Luiza Mahin — provavelmente nascida na primeira metade do século XIX (possivelmente em 1812) foi uma revolucionária do período colonial do Brasil, símbolo de resistência negra no país. Descrita por seu filho Luís Gama, Era mui bela e formosa, Era a mais linda pretinha, Da adusta Líbia rainha , e mesmo sem registros documentais, enquadra-se como uma personagem evidenciada na luta e resistência na sociedade escravista.
Sua origem hoje é compreendida na região da costa mina, na Nação Nagô Jeje, e seu sobrenome vem da tribo de onde se origina os Mahi, região da República do Benin. Liberta em 1812 continuou exercendo a função de quituteira na Bahia do Brasil Colonial, era conhecida por resistir e manter sua cultura e religião africana.
Luiza esteve envolvida na articulação de todas as revoltas e levantes de escravos que sacudiram a então Província da Bahia nas primeiras décadas do século XIX. De seu tabuleiro, eram distribuídas as mensagens em árabe, por isso, espalhava a mensagem da revolta por onde passava, tendo um papel importante na circulação de informações confidenciais durante esse processo, através dos meninos que pretensamente com ela adquiriam quitutes. Desse modo, esteve envolvida na Revolta dos Malês (1835) e na Sabinada (1837-1838). Sua casa foi transformada no quartel general destas revoltas.
Foi perseguida, logrando evadir-se para o Rio de Janeiro, onde foi encontrada, detida e, possivelmente, deportada para Angola, de acordo com relatos de quem a conheceu. Não existe, entretanto, nenhum documento que comprove essa informação. Alguns autores acreditam que ela tenha conseguido fugir para o Maranhão, onde, com sua influência, tenha sido desenvolvido o tambor da crioula.
Apesar de sua origem e história controversa, o que se sabe vêm de relatos de seu filho, o escritor abolicionista Luís Gama.
A partir do texto de Gama, a figura de Mahin passou a constar em narrativas pretensamente historiográficas e obras de ficção. Muitos a colocam como líder da Revolta dos Malês, maior rebelião popular de escravizados da história, ocorrida em 1835 em Salvador. Mas não há consenso acerca disso e, diante da falta de registro, alguns historiadores chegam a acreditar até mesmo que ela tenha sido uma criação literária de Gama.
"Nota-se que Gama não se refere especificamente à Revolta dos Malês, a mais importante rebelião de escravizados na Bahia, ocorrida em 1835. Porém, o fato de ele situar a mãe em Salvador, nessa mesma época, dá margem à especulação de que ela tenha se envolvido na insurreição", afirma o jornalista Gilvan Ribeiro, autor do recém-lançado livro Malês: A Revolta dos Escravizados na Bahia e seu Legado.
Ribeiro enfatiza que "o único registro historiográfico" sobre a personagem é a tal carta de Gama — escrita à guisa de uma breve autobiografia para a publicação de um perfil no Almanaque Literário de São Paulo em 1881.
"Na carta autobiográfica que escreveu, Gama afirmou que o nome de sua mãe era Luiza Mahin. Esse documento é, de certo modo, a ‘certidão de nascimento' dessa mulher que entrou para a memória histórica do povo negro brasileiro como uma grande referência na luta contra a escravidão", afirma a historiadora Aline Najara da Silva Gonçalves, autora do livro Luiza Mahin: Uma Rainha Africana no Brasil e da revista em quadrinhos Luiza Mahin: A Guerreira dos Malês.
"As controvérsias são por conta da ausência de outros documentos que reafirmem sua existência. Para além da carta de Luiz Gama, seu filho, o que temos são menções em obras literárias ou historiográficas, que não deixam evidentes as fontes que sustentam algumas informações", pontua Gonçalves.
A imagem de uma mulher como Luíza Mahin hoje nos inspira na construção dessa identidade, na luta por liberdade, na luta por cidadania, na luta pelo respeito, pela equidade para o povo negro no Brasil. Infelizmente, ainda temos uma sociedade que é estruturada no racismo, marcada pelo machismo. A imagem de uma mulher como Luíza Mahin nos inspira na insistência por melhores condições de vida para nosso povo, pela busca pela educação, inclusive uma educação antirracista”.
Fontes:
wikipedia.org
google.com
dw.com/pt
geledes.org.br
brasildefato.com.br
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