Vamos falar hoje de Rita Lobato, a primeira mulher a se formar em medicina no Brasil.
A primeira médica brasileira, Maria A u g u s t a Generoso Estrela, teve de graduar-se nos Estados Unidos em 1881, pois não era permitido às mulheres ingressarem nos dois únicos cursos médicos existentes no Brasil. Sensibilizado com as dificuldades financeiras do pai de Maria Augusta, em 1877, Pedro II concedeu, por decreto, bolsa de estudos à jovem brasileira, e apoiou a Reforma Leôncio de Carvalho, cujo Decreto no 7.247 de 19/4/1879 abria a porta das faculdades às mulheres. Em 1881, na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, ingressaram a paraibana Ambrosina Magalhães e a carioca Augusta Fernandes. Em 1883, entrou Elisa Ribeiro. Em 1884, foram aprovadas as gaúchas Rita Lobato, Ermelinda Lopes Vasconcelos e
Antonieta César Dias. Ambrosina não se
graduou e, na provável disputa com as
demais, coube a Rita Lobato vencer os
duros obstáculos, para ser a primeira
mulher formada em medicina no Brasil.
Como indício da oposição velada contra
mulheres no curso médico, o diretor da
Faculdade do Rio de Janeiro impugnou a
sua inscrição, não aceitando o atestado de
vacina e de saúde. Mesmo assim, Rita
Lobato submeteu-se à nova vacina, conseguiu matricular-se, não recebeu trote e
afirmou que foi muito bem recebida pelos
colegas e pelos professores.
Após a Reforma Felipe Franco de Sá
o
(Decreto n 9.311 de 25/10/1884), que
alterou os estatutos das faculdades e criou
novo currículo médico no Brasil, Rita
o
Lobato, em 1885, transferiu-se para o 2
ano da Faculdade de Medicina da Cidade
da Bahia, na qual foi a primeira aluna
mulher. Aproveitou-se da reforma, que
permitia prestar exame em matérias de
séries distintas. Assistia às aulas práticas
no Hospital de Caridade, frequentava
assiduamente a biblioteca, estudava
intensamente nas férias. Dessa forma Rita antecipou o exame de disciplinas de
outras séries, e colou grau, pela Faculdade
de Medicina da Bahia, em 10/12/1887.
Retornou ao Rio Grande do Sul, onde se
especializou em moléstias de senhoras.
Fixou-se inicialmente em Porto Alegre,
mas após o casamento em 18/7/1889,
mudou-se para Jaguarão-RS, Rio Pardo-RS
e Buenos Aires, em 1910. Em 1925,
aposentou-se, afirmando ser profissão
penosa para uma senhora. A 27/12/1935,
foi empossada como primeira vereadora
de Rio Pardo.
Nascida em 9 de junho de 1866, em São Pedro do Rio Grande, no Rio Grande do Sul, ainda criança, revelou à família que gostaria de ser médica, inspirada pelo clínico que atendia a sua família. Aos 17 anos, Rita perdeu a mãe em consequência de uma hemorragia após o parto do seu 14º irmão. Essa perda marcou tanto, que Rita prometeu que faria algo para que esse tipo de situação não ocorresse novamente.
Embora querida pelo diretor Saboia, antigo dirigente da Faculdade de Medicina, os estudos de Rita foram interrompidos ao fim do primeiro ano pelo conflito entre o irmão e a reitoria da instituição. A causa do episódio, que resultou em agressão corporal e discussões calorosas entre os envolvidos, foi a Reforma Felipe Franco de Sá. A medida alterou o regulamento das escolas superiores e declarou possível a antecipação de exames, entre outras modificações que alguns alunos julgaram prejudiciais.
Mudou-se então, para Salvador na Bahia, onde terminou o seu curso de medicina.
Claro que o começo foi muito difícil para Rita, afinal, fazia pouco tempo que um decreto-lei de D. Pedro II havia autorizado as mulheres a cursarem faculdade e obterem títulos acadêmicos. Já dá para imaginar como ela foi hostilizada por colegas e professores no começo. Mas ela era uma mulher forte e determinada, com notas excelentes, e aos poucos, conquistou o respeito e simpatia de todos. Em 1887, Rita recebeu seu título de médica depois de defender uma tese sobre a operação cesariana, e se especializou em ginecologia e obstetrícia. Mesmo depois de obter o seu diploma, voltou a sofrer preconceito dos colegas homens no quando foi trabalhar em um hospital. Ao voltar para o Rio Grande do Sul, ela se casou, teve uma filha chamada Ísis e passou a fazer atendimentos em sua própria casa.
Durante os últimos meses de vida, mesmo vítima parcial de deficiência visual e auditiva, manteve-se lúcida e altiva. Rita Lobato Velho Lopes faleceu na Estância de Capivari, em Rio Pardo, no interior do Rio Grande do Sul, aos 87 anos, em 6 de janeiro de 1954. Seu corpo está sepultado no Cemitério Municipal de Rio Pardo.
Fontes:
fcm.unicamp.br
wikipedia.org
google.com
g1.globo.com
blog.portalpos.com.br
aventurasnahistoria.com.br
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