Vamos falar da obra do escritor norte-americano, Willian Faulkner, "O Santuário" de 1930.
Willian Faulkner, nasceu 30 anos depois do Sul dos Estados Unidos ter sido derrotado na Guerra de Secessão americana. Era de uma família tradicional e rica do Sul dos EUA, dos quais pertenciam também vários governadores. Nasceu em 25 de agosto de 1897 em New Albany - Mississipi e morreu em 6 de julho de 1962, na mesma região.
Como todas as famílias tradicionais do Sul, com supremacia branca de origem inglesa e religião protestante, a família dele também ficou arruinada pela guerra.
Santuário aborda a decadência dos estados sulistas, a solidão e a procura da identidade por parte de personagens sui-generis, como sombras que vagueiam pelo mundo sem um sentido definido, numa procura de algo que nem eles próprios identificam. Nunca sabem para onde se dirigem, o que procuram, qual o sentido dos seus rumos.
Temple é o melhor exemplo deste desnorte: estudante de dezoito anos ou pouco mais, filha de um juiz abastado, abandona a faculdade e perde-se num mundo de homens desnorteados e degradados. Degradados como a casa em ruínas onde decorre a maior parte do enredo, onde vai parar Temple: a deusa no santuário das almas perdidas.
E Popeye, o fantasma, imperador da desgraça, monstruoso e protector; Popeye personifica o poder que há na violência, na força bruta. Pelo contrário, Horace, vítima do amor, é o justiceiro, infeliz, impotente…
Em suma, trata-se de uma obra complexa, profunda, sem o fôlego de outras que se lhe seguiriam mas brilhante pela forma como são descritos a solidão, a tristeza e o desespero humano.
Logo no primeiro capítulo do livro Faulkner nos apresenta Popeye e Horace Benbow.
"Na fonte, inclinou-se para o reflexo partido e multiplicado do próprio rosto sequioso. Embora não tivesse percebido som algum, ao erguer os olhos divisou na água a vacilante imagem da palheta de Popeye."(p.7)
"Estranha cor tinha o rosto, lívido exangue, como que visto à luz artificial" (p.7)
- Escute aqui - disse o homem a Popeye - chamo-me Horace Benbow. Advogado, de Kinston. Antigamente eu morava em Jefferson e para lá me dirijo agora." (p.9)
A história passa-se em Yoknapatawpha (condado fictício) no Mississipi.
O condado fictício de Yoknapatawpha, resume o que restou da sociedade sulista americana após a guerra. Degradação, imoralidade, miséria, fim dos sonhos de dominação e opulência.
O Santuário faz alusão ao casebre onde se desenrola a ação, e onde personagens como Temple, Popeye e Horace representam o espectro daquilo que foi um dia uma sociedade orgulhosa, defensora do ideal puritano e afora degradada.
Os elementos primeiros que integram a história e tornam esta de início viciante e expectante são: a natureza associada a uma casa em ruínas, uma varanda onde se discutem os assuntos importantes, uma mulher constantemente ao fogão com roupas também elas em ruínas, um bebe dentro de um caixote atrás do fogão para não ser comido pelos ratos, o fabrico e a venda de bebidas alcoólicas nesta mesma casa.
Vários personagens “dançam” por entre esta narrativa, todos eles fortemente caracterizados: Temple Drake é na minha opinião a personagem mais forte de toda a narrativa, é aquela que marca de forma significativa o leitor.
Temple é uma jovem estudante que por mero acaso vai parar à casa em ruínas. A partir daí a sua vida nunca mais será a mesma. Este é um personagem que entra em desequilíbrio. As suas ações e a escrita de William Faulkner estão tão bem descritas; o leitor consegue visualizar o terror e o desespero pelo qual este personagem passa ao longo de toda a história. A decadência deste personagem representa (na minha opinião) a própria decadência da sociedade sulista dos EUA.
Das personagens de Santuário, com certeza as que nos chamam mais a
atenção são Temple e Popeye. Popeye por ser uma ambígua incógnita; Temple
por ser aterrorizante. As personagens femininas de Faulkner
Popeye, representa a força e talvez o equilíbrio da casa em ruínas. Horace Benhow, é o homem justo, que tenta ajudar o outro sem segundas intenções.
Fontes:
O Santuário - Faulkner, William - tradução -Lígia Junqueira Caiuby - Abril Cultural - 1980.
wikipedia.org
google.com
inventario.ufba.com
catalisecrita.wordpress.br
aminhaestante.blogpot.br
panorama-direitoliteratura.blogspot.com
viajarpelaleitura.blogspot.com
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