Muitas vezes o jornalista e a imprensa como um todo são execrados e achincalhados como prestadores de desserviços à nação.
No entanto vamos nos ocupar hoje de falar sobre viajantes e aventureiros europeus que deixaram importantes relatos sobre a vida no Brasil do descobrimento e da Colônia.
Aventureiros como Hans Staden aventureiro alemão (1525-1579) que ficou cativo dos Tupinambás por 9 meses que resultou num livro chamado "As duas viagens ao Brasil"
Hans Staden
Hans Staden realizou duas viagens à América e, em uma delas, o destino era o Brasil e, na outra, o destino era o Peru. As viagens de Hans Staden estenderam-se de 1548 a 1555 e, nesse contexto, os europeus tinham acabado de chegar ao continente americano. A região que corresponde ao Brasil fazia parte da América portuguesa e, aqui, a principal atividade ainda desenvolvida era a exploração do pau-brasil.
No contexto da chegada de Hans Staden ao Brasil, o modelo de Governo-Geral estava sendo implantado aqui com Tomé de Sousa, sendo o primeiro governador-geral do país. A América Portuguesa era dividida nas capitanias hereditárias, modelo de divisão do território estabelecido em 1534.
Como mencionado, o relato de Hans Staden reproduz os valores do homem comum da Idade Moderna. Sua fala era extremamente religiosa, e a sua visão sobre uma cultura diferente (no caso, a indígena) era marcada pelo estranhamento e pelo etnocentrismo. Sendo assim, é comum, ao longo do texto, Hans Staden referir-se aos indígenas como “selvagens”.
Ele mesmo foi ameaçado durante os nove meses de ser morto e comido pelos tupinambás, mas acabou sendo libertado.
Claro que ele que presenciou a prática do canibalismo, religioso como era, não podia ter uma visão muito amistosa dos indígenas brasileiros.
Outro aventureiro que relatou o convívio com os Tupinambás foi o inglês Anthony Knivet (1560-1649).
Anthony Kinivet
Knivet acompanhou o corsário Thomas Cavendish em sua segunda viagem à América (1591), em plena guerra entre Inglaterra e Espanha. Com isso, participou do ataque à vila de São Vicente e, após uma viagem trágica ao Rio da Prata, foi capturado pelos portugueses.
Fez três tentativas de fuga, e em uma delas chegou à Angola, de onde Salvador Correia de Sá, (governador geral do Brasil) mandou-o resgatar. Nas outras fugas, teria vivido longos meses entre os tupinambás, aprendendo sua língua. Foi um dos poucos a considerar desfavoravelmente o comportamento dos europeus na América, incitando os índios a reagirem contra os portugueses que, segundo ele, era "gente capaz de crueldade sanguinária". Foi levado a Lisboa, em 1599 pela família de Salvador Correia de Sá, onde viveria como seu escudeiro.
No seu relato é, pela primeira vez, mencionado o vilarejo de Paraty, no Rio de Janeiro, em 1597. Foi provavelmente a primeira pessoa nas Américas a se utilizar de escafandro.
Era uma vestimenta rudimentar de couro recoberto de graxa e piche para impermeabilização. O capacete era muito grande, revestido de piche e com um grande 'nariz' onde foram colocados três balões de ar. Usou, e quase morreu, para tentar resgatar peças de artilharia que haviam afundado no mar.
Era uma vestimenta rudimentar de couro recoberto de graxa e piche para impermeabilização. O capacete era muito grande, revestido de piche e com um grande 'nariz' onde foram colocados três balões de ar. Usou, e quase morreu, para tentar resgatar peças de artilharia que haviam afundado no mar.
Anthony Knivet passou por grandes dificuldades no Brasil, pouco lhe valeu ser sobrinho de um membro da Privy Chamber da rainha Elisabete I. O que pesou a seu favor foram a sua tremenda presença de espírito, que o faz contar as mentiras certas nas horas certas, de modo a escapar da morte nas mãos dos portugueses ou de ser devorado pelos índios (por exemplo, dizendo-se francês aos índios historicamente aliados aos franceses, ou escondendo dos portugueses a sua origem aristocrática e afirmando ser um simples grumete); sua facilidade para aprender línguas, que o faz ser capaz de comunicar-se em português quando é aprisionado na ilha de São Sebastião, e de aprender rapidamente a língua dos índios, o tupi falado na costa e também o idioma jê dos índios do sertão, tornando-se extremamente útil como negociador e intérprete; sua coragem e habilidade em percorrer e conhecer os caminhos dos sertões, o que fez dele um experiente sertanista; sua esperteza ao não comer frutas e raízes venenosas que tantas vezes mataram seus companheiros; e sua espantosa resistência física diante das condições mais extremas. Em resumo, sua impressionante capacidade de sobreviver no inóspito Brasil da década de 1590.
Os ingleses largaram Knivet e outros moribundos em alguma praia do lado oceânico da Ilha de São Sebastião*. O estropiado Knivet sobreviveu por uns 8 ou 9 dias graças à caranguejos que surgiam nas marés baixas.
Debilitado na margem de um rio, certo dia achou que seria devorado por um “monstro” aquático com grandes garras, comprida cauda e uma “língua qual arpão”, pela descrição um grande lagarto ou um jacaré-de-papo-amarelo, espécie que no passado habitava todo o litoral paulista.
O jovem pirata viveu mais 14 dias dos restos de uma baleia encalhada até reencontrar alguns de seus companheiros, mas uns oito dias depois foi capturado por portugueses, que o espancaram “com paus acesos” e o fizeram andar até o norte da ilha, onde seus inimigos mataram 28 de seus comparsas.
Ao deixar Ilhabela, entre muitas fugas, prisões e torturas, foi escravo em um engenho de açúcar, sofreu por 9 meses com ferros “de 30 libras” presos aos pés, viveu sozinho na mata e entre índios, desbravou sertões atrás de ouro e nativos para escravizar (entre onças e cobras), passou dias na copa de uma árvore ao fugir de índios, ficou náufrago, lutou com um tubarão, virou um soldado, quase morreu em um protótipo de escafandro, assistiu rituais antropofágicos, fugiu para Angola (e foi recapturado), tornou-se escudeiro do Governador-geral do Rio de Janeiro e ainda combateu, liderou e quase foi comido por índios.
Não apenas se salvou de tantas agruras, como ainda conseguiu fugir de volta à Inglaterra para imortalizar suas memórias.
Em seu livro, "As incríveis aventuras e estranhos infortúnios de Anthony Kinivet". ele se identifica-se tanto com os índios, que chega a afirmar que o melhor amigo que já teve é Guaraciaba, um índio, foragido como ele: “Nunca um homem teve uma amizade tão sincera quanto eu a dele.” Na parte final de seu livro, em que elabora uma descrição das várias tribos com as quais teve contato, muitas vezes elogia a civilidade, a gentileza e até mesmo características físicas dos indígenas, aproximando-os de ingleses e holandeses. Os portugueses, aqui, são as bestas feras, os selvagens, em contraposição a algumas tribos indígenas, gentis, educadas. Sobre os molopaques chega a afirmar: “Se esses canibais tivessem conhecimento de Deus, posso arriscar dizer, não haveria gente no mundo como eles.”
Fontes:
brasilescola.uol.com.br
ftp.zahar.com.br
viagens ecologicas.com.br
google.com
ftp.zahar.com.br
viagens ecologicas.com.br
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