Vamos abordar hoje a história da Revolução tenentista de 1924, onde a cidade de São Paulo foi bombardeada pelas forças legalistas, e o bairro da Penha tornou-se a sede do governo paulista.
Quando eu era criança, minha avó materna, já contava essa história de como ela viu muitos corpos no centro de São Paulo, na região do mercado da Cantareira e arredores.
Uma chaminé da antiga Usina de Força, no bairro da Luz, é o único resquício do maior conflito bélico ocorrido na cidade. Foram 504 mortos e quase 5 000 feridos durante os 23 dias em que as tropas federais do presidente Arthur Bernardes atacaram militares rebeldes que tentavam destituí-lo do poder, em 1924. Apesar do alto grau de letalidade, o confronto sempre esteve às sombras da guerra civil de 1932 nos registros históricos e, por isso, é chamado de Revolução Esquecida de 1924.
A Revolta Paulista de 1924 foi uma revolta tenentista que aconteceu em São Paulo em julho de 1924. Foi a segunda revolta tenentista do período e tinha como objetivo a derrubada do governo de Artur Bernardes, o então presidente do Brasil. A cidade de São Paulo foi intensamente bombardeada, o que forçou os tenentistas a abandonarem a cidade dias depois.
Hoje faz 100 anos do inicio da revolta, que iniciou-se em 5 de julho de 1924.
Durante a Revolução de 1924, o presidente (governador) do Estado, Carlos de Campos, fugiu do Palácio do Governo, localizado nos Campos Elíseos, Região Central, que havia sido atacado pelos revoltosos, e se refugiou na estação de trem que hoje leva seu nome, para comandar a resistência.
A rua Guaiaúna, onde ficava a estação de trem citada, que na época também se chamava Guayauna, foi um dos centros de ataque aos rebeldes, pelas tropas federais comandadas pelo General Eduardo Artur Sócrates.
Mansão Maria Carlota, ladeira Cel. Rodovalho
refúgio do governador, Carlos de Campos, se refugiou
Antecedentes da Revolta Paulista de 1924
A década de 1920 presenciou a decadência das oligarquias, modelo político que caracterizou a Primeira República, período que se estendeu de 1889 a 1930. O jogo político das oligarquias se tornou incapaz de atender às demandas da sociedade brasileira, e isso deu origem a uma série de movimentos de contestação.
Nesse cenário, o grande destaque foi o movimento tenentista, uma moção política que se iniciou entre os soldados de baixa patente do exército brasileiro. Esse movimento surgiu durante a campanha eleitoral para presidente em 1922 e tinha como objetivo colocar fim ao domínio das oligarquias na política brasileira.
O tenentismo teve relação direta com a decadência do modelo político da Primeira República e, inclusive, seus adeptos estiveram envolvidos com a Revolução de 1930, que colocou fim definitivo a essa fase. A atuação dos tenentistas no cenário político brasileiro se deu porque os militares entendiam que era papel deles interferir na política para salvar os rumos do país, se fosse necessário.
Dentre alguns dos interesses dos tenentistas, estavam:
construir uma república politicamente autoritária e economicamente liberal;
realizar uma reforma educacional;
desenvolver um sistema eleitoral mais eficaz para evitar que fraudes acontecessem. Nessa época o voto não era secreto, com isso existia o chamado ''voto de cabresto"; onde patrões forçavam seus empregados a votarem naqueles que eles indicassem.
A primeira revolta tenentista aconteceu no Rio de Janeiro em 1922 e ficou conhecida como Revolta do Forte de Copacabana. O movimento fracassou, e um ano depois os rebeldes já planejavam realizar outra revolta no Brasil. Essa conspiração, que seria a Revolta Paulista de 1924, era encabeçada pelo general da reserva Isidoro Dias Lopes e os tenentes Joaquim e Juarez Távora.
Eles desejavam iniciar um movimento que fosse capaz de derrubar o presidente. Para isso, planejaram revoltas em uma série de locais diferentes do país. Os tenentistas decidiram que a revolta organizada por eles deveria ter um grande impacto e, por isso, escolheram fazê-la na maior cidade do Brasil: São Paulo.
Depois disso, revoltas tenentistas aconteceram em outros estados. Como forma de homenagem à Revolta do Forte de Copacabana (que aconteceu em 5 de julho de 1922), a Revolta Paulista foi iniciada no dia 5 de julho de 1924. Tiroteios e bombas começaram a ser ouvidos já na madrugada do dia 5, e os tenentistas conseguiram conquistar locais importantes, como quartéis do exército e da Força Pública.
Logo após isso, o presidente do estado de São Paulo, Carlos de Campos, recebeu o conselho de abandonar o palácio que residia, o Campos Elísios. Isso porque o local seria um importante alvo dos revoltosos, e, por medida de segurança, o ideal era abandoná-lo. Ele assim o fez e se instalou na Zona Leste de São Paulo, em um local mais distante do raio de ação dos rebeldes.
Quando os revoltosos chegaram ao palácio, o encontraram vazio. Durante cinco dias, houve intensos combates nas ruas de São Paulo, e, no final, os tenentistas tomaram o controle da cidade, ao menos de locais estratégicos. Enquanto isso, o presidente do Brasil já tinha deliberado ações para reprimir o movimento, enviando milhares de soldados a São Paulo para conter a revolta.
A Revolta de São Paulo de 1924 ficou marcada por ser o maior conflito armado já presenciado pela maior cidade brasileira. Isso porque o governo de Artur Bernardes não poupou esforços para derrotar o movimento e realizou uma repressão violenta contra São Paulo. O presidente autorizou uma campanha de bombardeio severa.
Os bombardeios eram indiscriminados e não visavam atingir alvos ocupados pelos revoltosos especificamente. Com isso, os civis também se tornaram alvo, o que fez com que a população entrasse em pânico. Cerca de 300 mil pessoas abandonaram a capital paulista e muitas se deslocaram para zonas periféricas.
Esses ataques seguiram por todo o período em que a cidade esteve nas mãos dos revoltosos, causando mortes e destruição. Estima-se que cerca de 4000 pessoas ficaram feridas. Destaca-se o fato de que os ataques aconteceram em bairros de trabalhadores e imigrantes, isto é, bairros de pessoas de classe econômica baixa.
Estima-se que o número de mortos foi de 503, segundo dados oficiais, porém existem estudos que esse número poderia teria chegados a mais de 800 mortos. O número de feridos também foi alto 4846, muitos estimam esse número em 5.000 feridos.
A situação dos rebeldes se agravou porque o cerco a São Paulo, somado aos bombardeios, colocou a cidade em uma posição muito ruim e afetou diretamente a vida das pessoas. Assim, uma série de inocentes morreram e, além disso, a cidade começou a sofrer com falta de alimentos, o que ocasionou saques nas regiões mais prejudicadas.
Isso afetou o moral dos revoltosos, que se viram em uma situação muito delicada. Assim, no dia 27 de julho, eles planejaram fugir de São Paulo e o fizeram no dia 28 de julho. Com a fuga, eles se uniram a tenentistas rebeldes no interior do estado e partiram em direção ao oeste do Paraná.
No Paraná, eles encontraram os tenentistas que haviam se rebelado no Sul, no estado do Rio Grande do Sul. O encontro dos paulistas liderados por Miguel Costa com o grupo liderado por Luís Carlos Prestes deu início à Coluna Miguel Costa- Prestes, que ficou conhecida mais tarde somente como Coluna Prestes, um agrupamento de centenas de homens que marchou pelo interior do país, entre 1925 e 1927, lutando contra as tropas do governo.
A Revolução durou 23 dias de 5 de julho à 28 de julho de 1924.
Fontes:
wikipedia.org
google.com
mundoeducacao.uol.com.br
historiadesaopaulo.blogspot.com
veja.abril.com.br
avidanocentro.com.br
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