segunda-feira, 30 de junho de 2025

 Vamos falar hoje de regência verbal e regência nominal.





Primeiro vamos definir o que é regência. "Regência é a relação que se estabelece entre uma palavra e seus complementos. Há dois tipos de regência na gramática da língua portuguesa: a verbal e a nominal. A regência verbal trata da relação de um verbo com seus complementos. A regência nominal trata da relação de um nome ou substantivo com seus complementos."



Regência Verbal

A regência verbal identifica o verbo que exige ou não complemento. O verbo que exige complemento é chamado de transitivo e o que não a exige é chamado de intransitivo.

- Verbo Transitivo Direto

O verbo transitivo direto é aquele que exige complemento SEM preposição, como os exemplos abaixo:

O candidato realizou a prova.

Ele estudou a matéria.

Note que os termos “a prova” e “a matéria” são complementos diretos do verbo e são chamados de objetos diretos. Normalmente, indica-se o reconhecimento do objeto direto com a pergunta “o quê?” ao verbo:

O candidato realizou o quê? (resposta: a prova)

Ele estudou o quê? (resposta: a matéria)

- Verbo Transitivo Indireto

Os verbos transitivos indiretos exigem complemento verbal COM preposição. Veja os exemplos:

O candidato duvidou do gabarito da prova.

Ele gosta de Matemática.

Note que os termos “do gabarito da prova” e “de Matemática” são complementos indiretos do verbo e são chamados de objetos indiretos.

Normalmente, indica-se o reconhecimento do objeto indireto com a pergunta “de/com/em/a quê?” ao verbo:

O candidato duvidou de quê? (resposta: do gabarito da prova)

Ele gosta de quê? (resposta: de Matemática)

2.3) Verbo Intransitivo

Os verbos intransitivos não exigem complementos verbais (objetos direto ou indireto), mas podem exigir circunstâncias adverbiais, como de lugar, modo, tempo etc:

Os problemas ocorreram.

Os problemas ocorreram naquela época na empresa.

Viajei para São Paulo.

Vim da Bahia ontem.

Na oração “Os problemas ocorreram.“, há o sujeito “Os problemas” e o verbo intransitivo “ocorreram”.

Na oração “Os problemas ocorreram naquela época na empresa.“, há o sujeito “Os problemas”, o verbo intransitivo “ocorreram”, o adjunto adverbial de tempo “naquela época” e o adjunto adverbial de lugar “na empresa”.

Na oração “Viajei para São Paulo“, há o verbo intransitivo “Viajei” e “para São Paulo” é o adjunto adverbial de lugar .

Por fim, na oração “Vim da Bahia ontem.“, o verbo “Vim” é intransitivo, “da Bahia” é o adjunto adverbial de lugar e “ontem” é o adjunto adverbial de tempo.

Regência Nominal:





"Na regência nominal, o termo regente é um nome (um substantivo, um adjetivo ou um advérbio). Ela ocorre quando um nome no enunciado tem complementos, geralmente ligados por meio de preposição.

Veja o seguinte caso:

“Estou obcecado por essa história de terror!”

Veja que a palavra “obcecado” é um adjetivo que caracteriza o sujeito “eu”. Esse adjetivo recebe um complemento: “por essa história de terror”. A regência do adjetivo “obcecado” requer a preposição “por”: “obcecado por”.

Vamos a outro exemplo:

“Meu pai tem muito orgulho das conquistas de minha irmã.”

Nesse outro caso, o substantivo “orgulho” tem o complemento “das conquistas de minha irmã”, que é ligado ao substantivo pela preposição “de”: “orgulho de”."


A regência nominal explica como um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) precisa de um complemento para completar seu sentido, e como essa relação é estabelecida, geralmente com o uso de preposições.

Exemplos:

Substantivo:
"Tenho saudades de você."


"Saudades" é o nome e "de você" é o complemento, ligado pela preposição "de".

Adjetivo:
"Ela é alérgica a amendoim."


"Alérgica" é o nome e "a amendoim" é o complemento, ligado pela preposição "a".

Advérbio:
"Ele mora perto de mim."


"Perto" é o nome e "de mim" é o complemento, ligado pela preposição "de".

Importância:
Conhecer a regência nominal é fundamental para a escrita e a fala corretas, pois evita erros comuns como o uso inadequado de preposições e garante a clareza e a precisão na comunicação.

Exemplos de preposições mais comuns em regência nominal:


a: "acessível a", "adaptado a"
de: "digno de", "certeza de"
com: "amoroso com", "compatível com"
em: "interessado em", "especializado em"
para: "bom para", "útil para"
por: "obcecado por", "conhecido por"



Fontes:

todamateria.com.br
brasilescola.uolo.com.br
estrategiaconcursos.com.br
google.com






sexta-feira, 27 de junho de 2025



A Batalha do Fort William Henry ou Cerco do Fort William Henry foi um cerco e captura do forte britânico William Henry, realizados em Agosto de 1757.

Alguns dos norte-americanos nativos, aliados de Louis Joseph de Montcalm, violaram os termos e mataram vários sobreviventes britânicos (mulheres, crianças e homens).

Cerco




O Tenente-Coronel britânico George Monro, resistiu ao longo cerco e bombardeamento dos franceses.Embora obstinado e relutante, Monro finalmente cedeu o forte aos franceses após interceptar uma mensagem de Daniel Webb o comandante do exército britânico na colônia de Nova Iorque, disse que seria impossível enviar reforços para aliviar a situação em Fort William. Assim, com pouca esperança de alívio, Monro concordou com os termos de Montcalm, que permitiam que os britânicos saíssem do forte com as suas armas e terem a possibilidade de retirada sem serem atacados. Após a retirada britânica, os americanos nativos aliados aos franceses atacaram e mataram a poucas centenas de soldados e civis somados em 3000. Historiadores dizem que é provável que Montcalm tentou impedir o ataque.






O General Webb na realidade, enviou reforços para Fort William Henry, mas eles chegaram tarde demais, Webb retornou a Inglaterra por causa de seu fracasso. A perda de Fort William Henry foi um golpe de estratégia que impedia qualquer tentativa de ataque a Montreal pelo resto do ano.


O forte atualmente



O Massacre

Montcalm tentou negociar uma rendição honrosa com as tropas britânicas. Para os nativos americanos, a única forma de renúncia honrosa, era morrer tranquilamente, sem uma luta, ou em cativeiro, ou cantar uma canção de morte para agrada-los.Na verdade, o conceito de renúncia foi considerado fora de questão para a maioria das tribos, porque muitos presos eram torturados até à morte, portanto, a mais digna rendição e menos dolorosa era morrer lutando contra o impossível. Os chefes das tribos nativas tinham uma vaga compreensão da paz militar europeia, mas não se comunicavam com êxito para os seus mais de 1000 homens que falavam vários idiomas. Sabendo da raiva e da confusão sobre os seus termos paz, Montcalm e seus homens foram em direção ao forte. Quando alguns nativos viram as tropas marchando para fora do forte, formaram um grito de guerra, alertando o resto dos nativos. E o resto dos nativos foram atrás de uma guerra a prêmio.






Muitos dos nativos levaram soldados para casa como escravos, ou para vender para os franceses como servos. Escalpes foram feitos sobre vários mortos por morrerem com bravura. Dos 2308 soldados, 2000 fugiram ou foram presos. Muitos deles foram devolvidos por meio de negociações com os franceses. Em alguns casos, o governo da Nova França libertou americanos e britânicos por compra-los a partir dos nativos.

Louis-Joseph de Montcalm tentando parar o ataque dos nativos americanos.



O Forte






Na década de 1950, o forte foi reconstruído como destino turístico para a Cidade do Lago George.

Os acontecimentos da batalha e do massacre foram representadas em 1826 no romance The Last of the Mohicans por James Fenimore Cooper que virou filme.



Fontes:

wikipedia.org
google.com
aventurasnahistoria.com.br


quinta-feira, 26 de junho de 2025



Vários deuses e figuras míticas em diferentes culturas são associados a nascimentos de virgens e, em alguns casos, a ressurreição. Embora as narrativas possam variar, temas como o nascimento virginal e a ressurreição são comuns em diversas tradições religiosas e mitológicas, incluindo divindades solares como Hórus e deuses como Krishna e Mithras, bem como figuras míticas como Dionísio.


Filho de Jeová é cópia de deuses da antiguidade


O relato bíblico da vida de Jesus Cristo é parecido com o de deuses de diversas culturas anteriores ao cristianismo. As coincidências são tantas que, para estudiosos, a explicação só pode ser uma: Jesus foi inventado por grupos de judeus com base em divindades da antiguidade. 

Seguem cinco exemplos de deuses que serviram de modelos para construção do mito Jesus.


1. Hórus (3.100 a.C.)






Hórus era o Deus do Céu no Egito Antigo. Estudiosos argumentam que ele foi o modelo mais consistente na qual se baseou a história de Jesus.

Ele tinha 12 discípulos — um deles nasceu de uma virgem em uma caverna.


Como Jesus, seu nascimento foi anunciado por uma estrela e três sábios.

Hórus foi batizado quando tinha 30 anos por Anup, o batista, assim como Jesus foi por João Batista no Rio Jordão.

O deus do Egito caminhou sobre as águas e ressuscitou um morto. Foi crucificado e voltou a viver no terceiro dia.

2. Buda (563 a.C.)


Buda



Siddhartha Gautama foi fundador do budismo que viveu no século 6 a.C.

Ele curou doentes, caminhou sobre a água e alimentou 500 pessoas com uma cesta de bolos.


Pregou o amor ao próximo, foi preso, morreu e ressuscitou.


3. Mithra (2.000 a.C.)


Mithra


Mithra é uma divindade zoroastrista que nasceu de uma virgem em uma manjedoura em 25 de dezembro.


Teve 12 discípulos e curou pessoas.


Deu sua vida para salvar o mundo, morreu e ressuscitou no terceiro dia.

Era chamado de “o Caminho, a Verdade e a Luz”.


Seus seguidores tinham um ritual que era a “ceia do Senhor”.
4. Krishna (3.000 a.C.)



Krishna




No nascimento de Krishna, divindade hindu, três sábios deram de presente para a família ouro, incenso e mirra.


Na época de seu nascimento, um governante, na tentativa de que ele sobrevivesse, mandou mandar todos os recém-nascidos.


Krishna foi batizado em um rio e realizou milagres, entre os quais ressuscitar mortos e curar cegos e surdos.


Quando morreu, ascendeu dos mortos para o Céu e seus seguidores esperam que volte à Terra para combater o Príncipe do Mal.




5. Osíris (3.100 a.C.)






Pai de Hórus, Osíris foi morto, ficando no inferno por três dias, antes de ressuscitar.


Tinha doze discípulos e fez milagres. Jesus é aglutinação de mitos que simbolizam Deus e Satanás. Não há registro histórico da existência de Jesus, afirma Bart Ehrman. Muito se fala de Jesus, mas quase nada se sabe sobre ele.







Mateus e João foram apóstolos de Jesus, e o conheceram. Já Paulo e Lucas não. Não existe dentre os escritos romanos da época um Jesus Cristo, que tenha sido crucificado.



Fontes:

paulolopes.com.br
google.com
wikipedia.org
abiblia.org

quarta-feira, 25 de junho de 2025



William Wallace



Willian Wallace




Em agosto de 1305, William Wallace (1272 ou 12731 – 23 de agosto de 1305), um guerreiro escocês teria sido traído por um compatriota e preso pelos ingleses para uma terrível execução, comandada pelo rei Eduardo I. Líder da resistência contra a dominação inglesa, ele se tornou muito conhecido após ser biografado no filme "Coração Valente", dirigido e estrelado por Mel Gibson. Ainda há controvérsias sobre o dia de sua captura, mas acredita-se que sir John Mentieth capturou William Wallace em algum lugar perto de Glasgow.





Desde o início, o filme Coração Valente retrata William Wallace como um plebeu, e essa é a ideia que a maioria das pessoas tem na cabeça quando pensam em quem foi William Wallace – apenas um homem comum que ganha um poder incomum. Isto contudo, não foi o caso.








William Wallace nasceu na pequena nobreza por volta de 1270, no sudoeste da Escócia. O local de seu nascimento está aberto à especulação e várias fontes sugerem vários locais. Tradicionalmente, seu local de nascimento é Elderslie, Renfrewshire. Sua família possuía várias propriedades.






Muito pouco se sabe sobre a infância de Wallace, e o que se sabe é extraído de especulações sobre os restos físicos do selo de seu pai em uma carta e nos escritos de um menestrel conhecido como Cego Harry. De acordo com Cego Harry, William Wallace também tinha dois metros de altura. Da mesma forma, o abade do século XV, Walter Bower, afirma que William Wallace era um homem gigante. Não se sabe se estes relatos são verdadeiros, por isso é impossível distinguir factos de ficção a este respeito.



Batalha da ponte de Stirling




Tradicionalmente, diz-se também que Wallace era descendente da irmã de São Patrício. Se isto for verdade, esta linha ancestral teria vindo do País de Gales.

Em setembro de 1297, as tropas de Wallace e Andrew Moray se uniram para deter o avanço do exército inglês. Na subsequente batalha da ponte Stirling, embora em menor número, os escoceses conquistaram sua primeira vitória significativa na guerra. John de Warenne, 6º Conde de Surrey, liderava uma tropa de 3 000 cavaleiros e entre 8 mil e 10 mil soldados de infantaria, se movendo a partir do Castelo de Stirling, considerado o coração da Escócia. Para avançar pela região, contudo, era necessário passar por uma ponte de madeira estreita. Quando metade das forças inglesas cruzou o rio, os homens de Wallace e Moray atacaram e massacraram boa parte da tropa inimiga. A ponte colapsou e caiu, dando uma importante vitória aos escoceses, aumentando sua moral e confiança.









Brave Heart - Coração Valente - trailer





Wallace foi levado para Londres e julgado, sem chance de defesa, por um tribunal designado pelo rei Eduardo I. Ele foi condenado por traição e assassinato. Sua sentença de morte foi extremamente cruel. Ele foi enforcado até ficar inconsciente, depois estripado e finalmente decapitado. Seu corpo foi esquartejado depois disso, e a cabeça ficou pendurada em lugar público.



Willian Wallace


A luta de Wallace contudo não foi em vão. Pouco depois da sua execução, a luta contra o domínio inglês teve sequência, e a independência da Escócia foi restabelecida por Robert Bruce.


Eduardo I







Fontes:
wikipedia.org
seuhistory.com
google.com
youtube.com
historiamedieval.com


terça-feira, 24 de junho de 2025



Hoje vamos falar de Ana Bolena.










Ana Bolena foi a segunda esposa de Henrique VIII, rei da Inglaterra. O casamento foi polêmico já que o rei teve que anular sua união com Catarina de Aragão, o que era proibido. Por conta do episódio, Henrique VIII foi excomungado pelo Papa Clemente VII e fundou a Igreja Anglicana. Ana foi coroada rainha no dia 23 de maio de 1533 e manteve-se no trono por aproximadamente 1000 dias. Da união com Henrique VIII, Ana teve uma filha, mas nunca conseguiu gerar um menino. Sua filha, Elizabeth, se tornou umas das maiores rainhas da Inglaterra.








Ana Bolena nasceu em torno de 1501, provavelmente em Bickling (Norfolk), na Inglaterra, e foi executada no dia 18 de maio de 1536, na Torre de Londres. Ela era filha de sir Thomas Bolena (Boleyn) e de Isabel Howard, filha do duque de Norfolk. Após passar os anos 1519 a 1521 na corte francesa, Ana regressou à Inglaterra e foi cortejada pelo próprio rei. Ela era uma das mais admiradas senhoritas da corte e chamava a atenção de vários homens.


Na contramão do que alega a grande maioria dos historiadores contemporâneos, partidários da inocência da rainha, o autor George Bernard, professor da Universidade de Southampton, na Inglaterra, acredita que ela pode ter mesmo pulado a cerca. E até três vezes, talvez por causa da desesperada tentativa de conseguir um herdeiro do rei.


O pesquisador contesta a visão de que a mais famosa dos Bolenas tenha sido vítima de uma armação, seja por parte de Henrique VIII, interessado em ter um filho homem (que ela não dava), seja por parte de nobres inimigos, em busca de mais poder.


Para chegar a essa conclusão, Bernard baseia-se principalmente em um poema de 1536, escrito por Lancelot de Carles, diplomata francês na Inglaterra. Segundo um dos trechos, a infidelidade da rainha veio à tona por acaso, numa discussão entre uma de suas damas de companhia, a condessa de Worcester, e o irmão, que a acusava de adultério.


Na tentativa de se defender, a condessa teria alegado que suas escapadas não eram nada se comparadas às da rainha - ela, sim, ia para cama não só com um músico da corte, mas com o próprio irmão. Pronto, estaria engatilhado o processo que custou a vida de Ana e a de seus cinco supostos amantes. Entre eles, o músico da corte Mark Smeaton, o único réu confesso. Interrogado, disse que dormiu três vezes com a rainha.

Por outro lado, outros historiadores afirmam ao contrário.

O historiador e biógrafo Eric Ives acredita que o político Thomas Cromwel, primeiro ministro de Henrique VIII,  pode ter planejado a queda e execução de Ana Bolena. As conversas entre ele e Chapuys o indicam como instigador da trama para remover a rainha. Prova disso é vista através de cartas escritas por Chapuys sobre como Ana diferiu com Cromwell sobre a redistribuição das receitas da Igreja e sobre a política externa. Ela defendeu que as receitas deveriam ser distribuídas para instituições beneficentes e educacionais, e era a favor de uma aliança com a França. Cromwell insistia em encher os cofres exauridos do rei, e preferiu uma aliança imperial. Por estas razões, sugere Eric Ives, "Ana Bolena tornou-se uma grande ameaça para Thomas Cromwell". Por outro lado, John Schofield, também biógrafo, alega que não houve luta pelo poder existente entre Ana e Cromwell, e que "nenhum traço pode ser encontrado de uma conspiração por parte de Cromwell contra Ana. Cromwell envolveu-se no drama real conjugal somente quando Henrique VIII o mandou para o caso". Cromwell não fabricou as acusações de adultério, embora ele e outros da corte tenham usado tais comentários para sustentar a crise conjugal de Henrique VIII e Ana Bolena. O historiador Retha Warnicke questiona se Cromwell poderia ter manipulado o rei em tal assunto. Henrique se emitiu as instruções cruciais: seus oficiais, incluindo Cromwell, foram deixados de fora. O resultado, os historiadores concordam, era uma farsa jurídica.


Ana Bolena na Torre de Londres



Fontes:
seuhistory.com/biografias/ana-bolena
aventurasnahistoria.uol.com.br
google.com
wikipedia.org

segunda-feira, 23 de junho de 2025

 Os Goytacazes




Os Goytacazes era uma tribo indígena brasileira, que vivia na região litorânea entre os atuais estados do Espírito santo e Rio de Janeiro.




Era a tribo mais temida e arredia e refutava o contato com os colonizadores portugueses. Tinham uma habilidade muito grande para nadar e eram velozes na corrida, daí vem o nome.

Seu rito de passagem da adolescência para fase adulta consistia no guerreiro nadar no mar e capturar um tubarão, no qual enfiavam uma lança pela goela e o traziam para terra, demonstrando sua coragem .



"Guaitacá", "goitacá" e "goitacaz" procedem do termo tupi antigo para essa etnia: guaîtaká. Os especialistas aventam duas possibilidades sobre o significado do étimo:

1) "grandes corredores", a partir da palavra tupi guatá, que significa "correr", "marchar".

2) "gente que sabe nadar", a partir dos termos tupis aba ("homem"), ytá ("nadar") e quaa ("saber").





Fisicamente, possuíam pele mais clara, eram mais altos e robustos que os demais índios do litoral do Brasil. Reuniam, ainda, uma "força extraordinária e sabiam manejar o arco com destreza". Tinham o hábito de dançar e cantar em ocasiões festivas, usando o jenipapo para a pintura do corpo e penas de aves com as quais adornavam seus objetos. Viviam nus, deixando o cabelo comprido, formando uma longa cabeleira. Sua alimentação constava de frutos, raízes, mel e, principalmente, de caça e pesca. Eram supersticiosos quanto à água para beber, não bebendo-a de rios e lagoas, mas sim das cacimbas.

Mantinham comércio com os colonizadores europeus, mas com uma peculiaridade: não se comunicavam com os colonizadores. Deixavam seus produtos em um lugar mais elevado e limpo, ficando à distância, observando as trocas. Davam mel, cera, pescado, caça e frutos em troca de enxadas, foices, aguardente e miçangas. Assim como os demais povos indígenas brasileiros, os goitacás guerreavam entre si e contra seus vizinhos. "Quando não se julgam fortes, fogem com ligeireza comparável à dos veados." Além do arco e da flecha, faziam, com perfeição, trabalhos com penas de aves multicoloridas, usando-as no corpo e nas armas e também em ocasiões festivas. Trabalhavam o barro, enterrando seus mortos em igaçabas.






O rei de Portugal D. João III doou as terras entre o Cabo de São Thomé e Cabo Frio a Pero de Góes, que aqui desembarcou em 1539. A Capitania de São Thomé tinha 30 léguas de costa, e, para colonizá-la, Pero convidou o amigo Martim Garcia, alguns parentes e dez ou vinte colonos. Eles fundaram uma povoação entre os rios Itabapoana e Paraíba do Sul, na região do atual município de São João da Barra, batizando-a de Vila da Rainha, onde plantaram as primeiras mudas de cana-de-açúcar do estado. Segundo o frei Vicente do Salvador, que escreveu uma história do Brasil em 1627, a povoação esteve bem nos dois primeiros anos. Depois, os índios se insurgiram e atacaram o povoado durante cinco ou seis anos, intercalados por breves tréguas. O fidalgo não suportou a sequência de ataques e partiu com sua gente para o Espírito Santo, usando embarcações que lhe emprestou o negociante Martim Ferreira. Num dos trechos do livro, o padre diz o seguinte: “No distrito desta terra dos Aitacazes, que é toda baixa e alagadiça, estes gentios vivem mais à maneira de homens marinhos do que terrestres; e assim nunca se poderão conquistar [...] porque quando se tenta colocar as mãos neles, metem-se dentro das lagoas, onde não há entradas a pé nem a cavalo; são grandes nadadores e a braços tomam peixe, ainda que sejam tubarões, para o que levam um pau de mais ou menos um palmo que lhes metem na boca direito, e como o tubarão fique com a boca aberta, [...] com a outra mão lhe tiram as entranhas. [...] Os levam para a terra não tanto para os comerem, mas para dos dentes fazerem as pontas de suas flechas, que são peçonhentas e mortíferas, e para provarem força e ligeireza. Dizem que as provam com os veados nas campinas, tomando-os a punhos, e ainda com os tigres e onças e outros ferozes animais. “Estas e outras incríveis coisas se contam deste gentio, creia-as quem quiser, porque nunca foi alguém ao seu poder que retornasse com vida para contar”. Na ‘Historie Pittoresque des Voyages’, também faz outro relato assustador sobre os Goitacás, que seriam canibais que adoravam carne européia. Diz parte do texto: “Os Ouetacás não cessam de guerrear seus vizinhos e não recebem estrangeiros entre eles para negociarem. Quando eles não se julgam mais fortes, fogem com ligeireza comparável à dos veados. Seu porte sujo e asqueiroso, seu olhar feroz e sua fisionomia brutal fazem dele o povo mais odioso do Universo; ele se distingue da maior parte dos indígenas do Brasil pela sua cabeleira a qual deixam cair pelas costas e só cortam um pequeno círculo na fronte. Sua linguagem não parece com as dos mais próximos vizinhos. Não se trata com eles senão de longe e sempre com a arma em punho, para reprimir pelo medo um apetite desordenado que se excita neles à vista da carne branca dos europeus. As permutas se fazem à distância de cem passos, quero dizer, de uma a outra parte se leva a um lugar igualmente distanciado as mercadorias. Amostram-nas de longe, sem pronunciar uma palavra e cada um deixa ou toma o que lhe convém. Mais parece que a desconfiança é recíproca e que, se os portugueses temem serem devorados, os Ouetacás não temem menos a escravidão”. Como se vê, tudo o que norteava a atitude arredia dos índios de Campos era a manutenção de sua soberania e liberdade. Aos portugueses, qualquer ato que impedisse a colonização era tido como criminoso, razão pela qual tão facilmente se disseminaram as histórias de canibalismo. Se um índio fosse pego cortando uma cana ou um cacho de bananas, atos que para ele eram o costume desde tempo imemoriais, seria logo castigado ou escravizado; sem compreender a punição, os índios, logo que se soltavam, retornavam à tribo para dar conta da violência que sofreram, despertando o compreensível clamor de vingança entre os seus. Os Goitacás, então, atacavam os telhados dos colonos, feitos de palha, com flechas incendiárias, para depois alvejarem seus moradores.







Os Goytacazes foram dizimados por uma epidemia de varíola, contraída por roupas de doentes deixadas de propósito pelos colonizadores portugueses.





Foram homenageados em 1857 pelo escritor brasileiro José de Alencar em seu romance O Guarani. Nessa obra, o protagonista, Peri, é um índio goitacá que realiza grandes proezas, lutando contra os aimorés,  contra o homem branco e até contra os elementos naturais, tudo para agradar e salvar sua predileta, Cecília, filha de um nobre português (ainda que, contraditoriamente, o título do livro se refira à etnia dos guaranis, que nada tem a ver com os goitacás).O topônomi0 da atual cidade de Campos de Goytacazes também é uma homenagem aos goitacás. Assim como o nome de um dos principais times de futebol da cidade, o Goytacaz Futebol Clube, fundado em 1912.



Fontes:

wikipedia.org
google.com
bbc.com
instituohistoriar.blogspot.com
jornalnota.com.br
cliquediario.com.br

sexta-feira, 20 de junho de 2025

Vamos falar hoje dos caminhos da Independência. as trilhas percorridas por D.Pedro I de Santos até o riacho do Ipiranga.





Erros e acertos dos caminhos da Independência, Pesquisadores do Museu Paulista corrigem detalhes do percurso feito por dom Pedro em 7 de setembro de 1822. 


Em 7 de setembro de 1822, antes de subir a serra do Mar e chegar à cidade de São Paulo, então com 10 mil habitantes, Pedro de Alcântara (1798-1834), filho do rei de Portugal, dom João VI (1767-1826), e príncipe regente do Brasil, valeu-se de um barco para ir de Santos a Cubatão. O trecho não foi feito a cavalo, como consta em alguns livros de história, porque não havia caminho por terra entre a ilha santista e o continente.

Ao subir a serra por um caminho de pedra conhecido como Calçada do Lorena e mesmo ao gritar o famoso “Independência ou morte”, o príncipe regente e seus 36 acompanhantes provavelmente estavam em mulas, não em cavalos garbosos como os do famoso quadro do pintor Pedro Américo (1843-1905). As mulas eram o meio mais seguro de subir a serra do Mar e não há relatos de que tenham trocado de animais, de acordo com estudos recentes de pesquisadores do Museu Paulista (MP).


Outra conclusão das pesquisas: o lugar exato da declaração da Independência encontra-se na verdade a 200 metros (m) ao norte de onde o marco histórico, uma rocha em forma de paralelepípedo, foi colocado em 1825, a 600 m do riacho do Ipiranga, um córrego de 9 quilômetros (km) hoje parcialmente canalizado. O marco colocado em lugar errado foi perdido e só reencontrado em 1922, durante a reforma do Parque da Independência, mas não foi mais reposto.

“Estamos consertando muitos detalhes da história da Independência”, diz o engenheiro especializado em cartografia histórica Jorge Pimentel Cintra, da Escola Politécnica e do MP, ambos da Universidade de São Paulo (USP), que em 2013 refez e apresentou o mapa das Capitanias Hereditárias na revista Anais do Museu Paulista. Nos últimos três anos, ele consultou relatos e representações gráficas, subiu e desceu a serra do Mar várias vezes e conversou longamente com colegas historiadores.

Como resultado, ele refez a cartografia dos 64 km percorridos em um dia por dom Pedro desde Santos até o Pátio do Colégio, então sede do governo paulista. Foi lá que terminou o dia de trabalho do então futuro primeiro imperador do Brasil. À noite ele foi ao teatro da Ópera, ostentando uma braçadeira de ouro confeccionada às pressas em que se lia “Independência ou morte”. Em uma das exposições do MP que deve ser aberta em 7 de setembro, um vídeo de 10 minutos mostrará, por meio de um sobrevoo, o caminho entre Santos e o Pátio do Colégio no dia da Independência.

Um dos mapas elaborados pela equipe do museu apresentará a Calçada do Lorena, a primeira estrada pavimentada entre a capital e o porto de Santos, usada para escoar a produção de açúcar do interior paulista. “Até agora, não havia nenhum mapa detalhado”, afirma Cintra, que percorreu o caminho marcando as coordenadas com um aparelho de GPS (ver quadro e mapa).

Do Paço Imperial ao Pátio do Colégio A viagem que culminou com a Proclamação da Independência começou quase um mês antes. Na manhã de 14 de agosto de 1822, decidido a fazer alianças com fazendeiros, desfazer ameaças de motins e preparar o terreno para a separação política de Portugal, o príncipe, com sua comitiva, saiu do Palácio Imperial, atualmente chamado Palácio de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Atravessou cidades do Vale do Paraíba, então uma próspera região cafeeira e, depois de cavalgar cerca de 500 km, chegou a São Paulo em 25 de agosto (ver mapa).

Dez dias depois de conversas com políticos, beija-mãos e acenos para o povo, Pedro retomou o roteiro planejado e, agora de mula, seguiu para o litoral: desceu a Calçada do Lorena e chegou à então vila de Santos. Passou ali o dia 6, em visita a fortalezas e à família de seu ministro José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838). 



“Barreiros diz que dom Pedro e sua comitiva passaram por um aterro e cruzaram rios para ir de Cubatão a Santos, mas não é possível, porque esse caminho só foi construído cinco anos depois”, comenta Cintra, após examinar os relatos e os mapas do Itinerário. Sua conclusão é de que os viajantes devem ter ido de barco ou saveiro, como os retratados em Santos na época pelo pintor e naturalista britânico William Burchell (1781-1863). “O caminho por barco passa pelo largo do Caneu, em Santos, e segue pelo rio Cubatão até o porto de desembarque”, diz ele. “Essa correção proposta pelo Cintra é absolutamente necessária, porque o que estava sendo dito não existia em 1822”, reforça o historiador e curador do MP Paulo César Garcez Marins, que não participou da pesquisa.

Na madrugada do dia 7, um sábado, Pedro, com seu grupo, voltou à capital da capitania de São Paulo subindo a Calçada do Lorena, que a equipe do museu examinou atentamente. O nome é uma homenagem ao governador da capitania de São Paulo, o português Bernardo José Maria de Lorena (1756-1818), que promoveu sua construção.

Bastante íngreme, com um desnível de cerca de 700 m entre as pontas, tem um trajeto em ziguezague, com 133 curvas e não 180, como atestou o grupo da USP, largura entre 3,2 m e 4,5 m e uma extensão de cerca de 9 km, cercada de mata densa, com chuva constante, sem cruzar nenhum curso d’água.

A Calçada foi planejada por engenheiros militares, construída por mão de obra escravizada e operou de 1790 a 1846, substituindo “caminhos que pouco mais eram do que as primitivas trilhas indígenas”, acentuou o arquiteto e professor da USP Benedito Lima de Toledo (1934-2019) em um artigo publicado em dezembro de 2000 na revista PosFAUUSP.

“O que mais surpreendeu a população foi a técnica empregada na pavimentação: o calçamento com lajes de pedra”, relatou Toledo. Segundo ele, a nova técnica de pavimentação assegurou “o trânsito permanente de tropas de muares que, por essa época, principiavam a ser largamente empregadas no transporte de carga”. Antes, tudo o que se destinava ao porto de Santos era “transportado no ombro de indígena”.

Tomada pela mata, a Calçada foi restaurada no início da década de 1990 pela Eletropaulo, estatal do setor elétrico hoje extinta, gerenciada pela Fundação Florestal e concedida para exploração da iniciativa privada em 2020. Foi aberta para visitação no ano seguinte e recebe atualmente de 3 mil a 5 mil pessoas por mês, de acordo com o biólogo Maycon de Oliveira Morais, da empresa Parquetur. “Aprendemos muito com a equipe do museu”, diz ele.



Estrada do Lorena



Cintra e sua equipe mapearam o primeiro trecho, de cerca de 4 km, aberto para visitação, e o segundo, com 2 km, ainda sem acesso para turistas. O trecho restante, da cota (altitude) 150 até o nível do mar, foi incorporado pela refinaria Presidente Bernardes, inaugurada em 1955. Os pesquisadores não conseguiram acesso para examinar essa parte da Calçada.

“No planalto, a Calçada passava em frente da capela de Nossa Senhora da Boa Viagem, no centro da cidade de São Bernardo do Campo”, informa o pesquisador. Ele refez o trajeto usando um mapa de 1900 da Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo e outro de 1832, elaborado por ordem de Rafael Tobias de Aguiar (1794-1857), então presidente da província. O príncipe regente passou também em frente ao atual Instituto de Tecnologia Mauá e cruzou duas vezes o ribeirão dos Meninos antes de chegar ao Ipiranga, então um descampado. Hoje, não há nenhum registro físico da Calçada nessas localidades.

Por volta das 16h30 de 7 de setembro, Pedro e seu séquito estavam em uma colina próxima ao riacho do Ipiranga quando dois mensageiros os encontraram para entregar ao príncipe cartas de sua esposa, Leopoldina (Leopoldina Carolina Josefa de Habsburgo-Lorena, 1797-1826), de José Bonifácio, de dom João VI e de seu amigo Henry Chamberlain (1796-1844), descrevendo os conflitos com Portugal e incitando-o à separação política da metrópole. Inversamente, as instruções das cortes de Portugal exigiam seu regresso imediato e a prisão de José Bonifácio.

Há dois relatos sobre o que se passou em seguida.

No primeiro, registrado no livro D. Pedro I e o grito da Independência (Melhoramentos, 1921), do historiador Francisco de Assis Cintra (1887-1947), o padre Belchior Pinheiro de Oliveira (1775-1856) relatou: “Dom Pedro, tremendo de raiva, arrancou de minhas mãos os papéis e, amarrotando-os, pisou-os, deixou-os na relva. Eu os apanhei e guardei. Depois, virou-se para mim e disse: ‘E agora, padre Belchior?’. E eu respondi prontamente: ‘Se Vossa Alteza não se faz rei do Brasil será prisioneiro das cortes e, talvez, deserdado por elas. Não há outro caminho senão a independência e a separação’”.

O príncipe disse ainda, enquanto caminhava: “As cortes me perseguem, chamam-me com desprezo de rapazinho e de brasileiro. Pois verão agora quanto vale o rapazinho. De hoje em diante estão quebradas as nossas relações; nada mais quero com o governo português e proclamo o Brasil, para sempre, separado de Portugal”. E, por fim, virou-se para seu ajudante de ordens: “Diga à minha guarda que eu acabo de fazer a Independência do Brasil. Estamos separados de Portugal”. Depois, proclamou novamente a Independência, diante da guarda de honra.

Apresentado no Historia do Brasil-Reino e Brasil-Império (Pinheiro, 1871), do historiador Alexandre Jose de Mello (1816-1882), o segundo relato, do comandante da guarda de honra, Manuel Marcondes de Oliveira e Melo, barão de Pindamonhangaba (1780-1863), é mais teatral: “Diante da guarda, que descrevia um semicírculo, [o príncipe regente] estacou o seu animal e, de espada desembainhada, bradou: ‘Amigos! Estão, para sempre, quebrados os laços que nos ligavam ao governo português! E quanto aos torpes daquela nação, convido-os a fazer assim’. E arrancando do chapéu que ali trazia a fita azul e branca, a arrojou no chão, sendo nisso acompanhado por toda a guarda que, tirando dos braços o mesmo distintivo, lhe deu igual destino. […] ‘E viva o Brasil livre e independente!’, gritou dom Pedro. Ao que, desembainhando também nossas espadas, respondemos: ‘Viva o Brasil livre e independente! Viva dom Pedro, seu defensor perpétuo!’ […] E bradou ainda o príncipe: ‘Será nossa divisa de ora em diante: Independência ou morte!’.[…] Por nossa parte, e com o mais vivo entusiasmo, repetimos: ‘Independência ou morte!’”.

Para saber onde tudo isso se passou, exatamente, Cintra examinou pinturas, fotos, relatos e mapas antigos. Encontrou incoerências, foi a campo com trena, bússola e GPS e mediu a distância entre o riacho do Ipiranga, com margens hoje concretadas, e uma ponte, hoje desfeita. “Em 1822, a ponte situava-se um pouco à direita da atual passarela metálica verde, mais próxima da rua Leais Paulistanos, e um pouco ao sul do curso d’água atual, retificado nesse trecho por ocasião da implantação do Monumento à Independência”, escreveu ele em um artigo de dezembro de 2021 na Anais do Museu Paulista.

Em 1825, como resultado de uma sessão da Câmara Municipal de São Paulo  feita em campo e com a ajuda de topógrafos e de pessoas que testemunharam a proclamação, uma baliza foi colocada a 405 m da ponte. Por alguma razão desconhecida, 40 dias depois, sem considerar o local da baliza, provavelmente arrancada, implantou-se um marco – uma pedra –, colocado a 200 m do ponto determinado pela medição inicial.

Cintra concluiu que o lugar estava errado, por ser uma região relativamente plana, divergindo dos relatos segundo os quais o príncipe regente estava à meia altura de uma colina. “A pedra foi enterrada e perdida pouco tempo depois, encontrada em 1875 e novamente enterrada e perdida, mas ficando o local como sendo o correto”, comenta o pesquisador do MP.

Em 1902, o médico e ornitólogo alemão Hermann Von Ihering (1850-1930), primeiro diretor do MP, levou as dúvidas sobre o local exato para um debate com os colegas do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (IHGSP). Como resultado, uma comissão coordenada pelo engenheiro Antonio de Toledo Piza e Almeida (1848-1905), um dos fundadores do instituto, confirmou o equívoco da medição anterior, fez outra e instalou, agora em local correto, a 405 m da antiga ponte do Ipiranga, um mastro, ao lado de outra pedra.

Removidos em 1922 durante uma reforma do parque da Independência, não foram mais repostos – o marco está hoje no acervo do museu. “Desde 1922 nada mais se fez”, comenta Cintra, “permanecendo ignorado ou pouco destacado o lugar mais preciso da Independência”.

Se ao chegar ao planalto o futuro imperador e seu séquito estavam em mulas, mais seguras e resistentes que os cavalos, mais velozes e usados em terrenos planos, por que Pedro Américo pintou cavalos no famoso quadro Independência ou morte, conhecido também como Grito do Ipiranga, até hoje mantido como a peça mais importante do Museu Paulista?

“Por causa das convenções da pintura histórica europeia, que determinava que as montarias em cenas heroicas ou de batalhas teriam de ser cavalos”, argumenta Marins. “Essa era a maneira adequada de representar o passado. Pintar mulas seria falta de decoro.”

Américo fez o quadro por encomenda do governo imperial, inspirado no francês Ernest Meissonier (1815-1891), que pintou a Batalha de Friedland (1875). Ele expôs a obra pela primeira vez em Florença, na Itália, em 1888, em uma cerimônia à qual compareceram o imperador do Brasil dom Pedro II (1825-1891) e a rainha britânica Vitória (1819-1901). Com 4,15 m por 7,60 m, a obra foi exposta na inauguração do Museu Paulista, em 7 de setembro de 1895, permanecendo em seu salão nobre desde então.

Américo não foi o único. Além do príncipe e sua guarda em cavalos, o pintor francês François-René Moreaux (1807-1860) incluiu crianças, homens e mulheres se abraçando em seu quadro A proclamação da Independência, de 1844. Feita a pedido do Senado, a obra, com 2,44 m por 3,83 m, encontra-se no Museu Imperial de Petrópolis, no Rio de Janeiro. “Pinturas históricas não são a realidade, mas versões do passado”, ressalta Marins.





Fontes:

Artigos científicos CINTRA, J. P. Reconstruindo o mapa das Capitanias Hereditárias. Anais do Museu Paulista
Livros BARREIROS, E. C. Itinerário da Independência. Rio de Janeiro
revistaopesquisa.fapesp.br
google.com


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