Elisa Alicia Lynch nasceu em Cork, na Irlanda, em 1834. Depois de um breve casamento, aos 15 anos, com um cirurgião francês, a bela irlandesa conheceria Solano López em janeiro de 1854, em Paris. O herdeiro da dinastia López, já feito general e presidente, fora à Europa adquirir barcos e armas. Lynch e Solano jamais se casariam, devido ao matrimônio anterior de Elisa, mas juntos teriam cinco filhos. Daí ter se tornado conhecida como "madame" ou "La Lynch" e muitas vezes apontada como "cortesã" pelos opositores, críticos do estilo parisiense que impôs ao país, incentivando a música e a arte e concentrando enorme poder, o que a fez acumular inimigos e admiradores.
Não passou despercebida do universo masculino de aventureiros e militares, que prevalecia em Argel, essa bela loira que cavalgava feito experimentado ginete. Muito cedo despertou paixões arrasadoras, em que pese o fato de a jovem Elisa se manter rigorosamente fiel ao seu marido, o oficial Quatrefages. O comandante militar do Segundo Império em Argel, um sedutor coronel do Exército francês e um jovem conde russo, aventureiro declarado, terminaram batendo-se em duelo, na disputa pela atenção da jovem, que insistia em não trair o seu esposo, que, de outro lado, pendia mais para as beneditinas pesquisas de insetos e endemias tropicais do que para as atenções domésticas de marido devotado. Do duelo de amantes não correspondidos resultou morto o comandante militar, tendo vindo a público a paixão desenfreada dos duelistas pela bela Elisa. O resultado não se fez esperar: o introvertido e inseguro capitão Quatrefages pediu a separação da sua esposa que, desolada, regressou a Paris.
Eliza e Solano Lopez
Aos 19 anos, em um baile dado no Palácio das Tulherias por Napoleão III, Elisa conheceu Francisco Solano López, filho do presidente do Paraguai, Carlos Antonio López, de visita em París e grande admirador do imperador, e o irmão deste, Benigno.
Este decidiu trazê-la consigo para o Paraguai, onde, segundo ele, ela se tornaria a Imperatriz da América Latina. Forte apoiadora das estratégias de guerra, insistia na posição do Paraguai contra a Tríplice Aliança. Fontes contrárias a ela fundamentam que todos os saques contendo luxuosidades ficassem em seu poder. Outras fontes sugerem que Elisa era implacável com os inimigos.
No Paraguai há um sentimento popular que Elisa foi uma mulher bondosa e que fazia ações de caridade ajudando vítimas da controversa Guerra do Paraguai. Fontes asseguram que ainda teve fôlego para cavar a sepultura do marido após ele ser morto em ataque sofrido na etapa final da Guerra do Paraguai e também de um filho morto na mesma ocasião.
Alguns historiadores afirmam que foi ela quem levou Solano López a entrar na guerra.
Eliza Lynch
Após ser aprisionada, ela foi levada a bordo de um navio chamado Princesa para Assunção, onde foi banida da nação pelo recém-criado governo provisório, constituído por paraguaios que lutaram a favor das forças aliadas e contra o exército de López. Ela voltou para a Europa com seus filhos restantes; e depois de cinco anos, e sob promessas do então presidente paraguaio Juan Bautista Gill de que seria respeitada, ela decidiu retornar ao Paraguai para se estabelecer lá e tentar reivindicar sua antiga propriedade. Ao chegar, no entanto, ela foi julgada e banida do país permanentemente pelo presidente Gill. Foi durante esses eventos que ela escreveu seu livro.
Gill, na verdade, a trouxe de volta para tentar descobrir onde Solano Lopez tinha escondido o suposto ouro da campanha da Guerra do Paraguai.
Elisa é tida por alguns como uma meretriz e interesseira, e que levou o Paraguai a uma guerra suicida contra três nações. Outros a rejeitavam por não ter se casado com Solano Lopez, embora se saiba que foi ele que nunca quis o casamento, uma vez que a união dela com o antigo marido foi feita na Igreja Protestante, não reconhecido pela Igreja Católica.
Eliza Lynch morreu na obscuridade em Paris em 25 de julho de 1886. Mais de cem anos depois, seu corpo foi exumado e trazido de volta ao Paraguai, onde o ditador general Alfredo Strossner a proclamou heroína nacional. Seus restos mortais estão agora localizados no cemitério nacional "Cementerio de la Recoleta".
Elisa Lynch acompanhou as tropas paraguaias, vestindo uniforme de coronel do Exército, exercendo as funções de enfermeira-chefe, bem como revisando a construção de trincheiras e supervisionando o abastecimento dos soldados. Chegou a residir, muitas vezes, com os seus cinco filhos nos acampamentos do Exército paraguaio, a fim de não abandonar o seu companheiro nas duras fainas da guerra. Organizou o que seria então o núcleo inicial do serviço secreto paraguaio, constituído por indígenas totalmente fiéis a ela, infiltrados no Exército e nas fileiras inimigas. Pouco antes de falecer Solano López, Elisa teve a tristeza e o orgulho de ver o seu próprio filho primogênito, jovem coronel, morrer combatendo heroicamente contra as tropas brasileiras.
Fontes:
wikipedia.org
google.com
ricardovelez.com.br
folha.uol.com.br
elnacional.com.py
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