Olá, pessoal !
Hoje vamos falar do presídio da Ilha Grande no município de Angra dos Reis no estado do Rio de Janeiro.
Colônia Penal Dois Rios Ilha Grande 1943
O Lazareto foi construído em 1871 para receber passageiros enfermos que chegavam ao Brasil vindos de outros países. Os responsáveis pela construção do Lazareto foram os engenheiros Henrique Alvares da Fonseca e seu auxiliar Francisco de Paula Freitas.
O Lazareto funcionou como hospital de quarentena até 1913, quando foi totalmente desativado. Acreditava-se que o isolamento das pessoas doentes podia evitar as epidemias que assolavam o mundo naquele final de Século XIX. Porém, um congresso de sanitaristas, dentre os quais participou o Doutor Oswaldo Cruz, sugeriu a desativação dos lazaretos, já que estes não impediam a disseminação de doenças.
Com a explosão da Revolução Constitucionalista em São Paulo em 1932, Getúlio Vargas reabre o Lazareto que volta a funcionar como presídio. Neste período passaram por lá alguns imortais como o escritor Orígenes Lessa. Em um de seus livros, “Não Há de Ser Nada”, há um trecho comovente de suas recordações, no qual relata sua chegada à Ilha: “... Pelas quatro horas da tarde de 19 de agosto de 1932 o Campos, depois de cabriolar pela costa, fundeava na Enseada do Abraão, ponto final da viagem...”
Orígenes Lessa, autor de "O feijão e o sonho" engajou-se na Revolução de 32 , e no final dela foi preso e enviado à prisão da Ilha Grande, que teve outro escritor famoso Graciliano Ramos, acusado de ser comunista.
Lá escreveu um dos seus livros mais famosos "Memórias do Carcere"
A história das instituições carcerárias entrelaça-se com a história política e dos direitos civis do País. Entre os “presos políticos” que estiveram na Ilha Grande, podemos citar Orígenes Lessa, por ter participado da Revolução Constitucionalista de 1932; Graciliano Ramos, em 1935, acusado de ser comunista, bem como Agildo Barata e muitos outros líderes do Partido Comunista; Nelson Rodrigues Filho e diversos membros de partidos políticos de esquerda que lutaram contra a ditadura militar de 1964. Orígenes Lessa e Graciliano Ramos deixaram importantes obras literárias relatando a experiência desumana que sofreram nos cárceres da Ilha Grande.
Com a construção do novo presídio (IPCM), os presos, que estavam no Lazareto, foram transferidos para Dois Rios e em 1954 o então governador Carlos Lacerda mandou demolir o Lazareto com tiros de canhão. Hoje, restam apenas as ruínas da parte subterrânea, algumas colunas, envoltas por raízes de árvores, a base do edifício, com extenso muro de pedras de mão e as ruínas da antiga ponte transformadas em celas de presídio.
Durante a ditadura militar, já co o Instituto Penal Cândido Mendes, os "presos comuns", ocupavam o térreo, o primeiro e o terceiro pisos do edifício central. Os presos políticos ficavam num regime mais fechado no segundo piso.
Foi nesse instituto penal, considerado de segurança máxima, que nasceu o Comando Vermelho em 1979.
O convívio de criminosos comuns com presos políticos mais organizados e com um nível intelectual mais elevado propiciou a esses grupos se organizarem e criarem uma facção criminosa poderosa.
Em 31 de dezembro de 1985, foi realizada a fuga mais espetacular da Ilha Grande, quando o líder do Comando Vermelho; José Carlos Encina, o Escadinha, foi resgatado por um helicóptero do presídio.
O Presídio Candido Mendes, na praia de Dois Rios funcionou até 1994, quando os prédios foram implodidos, no governo Brizola. Na fase final, o presídio tornou-se inviável economicamente e já não havia mais condições de se manterem presidiários nas precárias condições dos prédios. Até brincamos que só ficava lá dentro o preso que não queria fugir.
O último prisioneiro de Ilha Grande, Julio de Almeida esteve preso de 1962 até o fim do presídio em 1994.
Ele conta da fuga de Escadinha em 1985, e disse que foi uma espécie de consultor do bandido, por já ter escapado duas vezes do presídio.
Fontes:
coloniadoisrios-ilhagrande.blogspot.com.br
linux.an.gov.br
wikipedia.org.
youtube.com
oglobo.globo.com/rio
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