Quando o Movimento do Realismo surge no Brasil em 1881, o País passava pelo processo do abolicionismo, um movimento que tinha surgido na Europa e promoveu o fim da escravidão brasileira em 1888.
Na mesma altura, em 1889, ocorre a Proclamação da República.
É nesse cenário, influenciado pelo Positivismo, pelo Socialismo e pelo Marxismo, que se desenvolvem ao longo dos anos 1800, que o Realismo surge no Brasil.
O Realismo no Brasil teve início no ano de 1881, quando Machado de Assis (1839-1908), que, até então, era um escritor romântico, publicou a obra realista Memórias póstumas de Brás Cubas. Dessa forma, o autor mostrava o seu desencanto com a estética romântica e o conservadorismo que ela representava.
Os escritores realistas e naturalistas no Brasil sofreram influência, principalmente, de autores europeus, como os franceses Gustav Flaubert (1821-1880), escritor realista, e Émile Zola (1840-1902), autor naturalista. Além deles, o português Eça de Queirós (1845-1900) foi uma grande influência para os escritores brasileiros.
Outro marco do Realismo Brasileiro foi o livro de Aloisio de Azevedo, O Cortiço, embora para alguns analistas, esse esteja enquadrado no Movimento Naturalista, mais radical em exibir a realidade nua e crua da sociedade.
Após a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, o escritor também publicou duas outras grandes obras realistas:
Quincas Borba e Dom Casmurro. Nelas o narrador empreende uma análise crítica da sociedade carioca e, sem idealizações românticas, faz um retrato fiel e irônico da corrupta e hipócrita burguesia do século XIX no Brasil.
O Realismo surgiu como forma de oposição ao Romantismo. Desse modo, esse antirromantismo levou os autores realistas a rejeitarem a subjetividade e o sentimentalismo, recorrendo também a uma linguagem mais objetiva e analítica. Portanto, eles abandonaram o teocentrismo e privilegiaram o antropocentrismo, isto é, valorizaram a razão.
No Brasil, o Realismo também é caracterizado pela ironia, principalmente em relação aos costumes da burguesia, classe social celebrada pelos românticos, mas atacada pelos realistas. Dessa forma, o narrador realista faz crítica sociopolítica, centrada nos acontecimentos contemporâneos, e análise psicológica dos personagens.
Os protagonistas, integrantes da elite burguesa, são descritos sem qualquer idealização. Comumente são retratados como opressores, corruptos e hipócritas. Assim, o casamento, instituição burguesa, é colocado em questão quando o narrador expõe o adultério feminino.
Para alguns, Machado de Assis é o único escritor brasileiro de fato realista, já que, no final do século XIX, a maioria dos escritores nacionais preferiu se filiar ao Naturalismo. No entanto, os dois estilos apresentam traços em comum, pois ambos são antirromânticos, privilegiam a razão e fazem crítica sociopolítica.
Na segunda metade do século XIX, a economia brasileira passava por grandes dificuldades. Com a proibição do tráfico de escravos em 1850, o país precisava buscar outro tipo de mão de obra. No entanto, os conservadores fazendeiros resistiam ao fim da escravidão, que só aconteceria em 1888.
Além disso, com os gastos da Guerra do Paraguai, que durou seis anos, isto é, de 1864 a 1870, o país ficou ainda mais endividado. Nesse contexto, o movimento republicano ganhou força, já que a monarquia representava um país conservador, no qual os fazendeiros escravocratas eram os maiores beneficiados.
Nas artes, como reflexo dessa situação, o Romantismo, que floresceu em meio ao conservadorismo monárquico, entrou em decadência. Desse modo, a estética realista assumiu o protagonismo, pois contrariava a idealização romântica para mostrar a realidade brasileira, de forma crítica e objetiva.
O que diferencia um do outro é o cientificismo, isto é, o Naturalismo busca na ciência explicações para o comportamento humano. Já o Realismo, apesar de ter uma visão científica, ou seja, objetiva da realidade, não recorre a teorias científicas da época, muitas vezes equivocadas, para determinar o destino de seus personagens.
Portanto, Machado de Assis não é um autor naturalista, mas os autores naturalistas podem ser considerados também realistas. Os autores brasileiros realistas e também naturalistas são:
Aluísio de Azevedo - O Cortiço
Raul Pompéia - O Ateneu
Visconde de Taunay - Inocência
Rodolfo Teófilo - A fome
Fontes:
wikipedia.org
google.com
todamateria.com.br
portugues.com.br
soportugues.com.br
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