vivam em regime de semiescravidão.

"- Não, nunca ouvi falar dele, não existe esse proprietário.
- Quais são os que existem, então ?
- Bobrov, Svinhin, Kanapátiev, Karápkin, Trepákin, Plêchacov.
- É gente rica ou não ?
- Não, meu senhor, não temos por aqui gente rica. Um tem umas vinte almas, outro umas trinta, mas desses que sejam donos de uma centena não há por aqui.
Tchítchicov se deu conta que tinha vindo parar numa região bastante perdida." (p.53)




Tchitchikov, personagem central da história, almeja fazer dinheiro adquirindo dos proprietários rurais, a preços módicos, almas mortas não contabilizadas nos registros oficiais. Com o patrimônio vitaminado, idealiza levantar boas somas de dinheiro vivo a partir da penhora dos servos fictícios. Aproveitando-se do delay entre a morte dos servos dos proprietários rurais e o registro dessas mortes no censo do Estado russo, engendra um negócio malandro e promissor.

Enfim, a atualidade dessa grande obra está em retratar, com riqueza de detalhes, a corrupção nos órgãos públicos, a mediocridade do ser humano frente ao desejo de poder, a ganância, fofocas e mentiras. Enfim, o que existe de pior na natureza humana encontra-se aí retratada, também com certos traços de humor, o que faz com que a leitura seja leve e prazerosa.
Algumas lacunas na segunda parte tornam o livro inacabado, deixando margem para a imaginação dos leitores. Qual destino teve Tchítchicov? Para que queria mesmo comprar as almas mortas? Fica, portanto, a cargo de cada um buscar a resposta.


"Nesse meio tempo, com efeito, os tribunais estavam recebendo petições sobre petições. Surgiram parentes dos quais nunca antes se tinha tido noticias. Como urubus sobrea carniça, toda a revoada baixou de todos os lados sobre a enorme herança que ficou após a morte da velha. Apareceram denúncias contra Tchítchicov, tanto de falsificação do último testamento como também sobre a falsidade do primeiro, testemunhos sobre apropriação indébita e sonegação de dinheiro. Vieram à tona denúncias contra Tchítchicov a respeito da compra de almas mortas...."

(p.418)





Fontes:

wikipedia.org
revistacult.uol.com.br
sagaliteraria.com.br
chicoeliton.blogspot.com
Gogol, Nikolai - Almas Mortas - tradução Tatiana Belinky - Abril Cultural - 1979

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