sexta-feira, 15 de março de 2024

 Hoje vamos falar do livro "O Ateneu" de Raul Pompéia.



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Livro publicado em 1888, é considerado um dos livros mais importantes do realismo brasileiro.

O autor Raul D´Ávila Pompéia nasceu em Angra dos Reis - RJ em 12 de abril de 1863, e suicidou-se no Rio de Janeiro em 25 de dezembro de 1895, amargurado pelo ostracismo e pela depressão pela qual foi acometido.



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O livro narrado em primeira pessoa que conta a adolescência de Sérgio, por ele mesmo, agora um homem adulto, de sua passagem pelo Ateneu, um famoso, austero e caro colégio interno da época.


Para escrever O Ateneu, Raul Pompeia pode ter se inspirado em sua própria história já que também viveu em um colégio interno desde os 11 anos de idade. Pompeia foi matriculado por seu pai no Colégio Abílio, importante internato inaugurado no Rio de Janeiro.

O autor utiliza o colégio como um retrato da sociedade da época. Dentro de seus muros eram vivenciados todos os problemas, traumas, hipocrisias, e reminiscências de sua infância e juventude.


“Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta.” Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico, diferente do que se encontra fora, tão diferente, que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental, com a vantagem única de fazer mais sensível a criatura à impressão rude do primeiro ensinamento, têmpera brusca da vitalidade na influência de um novo clima rigoroso. Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora e não viesse de longe a enfiada das decepções que nos ultrajam."

Numa linguagem culta, típica do parnasianismo, às vezes erudita ao extremo, o autor expôs suas impressões de forma realista.

Sobre Aristarco, o diretor do colégio ele diz:


"Os gestos, calmos, soberanos, eram de um rei — o autocrata excelso dos silabários; a pausa hierática do andar deixava sentir o esforço, a cada passo, que ele fazia para levar adiante, de empurrão, o progresso do ensino publico; o olhar fulgurante, sob a crispação áspera dos supercílios de monstro japonês, penetrando de luz as almas circunstantes — era a educação da inteligência; o queixo, severamente escanhoado, de orelha a orelha, lembrava a lisura das consciências limpas — era a educação moral. A própria estatura, na imobilidade do gesto, na mudez do vulto, a simples estatura dizia dele: aqui está um grande homem... não veem os cavados de Golias?!"

A descrição mostra toda a acidez, e desprezo pela figura do diretor, que representava a repressão,  o autoritarismo, e a prepotência.



Os elementos expressionistas estão na descrição, através de símiles exagerados, dos ambientes e pessoas, compondo “quadros” de muita riqueza plástica, especialmente visual, e desnudando de forma cruel os lugares, colegas, professores etc. A frase transmite grande carga emocional. O estilo é nervoso, ágil. A redução das personagens a caricaturas grotescas parece proveniente da intenção de deformar, de exagerar, como se Raul Pompéia estivesse “vingando-se” de tudo e de todos.
As mangueiras, como intermináveis serpentes, insinuavam-se pelo chão. (...)

As crianças, seguindo em grupos atropelados, como carneiros para a matança. (...)



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No primeiro contato com o Ateneu, conheceu D.Ema, que logo, pediu para que ele cortasse os cabelos.

Passa então a descrever os colegas do colégio:

Sanches era um bom aluno, protetor, e ficou muito ligado em Sérgio. Nesse ponto da narrativa, o autor insinua até uma ligação mais íntima entre ambos, que faz com que eles briguem e desfaçam a amizade.

Imagem o problema de um tema como o homossexualismo ser tratado no século XIX.


Fez amizade com Franco, um aluno bagunceiro do colégio, depois passa a ter amizade com Barreto, um garoto extremamente religioso, Sergio o seguia em suas rezas.
Ao tirar notas baixas nas provas, se revoltou contra Deus, e passou a ter amizade com Bento um segurança do colégio, acreditando assim que teria maior proteção.


Sérgio, mostra toda a sua insegurança, como narrado no primeiro paragrafo do livro.
Ele deixou a segurança de sua casa, onde era protegido, e foi lançado num mundo externo com todos os perigos e desafios.
Ele procurou então, a segurança perdida em outras pessoas, e a medida que se decepcionava com elas buscava justamente o oposto delas, sempre em busca de tranquilidade, sossego e paz.


Sérgio conhece então Egbert, intitulado pelo narrador como seu único amigo verdadeiro, uma vez que era uma amizade sem interesses, apenas alicerçada em admirações sinceras. Egbert sempre tirava boas notas, e por essa razão foi convidado junto com Sérgio para um jantar na casa de Aristarco. Nesse jantar, D. Ema estava lá e Sérgio recebeu muitas carícias dela, reafirmando um amor platônico. Após esse acontecimento, ele sente-se homem e resolve se afastar de Egbert. 

Paralelamente, Franco morre de uma doença misteriosa, ocasionada por maus tratos no colégio.

Há então na escola uma solenidade onde o Aristarco recebe um busto em cobre. Dividido entre o orgulho e uma competição com o busto, Aristarco o recebe orgulhosamente. Porém, no desfecho do livro, acontece um incêndio, provavelmente provocado por Américo e a escola tem o seu fim. Sérgio fica na casa do diretor.



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Fontes:

educacao.globo.com
institutoclaro.org.br
brasilescola.uol.com.br
passeiweb.com
wikipedia.org
todamateria.com.br

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