segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024



O incêndio na Vila Socó foi um incêndio de grandes proporções que atingiu a favela de Vila Socó, em Cubatão, no estado de São Paulo, na madrugada entre os dias 24 e 25 de fevereiro de 1984. O número oficial de mortos é de 93 pessoas, o que é contestado.

No dia 24 de Fevereiro de 2024, a tragédia completou 40 anos.





Antecedentes

A Vila Socó, que ficava à margem da via Anchieta sobre uma faixa de mangue de aproximadamente 2 000 m x 80 m, tinha pouco mais de 6 mil habitantes distribuídos em cerca de seiscentos barracos, segundo dados de autoridades na época. Por outro lados, sobreviventes estimaram em até 12 mil o número de moradores e entre 1 200 e 2 500 a quantidade de barracos que compunham a favela. Boa parte da favela era sustentada por palafitas fincadas por quase todo o mangue. Os barracos eram ladeados por pontes (ou passarelas) de madeira, construídas para a circulação dos moradores.

Incêndio:


O incêndio foi causado por vazamento de combustíveis de oleodutos que ligavam a Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC) ao terminal portuário da Alemoa.

Pouco antes do incêndio, 700 mil litros de gasolina vazaram de um duto de uma refinaria da Petrobrás localizada próximo à região, o que contribuiu para seu início. Não se sabe se o fogo foi causado por uma faísca de um fósforo ou um curto-circuito.


Relatos da época dizem que alguns moradores armazenaram em suas casas garrafas com gasolina, que acabaram contribuindo para que o incêndio ficasse fora de controle. O produto se espalhou sob as palafitas com a movimentação das marés e cerca de duas horas depois do vazamento, aconteceu a ignição seguida de incêndio. O fogo se alastrou por toda a área alagadiça superficialmente coberta pela gasolina, incendiando as moradias de madeira.


O incêndio começou por volta da meia noite, na madrugada entre os dias 24 e 25 de fevereiro de 1984, na favela de Vila Socó, em Cubatão, no estado de São Paulo. Um dos primeiros bombeiros a chegar ao local foi o coronel reformado da Polícia Militar, José Marques Trovão Neto, que comentou que não tinha ideia da dimensão do incêndio, onde viu "muita tristeza": "Os moradores nos procuravam para irmos até os barracos deles e nós íamos até lá e estavam mulheres, crianças, bebês todos carbonizados. Foi muito triste". O fogo atingiu 1,2 mil barracos, matando 93 pessoas e deixando 3 mil desabrigadas, segundo dados oficiais.






Investigação

O acidente teve destaque em toda a imprensa. Investigações posteriores confirmaram que uma falha de comunicação entre um funcionário da Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão, e uma das pessoas responsáveis pela operação de um dos terminais da estatal, localizado no Porto de Santos, foi a provável causa do incêndio, Naquele dia, seria transferida uma grande quantidade de gasolina para o terminal, interligado com a refinaria por dutos que passavam debaixo da favela. Tempo antes do desastre, quando milhares de litros de gasolina começavam a ser transportados por um dos dutos, estava totalmente fechada uma válvula do terminal, que deveria estar aberta para receber o combustível. Isso possivelmente causou uma forte pressão no duto, culminando no seu rompimento e, consequentemente, no vazamento de cerca de 700 mil litros de gasolina, que se espalharam rapidamente pelas lamas do mangue. Assim, em poucos instantes, um fogaréu se alastrou por toda a favela. Também não foi descartada a hipótese de má conservação dos dutos, construídos nos anos 40, e sem manutenção há anos.





Com relação ao socorro às vítimas, houve um fator agravante: ao ser alertada por moradores logo no início do incêndio, a Petrobras declarou que não poderia tomar nenhuma decisão até a chegada de seu engenheiro responsável, que residia em Santos. Segundo um tenente da Polícia Militar, que coordenava os socorros na favela, a espera de mais de uma hora pela chegada do profissional complicou ainda mais os trabalhos de busca. A atitude da Petrobras foi classificada como de negligência.







Os números oficiais do incêndio são de 93 mortos, conforme apuração da Polícia Militar. Entretanto, são contestados por entidades e testemunhas que vivenciaram o episódio. Segundo eles, o número de vítimas poderia chegar a quatrocentos, já que informações paralelas às oficiais relatavam que mais de trezentas pessoas, em sua maioria crianças, desapareceram após a tragédia.

Como informou, Dojival Vieira dos Santos, advogado e na época vereador, hoje membro da Comissão da Verdade da OAB de Cubatão (CVOC), relatou o encontro que teve naquela ocasião com moradores da Vila Socó, os quais afirmaram que o número de mortos era muito maior do que o divulgado.





Ele informou ainda que, segundo sobrevivente que trabalhou no resgate dos corpos, de três a quatro corpos eram colocados em cada caixão. "Isso confirma o que dissemos ao longo desses 30 anos: de fato houve a manipulação do número de mortos para reduzir o impacto da tragédia. Ou seja, o número de mortos foi muito maior, mas ninguém foi punido", esclarece Vieira.

Segundo documentos inéditos obtidos pelo Jornal da Band em 2014, o número total de vítimas fatais pode ser de 508.

O pior é que tragédia como essa geram grande impacto e indignação na época, mas depois ficam esquecidas e não servem nem para prevenir outras tragédias.



Oito funcionários da empresa foram condenados em primeira instância e absolvidos depois de recursos. Em junho de 2014, a Comissão da Verdade da Assembleia Legislativa de São Paulo reabriu o caso para apurar responsabilidades de dirigentes da Petrobras e da Prefeitura Municipal de Cubatão.

As péssimas condições ambientais da cidade, com níveis extremos de poluição do ar, da água e do solo, transformaram-na em símbolo mundial de degradação do meio ambiente. Em setembro de 1984, seria decretado estado de emergência ambiental no município, o primeiro caso no Brasil.



Fontes:

www.sindipetrolp.org.br
www.al.sp.gov.br
wikipedia.org
google.com
memorialdademocracia.com.br

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