terça-feira, 19 de outubro de 2021

 Vamos nos dedicar ao livro de James Joyce "Finnegans Wake"

O autor irlandês, também é o autor do famoso "Ulisses", onde conta a história vivida num único dia (16 de Junho de 1904) pelo personagem Leopold Bloom, já fiz uma resenha desse livro no blog.


Joice é conhecido como um "inventor" de novas palavras, assim Finnegans Wake, foi traduzido pelos irmãos Campos (Haroldo e Augusto) por Finnicius Révem (Fim e início e réquiem) .




É um dos grandes marcos da literatura experimental por ser escrito em uma linguagem composta pela fusão de outras palavras, em inglês e outras línguas, buscando uma multiplicidade de significados.

Sylvia Beach (a primeira editora de Joyce) e o escritor



O livro foi escrito em Paris, demorando dezessete anos para ficar pronto. Foi publicado em 1939, sendo o trabalho final de Joyce. O livro inteiro foi escrito em uma linguagem bastante idiossincrática, que combina itens lexicais do inglês padrão com trocadilhos neologísticos multilíngues. Muitos críticos acreditam que a técnica foi uma tentativa de Joyce de recriar a experiência do sono e dos sonhos. Devido aos experimentos linguísticos da obra bem como ao apelo a diversas técnicas como fluxo de consciência, alusões literárias, associações de sonhos livres e abandono das convenções narrativas, Finnegans Wake permanece como um clássico pouco lido pelo público geral.


James Joyce



"Ulisses", cuja narrativa limita-se a um único dia em Dublin, fora um "livro diurno"; com "Finnegans Wake", ele se propunha agora a escrever "um livro sobre a noite".

Tanto Ulisses como Finnegans Wake terminam num acalanto de amor.

Com Joyce cada palavra tem um significado especial, tem a magia de uma coisa viva, que pode assumir uma forma.


Muito de sua renomada técnica verbal tem origem aí: o trocadilho e as palavras-valise (palavras compostas, onde se sobrepõem vários termos e até várias línguas) são um equivalente linguístico de uma prosa do inconsciente.

Sem uma narrativa clara, mas pondo em jogo centenas de histórias e milhares de personagens, "Finnegans Wake" é a grande comédia do século. Desde cada palavra isolada até as frases, sentenças, parágrafos, episódios, capítulos e partes, a ordem das coisas sofre aqui os destinos contraditórios da fragmentação e da multiplicação.


Não por acaso, Lacan era grande leitor de Joyce; não por acaso, Jacques Derrida também dedicou um longo ensaio a "Finnegans Wake" - dois nomes apenas de uma extensa linhagem de comentadores do texto.
Entre nós, os irmãos Haroldo e Augusto de Campos foram os pioneiros desbravadores do "Work in Progress" (como era conhecido "Finnegans Wake" desde 1923 até a data de sua publicação).
A expressão "Finnegans Wake" alude a uma balada, sobre um operário que cai da escada bêbado, morre e renasce depois, com uma gota de uísque, para vir dançar no próprio velório.

A história da queda e ressurreição de Finnegan serve de modelo para a história (nunca bem definida) da queda moral e social de HCE, o dono de um pub em Dublin, depois de um encontro sexual num parque da cidade.
Essa história reaparece, de uma forma ou de outra, em todas as páginas; mas sempre velada ou transformada, como cabe a um livro de sonhos.
"Mamafesta" ("Mama" + "festa" + "manifesto") é o nome consagrado pela crítica para o capítulo cinco. Escrito em tom de relatório policial ou acadêmico, está centrado sobre a descoberta de uma carta, escrita em defesa de HCE por sua mulher, Anna Livia Plurabella, que aparece aqui na forma de uma galinha, escarafunchando um monte de lixo.

A galinha Biddy Doran traz à mente outra canção: a "Balada do Asno de Doran", equivalente feminino da balada-título do livro. Foi com esse texto que Joyce iniciou a redação de "Finnegans Wake", sem saber exatamente, a princípio, o que estava fazendo, mas decidido a se aventurar na expansão infinita dessas "mil e uma auréolas remoinhas", ou "ilegíveis plumo voos etéreos".

O texto abaixo reúne fragmentos de uma tradução inédita da "Mamafesta", acompanhada de comentários e notas, realizada há dez anos sob orientação da professora Cheryl Herr, na Universidade de Iowa (EUA).
Traduzir "Finnegans Wake" nunca será mais do que uma recriação aproximativa do texto original. Mas também não pode ser menos. O próprio Joyce não fez outra coisa, quando traduziu um trecho do livro para o italiano e o francês. O tradutor tem naturalmente menos liberdade do que o autor para alterar forma e sentido.

De qualquer modo, acaba entrando, à sua maneira, para dentro do livro. A leitura de Joyce não acaba nunca. Nem a tradução, outra forma de work perpetuamente in progress.
Arthur Nestrovski é professor titular de literatura na PUC-SP, autor de "Ironias da Modernidade" (Ática) e organizador de "Riverrun - Ensaios sobre James Joyce" (Imago), entre outros.

Joyce e esposa, Nora Barnacle



Basicamente, muito basicamente, é a história de Humphrey Chimpden Earwicker, vulgo HCE, sua mulher, Ana Lívia Plurabele, e seus três filhos. Mais é bem mais complicado que isso.

"Finnegans Wake", de James Joyce (1882-1941), romance (será mesmo um?) tido como uma das obras-primas da literatura ocidental, está sendo, pela primeira vez, editado em português, com o título "Finnicius Revém" (o livro foi o 10º entre os romances do século, segundo levantamento do Mais! entre críticos brasileiros).

Para mostrarmos a complexidade da linguagem postamos um trecho do capítulo I no original:

Riverrun, past Eve and Adam’s, from swerve of shore to bend 1
of bay, brings us by a commodius vicus of recirculation back to 2
Howth Castle and Environs.

Riverrun - poderia ser traduzido como river run (O rio corre, ou corre o rio.

Past Eve and Adam´s from swerve of shore bend of bay : Passando por Adão e Eva (Uma Igreja em Dublin), desviando pela curva da baía.

Brings us by a commodius vicus of recirculation back Howth Castle an Environs.
Trazendo -nos de volta (commodius vicus) Uns traduzem por um círculo vicioso que alterna de volta pelos arredores do  Castelo de Howth. Alguns tradutores traduzem como corre o rio como  no passado de Adão e Eva e Commodius vicus alguns dizem tratar-se do estudioso e filosofo Giambattista Vico, que era conhecido por sua visão circular da História. 

Enfim é um livro onde a formação das palavras se dá a cada frase, a cada linha, a cada capítulo, num ensaio linguístico que deve ser desvendado por cada leitor. Como Ulisses, Finnegans Wake é um livro muito comentado e pouco lido.





Fontes:
wikipedia.org
folha.uol.com.br
antimoon.com/forum
editura.mttlc.ro/fwliniarized
abc.es/cultura
left.it
historia.nationalgeographic.com.es

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