quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Hoje vamos falar de mais um clássico da Literatura Universal - Illusions Perdues - Ilusões Perdidas de Honoré de Balzac. 





A tradução que tenho é do Mário Quintana e Ernesto Pelanda com prefácio de Paulo Ronái,  de 1978 da Editora Abril.


O autor nasceu em Tours na França em 1799, filho de um modesto funcionário e uma mãe burguesa.

Estudou direito em Paris, mas, desiludido com os rumos da carreira resolveu ser escritor. Antes teve uma pequena tipografia que faliu, deixando-o muito endividado.



Escreveu uma vasta obra intitulada "Comédia da Vida Humana" onde constam narrações de costumes como da vida privada, vida parisiense, vida no campo, vida política e vida militar.




Em toda a primeira parte, batizada de “Dois poetas”, Balzac descreve a vida na pacata Angoulême, colocando sua lente de aumento na vida de um sonhador Lucien que almeja fazer sucesso em Paris como poeta; de seu melhor amigo, David Séchard, que passa a tocar a ultrapassada tipografia de seu pai (um velho avarento, que não dá ponto sem nó); de Ève (Eva), irmã de Lucien, por quem David se apaixona; e o núcleo aristocrático comandado pela senhora de Bargeton, que será amante de Lucien e, como ele, sonha com os esplendores da capital. Na segunda parte, “Um grande homem de província em Paris”, ele pinta (para usar uma expressão do próprio autor) os costumes íntimos da vida parisiense, com a chegada da senhora de Bargeton e Lucien. Nesse capítulo, o maior do livro, o escritor flagra com ironia a vida cultural da grande cidade, principalmente o meio corrompido do jornalismo e do espetáculo teatral. Na última parte, “Os sofrimentos do inventor”, Balzac volta-se ao cotidiano de Angoulême, retratando as dificuldades de David Séchard com sua gráfica e o retorno de Lucien, após a experiência vivida na metrópole. 



Dois poetas:

Nessa primeira parte o autor descreve suas dificuldades com a tipografia e o sonho de ser um grande escritor.



" Na época em que começa esta história, a impressora de Stanhope e os rolos de de distribuição de tinta não funcionavam ainda nas pequenas tipografias da província. Não obstante a especialidade de que a põe em relação com a tipografia parisiense. Angoulême ainda se servia de prensas de madeira, às quais a língua deve a expressão: 'fazer gemer os prelos', atualmente sem aplicação." (p.15)


Ilusões Perdidas é a narrativa mais extensa de Balzac, foi escrita entre 1836 e 1843.

Balzac cria um personagem provinciano e ambicioso com veleidades literárias. Lucien de Rubempré é o fio condutor da narrativa que engloba não apenas os costumes da província ou da capital, mas principalmente a produção cultural do período — campo fértil para o sarcasmo do autor. Os retratos que vai traçando com riqueza de detalhes, lançando mão do naturalismo, sem medo de perder o ritmo — sempre envolvente — de sua ação, deslumbram o leitor de qualquer época da história. Não deixa de ser interessante observar hoje, passados quase dois séculos de sua criação, como Ilusões perdidas mantém seu frescor e até mesmo sua atualidade.

A segunda parte, "Um grande homem da província em Paris" é a mais longa das três partes. 


As primícias de Paris

"Jamais Luciano ou a Sra. de Bargeton, e sequer Gentil ou Albertina, a criada de quarto, falaram dos acontecimentos daquela viagem; mas, fácil é supor quanto a continua presença de outras pessoas a tornou sem graça para um enamorado que imaginava todos os prazeres de um rapto." (p.89)

 

Paris séc. XIX



Luciano, ao chegar a Paris, percebe-se bem miserável diante da elegância parisiense. Pobre e pouco familiarizado com os costumes da capital, ele comporta-se de modo ridículo na Ópera, onde dá seus primeiros passos na nova vida, o que faz com que Madame de Bargeton, aconselhada por sua prima marquesa d'Espard, abandone-o rapidamente para não comprometer-se diante da alta sociedade parisiense. Suas tentativas para publicar seus livros fracassam. Ele encontra então um jovem filósofo liberal, Daniel d'Arthez, que o introduz ao Cenáculo, um círculo de homens jovens de tendências políticas e ocupações diversas que compartilham, em uma amizade perfeita, uma vida ascética ao serviço da arte ou da ciência. Luciano frequenta o Cenáculo durante algum tempo. Todavia, demasiado impaciente para obter sucesso pela via árdua só do trabalho literário, ele cede à tentação do jornalismo, um universo corrompido no qual ele consegue rapidamente fazer sucesso. Luciano passa a assinar seus artigos como Luciano de Rubempré (sobrenome aristocrático de sua mãe antes do casamento). Apaixona-se por uma jovem atriz, Coralie (Corália), e leva uma vida de luxo com ela. Sua ambição leva-o a interessar-se pela política e, de um jornal liberal, ele passa a escrever para um jornal monarquista. Esta falta total de princípios é mal vista no meio jornalístico: seus antigos amigos atacam-no violentamente, seus novos colegas não o suportam. Ele logo se arruína; a isto adiciona-se a morte de Corália. Luciano resolve finalmente voltar a Angoulême para solicitar a ajuda de David a quem ele já havia pedido ajuda financeira em várias ocasiões, inclusive falsificando sua assinatura em notas falsas que levariam seu amigo à completa ruína.

A terceira parte: "Os sofrimentos de um inventor"

"Depois da partida de Luciano para Paris, David Séchard, esse verdadeiro boi, corajoso e inteligente como o que deram os pintores de companheiro ao evangelista, resolveu fazer a grande e rápida fortuna que almejara, menos para si mesmo que para Eva e Luciano, uma noite em que Eva e ele estavam sentados à margem do Charente, e  em que ela lhe dera a mão e o coração." (p. 265)

David, depois de numerosas experiências, encontra enfim o processo de fabricação de papel que tanto procurara; mas os irmãos Cointet, concorrentes de David, o arruínam com a ajuda de um espião, Cérizet, empregado na tipografia de David, para obter seu segredo. David é preso por não quitar as dívidas feitas por Luciano em Paris. Por causa da catástrofe que causou à família, Luciano decide suicidar-se. Porém, quando iria afogar-se, é impedido por um misterioso padre espanhol, Carlos Herrera, que oferece-lhe dinheiro, glória e vingança, sob a condição de que Luciano o obedecesse cegamente a partir de então. Luciano aceita o pacto. Ele envia a David a soma necessária de dinheiro para quitar suas dívidas e parte para Paris com o padre estranho. David chega a um acordo com os irmãos Cointet para que estes explorem sua invenção. David e Eva retiram-se para viver no campo, de forma bucólica, simples e apaixonada, no pequeno vilarejo de Marsac.



O estilo de vida das províncias é justaposto ao das metrópoles; Balzac contrasta o ritmo de Angoulême e Paris, os diferentes padrões (como o de preço) das duas cidades.

Balzac explora a natureza da vida artística de Paris em 1821-1822. Lucien, que ainda não era um autor com obras publicadas no início do romance, falha na publicação de sua obra em Paris e, durante o tempo que passa na capital, nada escreve em consequência disso. Daniel d’Arthez, por outro lado, não busca ativamente a fama literária: ela vem a ele naturalmente devido ao seu sólido mérito literário.

Balzac denuncia o jornalismo, apresentando-o como a mais perversa forma de prostituição intelectual.

Balzac mostra a duplicidade - as duas faces - de todas as coisas, seja em Paris ou Angoulême. Por exemplo, o personagem Lucien de Rubempré possui dois sobrenomes conforme os lugares que frequenta (na alta sociedade envergonha-se do sobrenome Chardon, de seu pai boticário, e passa a usar o sobrenome de sua mãe); embora amigo de David Séchard, o notário Petit-Claud conduz o processo contra seu cliente sem que este desconfie; o teatro e a alta sociedade vivem ambos de aparências; o padre Carlos Herrera não é padre, mas criminoso, etc.



Fontes:

Balzac, Honoré de - Ilusões perdidas - Abril Cultural - 1978
estacaoliberdade.com.br
google.com
wikipedia.org


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