“O mundo se tornava fascista. Num mundo assim, que futuro nos reservariam? Provavelmente não havia lugar para nós, éramos fantasmas, rolaríamos de cárcere em cárcere, findaríamos num campo de concentração. Nenhuma utilidade representávamos na ordem nova. Se nos largassem, vagaríamos tristes, inofensivos e desocupados, farrapos vivos, fantasmas prematuros; desejaríamos enlouquecer, recolhermo-nos ao hospício ou ter coragem de amarrar uma corda ao pescoço e dar o mergulho decisivo. Essas idéias, repetidas, vexavam-me; tanto me embrenhara nelas que me sentia inteiramente perdido.”
O texto acima exprime um pensamento contemporâneo, atual, porém foi publicado em 1953, e pertence ao livro "Memórias do Cárcere" de Graciliano Ramos.
Mais tarde o livro transformou-se em filme tendo no papel principal o ator Carlos Vereza.
Durante o período que permaneceu na secretaria da educação revolucionou os métodos de ensino da época. No entanto, devido as suas idéias, consideradas "extremistas", foi demito em 1936.
Ainda nesse ano, precisamente no dia 3 de março, é preso sob a acusação de ligação com o Partido Comunista. A acusação é falsa, pois Graciliano se entraria para o PCB em 1945. Mesmo sem acusação formal ou julgamento, é deportado para o Rio de Janeiro, onde permanece encarcerado até 1937.
Eram os duros anos da ditadura Vargas (1930-1945). A obra não é o relato puro e simples do sofrimento e humilhações do homem Graciliano Ramos; é a análise da prepotência que marcou a ditadura Vargas e que, em última análise, marca qualquer ditadura. É um dos depoimentos mais tensos da literatura brasileira.
No livro, Graciliano descreve a companhia dos mais variados tipos encontrados entre os presos políticos: descreve, entre outros acontecimentos, a entrega de Olga Benário para a Gestapo, insinua as sessões de tortura aplicadas a Rodolfo Ghioldi e relata um encontro com Epifrânio Guilhermino, único sujeito a assassinar um legalista no levante comunista do Rio Grande do Norte.
Olga Benário, mulher de Luiz Carlos Prestes, presa pela ditadura de Getúlio e entregue à Gestapo, já grávida, onde morre num campo de concentração.
Rodolfo Ghioldi, militante comunista argentino
Durante a prisão, diversas vezes Graciliano destrói ou afirma destruir as anotações que poderiam lhe ajudar a compor uma obra mais ampla. Também dá importância ao sentimento de náusea causado pela imundice das cadeias, chegando a ficar sem alimentação por vários dias, em virtude do asco.
Da cadeia, Graciliano faz comentários sobre a feitura e a publicação de Angústia, uma de suas melhores obras.
Graciliano Ramos esteve preso na famosa prisão da Ilha Grande em Angra dos Reis.
Fontes:
jayrus.art.br
e-livros.xyz
wikipedia.org
yiutube.com.br
gracilianoramos.com.br
passeiweb.com
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