sábado, 6 de novembro de 2021

Quem assistiu o filme de Wood Allen, Meia-noite em Paris, de certo vai se identificar com esse livro póstumo do escritor norte-americano Ernest Hemingway, A Moveable feast, em português Paris é uma festa.

Café Le Dôme - Paris


O livro foi editado pela viúva do escritor, Mary Hemingway, em 1964, três anos após a morte do escritor.

O livro trata da vida do autor em Paris na década de 20 e a convivência com a nata dos artistas no campo da literatura, pintura, escultura, teatro e cinema.

Hemingway começou a escrever esse livro em Cuba em 1957, trabalhou nele em Ketchun - Idaho entre os anos de 1958-1959, terminou em Cuba na primavera de 1960.





O livro descreve lugares, cafés e restaurantes da Paris dos anos 20 a chamada "geração perdida" o por Gertrude Stein.

Gertrude Stein


"Miss Stein era uma pessoa grande mas não alta, e corpulenta como uma camponesa. Tinha belos olhos e um vigoroso rosto germano-judaico, que também poderia caracterizar alguém de Friuli, pois ela me lembrava uma camponesa do norte da Itália, com suas roupas, sua face móvel e seus grossos e brilhantes cabelos de imigrante, que ela usava penteados para cima, no mesmo estilo que provavelmente adotara desde os tempos do colégio. Falava sem parar e, a princípio a respeito de pessoas e de lugares." (p.18)

 

Rue de La Montagne


"Preferi continuar caminhando sob a chuva. Ultrapassei 0o Lycée Henri Quatre, a velha Igreja de Saint Etienne du Mont e a Place du Panthéon, varrida pelo vento; cortei à direita à procura de abrigo, chegando finalmente ao lado mais protegido da Boulevard Saint- Michel. Continuei a descer, passei pelo Cluny e o Boulevard Saint Germain, até que cheguei a um bom café que eu conhecia, na Place Saint-Michel." (p.8)


 



Igreja de Saint-Etienne du Mont (Meia-noite em Paris)


Falava de Gertrude Stein, sua generosidade com autores jovens e promissores como ele, e sua aversão a alguns autores que mesmo famosos não faziam seu estilo.

"Durante três ou quatro anos em que fomos bons amigos, não consigo lembrar-me de ter ouvido Gertrude Stein falar bem de qualquer escritor que não tivesse escrito favoravelmente sua obra ou feito alguma coisa para promover sua carreira, com exceção de Ronald Firbank e mais tarde Scott Fitzgerald."

Os jovens escritores da época como Hemingway passavam por dificuldades financeiras, e às vezes era preciso escrever alguns capítulos de um novo livro, para terem algum dinheiro adiantado pelas editoras.

"Naquele tempo não havia dinheiro para comprar livros. Eu os obtinha no departamento de aluguel da Shakespeare and Company, que era ao mesmo tempo a biblioteca e a livraria de Sylvia Beach, na rue de l`Odeon." (p.35)


Shakespeare and Company
James Joyce à esquerda, Sylvia Beach e Adrienne Monnier

 "- Eu sei. A vida está difícil e eu tenho sido terrivelmente pão-duro e mesquinho em questão de dinheiro." (p.51)


O livro é uma descrição de bebedeiras e farras nos bares e restaurantes de Paris, mas entrementes alterna falando das paixões e desilusões dos frequentadores habituais. Mostra como ganham a vida e como gastam o dinheiro em farras e jantares.

Hemingway era muito amigo do poeta Ezra Pound e dedicou um capítulo ao amigo.

"Ezra Pound foi sempre um amigo generoso, e vivia procurando ajudar todo mundo. O estúdio em que morava com Dorothy, sua mulher, na rua Notre-Dame-des-Champs, era tão pobre quanto o de Gertrude stein era rico. " (p.105)


Ezra Pound



Tem um capítulo dedicado a Scott Fitzgerald.

Scott Fitzgerald

Fala do dia em que conheceu o escritor e das primeiras impressões que teve dele. Mais tarde, quando Scott pediu-lhe uma opinião sobre um novo livro que estava escrevendo, tratava-se de "o Grande Gatsby"

"Scott era nessa época um homem de aspecto juvenil, com um rosto entre simpático e bonito." (p.145)


Conheceu Zelda, mulher de Scott  e suas excentricidades.


Zelda era uma mulher ciumenta e possessiva e sofria com suas crises.

"- Você sabe que jamais dormi com outra mulher, além de Zelda ?
- Não, não sabia
- Pensei que lhe tivesse dito.
- Não. Você me contou muitas coisas, mas isso nunca.
- Pois é sobre isso que eu lhe quero perguntar.
- Está bem. Então pergunte.
- Zelda me diz que um homem como eu jamais poderá fazer a felicidade de mulher alguma e que era essa, precisamente, a causa de seus problemas."


Zelda sofria de esquizofrenia e morreu num hospital psiquiátrico, sete anos depois de Scott.

Paris é uma festa foi escrito trinta anos depois dos acontecimentos que Hemingway viveu na sua juventude. Mesmo se passando trinta anos Hemingway ainda conservava as mesmas visões das pessoas. Ezra Pound era um boa pessoa, esquecendo que poeta defendeu o regime fascista de Mussolini na Itália. Scott Fitzgerald ainda conservava o espírito jovial e a infelicidade quase que constante.

Na época Hemingway era casado com Elizabeth Haddley, com quem teve o seu primeiro filho John Hadley Nicanor, apelidado por ele de Bumby.




No final do livro, Hemingway e Hadley passaram esquiando na Austria.

"Hadley e eu tínhamos ficado loucos pelo esqui desde o dia em que praticamos pela primeira vez , na Suíça e mais tarde, em Cortina d´Ampezzo, na região dos Dolomitas, quando ela estava esperando o Bumby."(p.194)


Conta de como agradável era um lugarejo chamado Schruns na Austria. Foi lá que escreveu os originais de "The sun also rise. "O sol também se levanta".



Schruns


Fontes:
wikipedia.org
projeto101paises.com.br
google.com
casoacasoelivros.com
Hemingway, Ernest - Paris é uma festa - trad. Ênio Silveira - Civilização Brasileira - Rio de Janeiro - 1985




 

 


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