quarta-feira, 27 de março de 2024

Hoje vamos falar do livro do escritor português Camilo Castelo Branco "Amor e Perdição"









O próprio autor diz que esse livro foi escrito em quinze dias, que foram os mais conturbados de sua vida.

O livro e baseado em fatos reais, que foram a prisão do tio do autor; Simão Antonio Botelho, que ficou preso por um ano sob acusação de adultério, e o sofrimento dele, e da família pelo ocorrido.

Camilo Castelo Branco, escritor e romancista português nasceu em Lisboa em 16 de março de 1825, e morreu em Vila Nova de Famalicão - Portugal em 01 de junho de 1890.
Suicidou-se, após um estado de depressão e ao saber que ficaria definitivamente cego.



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                                              Vila Nova de Famalicão


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                                                                 Lisboa

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                                                               Coimbra
   



Viseu

                                                       

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                                           Camilo Castelo Branco


Foi um dos primeiros escritores portugueses a viver de literatura.
Seus romances falam dos costumes da sociedade portuguesa em seu tempo.
Foi autor de mais de mais de cem obras, satíricas, de mistérios, de terror, e de costumes, publicadas em folhetins.

Amor e Perdição é a obra mais importante do autor.
O drama é adaptado em torno de um, amor impossível entre dois jovens , cuja famílias são inimigas; ao estilo Romeu e Julieta.






Os Albuquerques e os Botelhos, duas famílias nobres de Viseu.
Simão, tio do autor, era um jovem boêmio e feito a meter-se em confusões.

Por determinação do pai vai para Coimbra estudar, mas lá continua a se meter em confusão, e volta para Viseu. Na volta conhece a jovem Teresa Albuquerque, filha do inimigo de seu pai.

Os dois se apaixonam, Simão se regenera e passar ser um jovem responsável e estudioso.

Quando os pais descobrem a paixão dos dois tentam impedir que eles fiquem juntos.

O pai de Simão o manda de volta para Coimbra, enquanto o pai de Teresa a obriga a casar-se com um primo, Baltasar,  ou ir para o convento.

Impedidos de se encontrar os dois trocam correspondências ajudados por Mariana, filha do ferreiro João da Cruz e apaixonada por Simão,  e por um pedinte.

O amor entre ambos cresce a tal ponto que ambos não podem viver separados.

Teresa rejeita o casamento com o primo e é enviada para o convento.

Sabendo disso, Simão rapta a amada, e mata o rival Baltasar, indo para a cadeia.

João da Cruz tenta ajudá-lo a fugir, mas ele nega, e diz que tem de pagar por seu erro.

Mariana, filha do ferreiro João da Cruz, fica sempre ao lado de Simão, seu amor secreto.

Ele é condenado à forca, mas sua pena é comutada para o desterro na Índia.

Teresa, interna no convento, já bastante doente, pede que as irmãs a levem até a torre da fortificação para ver o amado partir no navio.

Após acenar um adeus, ela morre.

Ai saber da morte de Teresa, através de Mariana, que o acompanha para o exílio, Simão, com uma febre repentina, também morre.

Seu corpo é jogado  no mar, e Mariana, se joga no mar com ele, e morre também.

Para os três o amor exagerado e doentio é a perdição.

O romance é narrado em terceira pessoa. A época é o século XIX, o estilo é novela passional, e o local é Portugal, nas cidades de Lisboa, Viseu e Coimbra.

Esse é um dos mais importantes romances de língua portuguesa, contados por um dos maiores escritores portugueses de todos os tempos.

O livro está disponível na internet no site domínio público.http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua00063a.pdf


São 99 páginas que valem a pena serem lidas.


Boa leitura!

Fontes:
wikipedia.org
vestibular.uol.com.br
ebiografia.com/camilocastelobranco
dominiopublico.gov.br

segunda-feira, 25 de março de 2024




No dia 25 de março de 1824, entrou em vigor a Constituição do Império do Brasil, a primeira da nossa história, dando início ao constitucionalismo brasileiro, que nesta segunda-feira (25) completa 200 anos. Imposta pelo imperador Dom Pedro I, a Carta de 1924 estabeleceu no Brasil uma monarquia constitucional hereditária e foi inspirada no liberalismo conservador, garantindo amplos poderes ao monarca. Sua vigência alcançou 65 anos, a mais longeva Constituição do país.





Desde a independência, o Brasil teve sete Constituições. Além da Carta de 1824, foram elaboradas as de 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988. Alguns consideram a Emenda 1/1969, inserida na Constituição de 1967, como uma oitava Constituição. Decretada por uma junta militar, esta seria a “Constituição de 1969”. No entanto, a história oficial considera apenas sete.

Constituição Cidadã 5 de outubro de 1988


Das sete constituições, quatro foram promulgadas por assembleias constituintes (1891, 1934, 1946 e 1988), duas foram outorgadas - uma por D. Pedro I (1824) e outra por Getúlio Vargas (1937) - e uma aprovada pelo Congresso por exigência do regime militar (1967), ou seja também outorgada.

Noite da Agonia

Em 3 de maio de 1823, foi instalada a Assembleia Constituinte com o propósito de redigir a primeira Constituição do Brasil. Porém, parlamentares e Dom Pedro I se desentenderam em relação aos poderes e limites da coroa, o que gerou tensões. Na madrugada de 12 de novembro daquele ano, o imperador ordenou que o Exército cercasse e invadisse o edifício da Cadeia Velha, dissolvendo a Assembleia Constituinte. O episódio ficou conhecido como a Noite da Agonia e teve como desdobramentos a prisão e o exílio de diversos parlamentares. No ano seguinte, D. Pedro I impôs seu próprio projeto, que se tornou a primeira Constituição do Brasil.
Império

A Carta de 1824 previu quatro Poderes: Legislativo, Executivo, Judiciário e Moderador, esse exercido pelo imperador e acima dos demais Poderes. Também estabeleceu um rol extenso de direitos individuais, o direito à igualdade e criou o Supremo Tribunal de Justiça que, atualmente, é o Supremo Tribunal Federal (STF).

Apesar de essa Carta prever um rol de direitos, apenas podiam votar homens livres e que preenchessem requisitos econômicos (voto censitário). Além disso, a escravidão foi amplamente praticada durante sua vigência. O Brasil foi um dos últimos países do mundo a aboli-la, o que ocorreu no ano de 1888, por meio da Lei Áurea.

A Constituição de 1824 foi outorgada por D.Pedro I, ou seja ele impôs a Constituição sem a participação popular dos parlamentares eleitos para esse fim.



Fontes:

portal.stf.jus.br
bd.camara.leg.br
wikipedia.org
google.com


 




“O rio Tamanduateí corria ao lado da via, abaixo do Mosteiro de São Bento, e tinha em seu percurso sete voltas. No final da sétima volta ficava o Porto Geral, onde eram desembarcados os produtos importados que vinham do porto de Santos. O nome do Porto foi dado à conhecida Ladeira Porto Geral, uma das travessas da 25 de Março. Em janeiro de 1850, os moradores do local enfrentaram uma enchente histórica, que destruiu dezenas de casas. No final do século XIX, o rio Tamanduateí foi drenado, e a região passou a se chamar rua de baixo, conhecida atualmente como o baixo de São Bento. Somente em novembro de 1865 o nome da rua foi alterado para 25 de Março.” ( Livro - Mascates e sacoleiros - Lineu Francisco de Oliveira)


Considerado o maior centro comercial da América Latina, a  Rua 25 de Março, no Centro de São Paulo. Recentemente, o livro Mascates e Sacoleiros (Scortecci Editora, 158 páginas), de Lineu Francisco de Oliveira, publicado em 2010, afirma que o primeiro ofício de registro do local é de 1865, em substituição à Rua de Baixo. O novo nome foi escolhido em uma homenagem da Câmara Municipal e do Poder Executivo ao dia em que foi redigida a primeira Constituição brasileira de 25 de março de 1824, outorgada pelo imperador D. Pedro I.




A história da rua também é marcada pela forte presença de imigrantes, especialmente sírios, libaneses e chineses.

Atualmente, a região, que passou por uma modernização, recebe um misto de consumidores, deste a sacoleira até a madame. Ali, encontram todo o tipo de produto: caro, barato, sofisticado, simples, nacional e importado, no varejo e atacado. Às vésperas de feriados importantes, o comércio da 25 de Março chega a receber 1 milhão de pessoas.






Enquanto muitos consumidores e comerciantes celebram as boas compras e vendas, por outro lado a 25 de Março sofre com alguns problemas desde seus primórdios. Um deles são as enchentes, um obstáculo registrado pela primeira vez em 1850 e que assola a região até os dias atuais. Também, desde os tempos mais antigos, a segurança do local não é das melhores e quem passa por ali sabe que tem que ficar de olhos bem atentos aos seus pertences. 



Rua XXV de Março - 1973.




Nos dias atuais, o comércio local é conhecido pelo alto volume de barracas de camelôs que disputam espaço com as lojas comerciais, shoppings e galerias. Esses estabelecimentos ofertam os mais diversos produtos tanto nacionais quanto importados. Embora a região seja de extrema importância econômica, social e cultural para a sociedade, casos de irregularidades com mercadoria, baixa segurança pública e outros crimes também fazem parte da história da rua 25 de Março.



Fontes:

history.uol.com.br
google.com
diariodotransporte.com.br
wikipedia.org

domingo, 24 de março de 2024

 Hoje é domingos de Ramos!


A festa de Ramos comemora a entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém montado num jumento.

Segundo o profeta Zacarias, o Cristo, ou o Messias entraria em Jerusalém montado num jumento. (Zacarias 9-14)


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Em Marcos 11.1: "
  1. Quando se aproximavam de Jerusalém, e tinham chegado a Betfagé e Betânia, junto do monte das Oliveiras, enviou Jesus dois de seus discípulos,
  2. e disse-lhes: Ide à aldeia que está em frente de vós, e logo que nela entrardes, achareis um jumentinho preso, que nunca foi montado; desprendei-o e trazei-o.
  3. Se alguém vos perguntar: Por que fazeis isso? respondei: O Senhor precisa dele, e logo tornará a enviá-lo para aqui.
  4. Eles partiram e acharam um jumentinho preso ao portão do lado de fora na rua, e o desprenderam.
  5. Alguns que ali se achavam, lhes perguntaram: Que fazeis, desprendendo o jumentinho?
  6. Eles responderam como Jesus lhes havia dito; e os deixaram ir."

Segundo alguns o simbolismo do jumento deve-se a uma tradição oriental de que esse é um símbolo de paz, ao contrário do cavalo que é um símbolo de guerra.

A tradição diz que o povo ao ver Jesus depositaram as vestes e os mantos que usavam à frente dele, assim como folhas de palmeiras, com intuito de homenageá-lo


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Quando Jesus se aproximou da cidade, olhou para ela e chorou! (Lucas 19:41) "

  1. "Quando Jesus já estava perto, ao ver a cidade, chorou sobre ela.
  2. dizendo: Ah! se tu conheceras ainda hoje o que te pode trazer a paz! mas isto está agora oculto aos teus olhos.
  3. Pois sobre ti virão dias, em que os teus inimigos levantarão trincheiras em redor de ti, te cercarão e te apertarão de todos os lados,
  4. e te derribarão a ti bem como a teus filhos que estiverem dentro de ti; e não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não conheceste o tempo da tua visitação.
  5. Tendo entrado no templo, começou a expulsar os que ali vendiam,
  6. dizendo-lhes: Está escrito: A minha casa será casa de oração, mas vós a fizestes um covil de salteadores.
  7. Todos os dias ensinava no templo; mas os principais sacerdotes, os escribas e os principais entre o povo procuravam tirar-lhe a vida,
  8. e não sabiam o que haviam de fazer; pois todo o povo o escutava com muita atenção."

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O domingo de Ramos trata da entrada triunfal de Cristo em Jerusalém, mas anteveem a sua súplica e sua crucificação.

Como pode um homem que foi venerado e conduzido em êxtase uma semana antes, fosse pelas mesmas pessoas condenado à morte na cruz ?

No Oriente, na igreja ortodoxa, o domingos de Ramos inicia a semana santa, a ressurreição de Lázaro, e é uma das doze grandes festas do ano litúrgico.

Além da missa, tradicional do dia, onde o sacerdote benze os ramos de palmeiras ou oliveiras, também é realizada uma procissão.

Há alguns anos atrás a procissão de Ramos marcava o encontro de Jesus e sua mãe Maria.

As igrejas católicas faziam uma procissão com Cristo sair de um lado da paróquia e outra procissão sair de outro local próximo, depois promoviam o encontro de ambos, o ponto alto da procissão.



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O domingo de Ramos marca o início da Semana Santa.



Fontes:
wikipedia.org
Novo Testamento - Evangelhos
www.churchofjesuschrist.org
g1.globo.com

quarta-feira, 20 de março de 2024



Quando o Movimento do  Realismo surge no Brasil em 1881, o País passava pelo processo do abolicionismo, um movimento que tinha surgido na Europa e promoveu o fim da escravidão brasileira em 1888.





Na mesma altura, em 1889, ocorre a Proclamação da República.

É nesse cenário, influenciado pelo Positivismo, pelo Socialismo e pelo Marxismo, que se desenvolvem ao longo dos anos 1800, que o Realismo surge no Brasil.

Machado de Assis



O Realismo no Brasil teve início no ano de 1881, quando Machado de Assis (1839-1908), que, até então, era um escritor romântico, publicou a obra realista Memórias póstumas de Brás Cubas. Dessa forma, o autor mostrava o seu desencanto com a estética romântica e o conservadorismo que ela representava.


Os escritores realistas e naturalistas no Brasil sofreram influência, principalmente, de autores europeus, como os franceses Gustav Flaubert (1821-1880), escritor realista, e Émile Zola (1840-1902), autor naturalista. Além deles, o português Eça de Queirós (1845-1900) foi uma grande influência para os escritores brasileiros.

Flaubert




Outro marco do Realismo Brasileiro foi o livro de Aloisio de Azevedo, O Cortiço, embora para alguns analistas, esse esteja enquadrado no Movimento Naturalista, mais radical em exibir a realidade nua e crua da sociedade.






Após a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, o escritor também publicou duas outras grandes obras realistas:

Quincas Borba e Dom Casmurro. Nelas o narrador empreende uma análise crítica da sociedade carioca e, sem idealizações românticas, faz um retrato fiel e irônico da corrupta e hipócrita burguesia do século XIX no Brasil.

O Realismo surgiu como forma de oposição ao Romantismo. Desse modo, esse antirromantismo levou os autores realistas a rejeitarem a subjetividade e o sentimentalismo, recorrendo também a uma linguagem mais objetiva e analítica. Portanto, eles abandonaram o teocentrismo e privilegiaram o antropocentrismo, isto é, valorizaram a razão.

No Brasil, o Realismo também é caracterizado pela ironia, principalmente em relação aos costumes da burguesia, classe social celebrada pelos românticos, mas atacada pelos realistas. Dessa forma, o narrador realista faz crítica sociopolítica, centrada nos acontecimentos contemporâneos, e análise psicológica dos personagens.

Os protagonistas, integrantes da elite burguesa, são descritos sem qualquer idealização. Comumente são retratados como opressores, corruptos e hipócritas. Assim, o casamento, instituição burguesa, é colocado em questão quando o narrador expõe o adultério feminino.


Para alguns, Machado  de Assis é o único escritor brasileiro de fato realista, já que, no final do século XIX, a maioria dos escritores nacionais preferiu se filiar ao Naturalismo. No entanto, os dois estilos apresentam traços em comum, pois ambos são antirromânticos, privilegiam a razão e fazem crítica sociopolítica.



Na segunda metade do século XIX, a economia brasileira passava por grandes dificuldades. Com a proibição do tráfico de escravos em 1850, o país precisava buscar outro tipo de mão de obra. No entanto, os conservadores fazendeiros resistiam ao fim da escravidão, que só aconteceria em 1888.

Além disso, com os gastos da Guerra do Paraguai, que durou seis anos, isto é, de 1864 a 1870, o país ficou ainda mais endividado. Nesse contexto, o movimento republicano ganhou força, já que a monarquia representava um país conservador, no qual os fazendeiros escravocratas eram os maiores beneficiados.

Nas artes, como reflexo dessa situação, o Romantismo, que floresceu em meio ao conservadorismo monárquico, entrou em decadência. Desse modo, a estética realista assumiu o protagonismo, pois contrariava a idealização romântica para mostrar a realidade brasileira, de forma crítica e objetiva.




O que diferencia um do outro é o cientificismo, isto é, o Naturalismo busca na ciência explicações para o comportamento humano. Já o Realismo, apesar de ter uma visão científica, ou seja, objetiva da realidade, não recorre a teorias científicas da época, muitas vezes equivocadas, para determinar o destino de seus personagens.


Visconde de Taunay


Portanto, Machado de Assis não é um autor naturalista, mas os autores naturalistas podem ser considerados também realistas. Os autores brasileiros realistas e também naturalistas são:


Machado, Raul Pompéia, Aluísio de Azevedo e Visconde de Taunay



Aluísio de Azevedo - O Cortiço
Raul Pompéia - O Ateneu
Visconde de Taunay - Inocência
Rodolfo Teófilo - A fome



Fontes:

wikipedia.org
google.com
todamateria.com.br
portugues.com.br
soportugues.com.br


segunda-feira, 18 de março de 2024

Segundo romance do renomado escritor brasileiro Machado de Assis, "A mão e a luva" foi publicada originalmente em folhetins no jornal O Globo entre 26 de setembro e 3 de novembro de 1874.





CAPÍTULO PRIMEIRO / O FIM DA CARTA —


Mas o que pretendes fazer agora?

 — Morrer. 

 — Morrer? Que ideia! 

Deixa-te disso, Estevão. Não se morre por tão pouco... 

 — Morre-se. Quem não padece estas dores não as pode avaliar. O golpe foi profundo, e o meu coração é pusilânime; por mais aborrecível que pareça a ideia da morte, pior, muito pior do que ela, é a de viver. Ah! tu não sabes o que isto é? 

 — Sei: um namoro gorado... — Luís!

 — ...E se em cada caso de namoro gorado morresse um homem, tinha já diminuído muito o gênero humano, e Maltus perderia o latim. Anda, sobe. Estevão meteu a mão nos cabelos com um gesto de angústia; Luís Alves sacudiu a cabeça e sorriu. Achavam-se os dois no corredor da casa de Luís Alves, à Rua da Constituição, — que então se chamava dos Ciganos; — então, isto é, em 1853, uma bagatela de vinte anos que lá vão, levando talvez consigo as ilusões do leitor, e deixando-lhe em troca (usurários!) uma triste, crua e desconsolada experiência. 

Eram nove horas da noite; Luís Alves recolhia-se para casa, justamente na ocasião em que Estevão o ia procurar; encontraram-se à porta. Ali mesmo lhe confiou Estevão tudo o que havia, e que o leitor saberá daqui a pouco, caso não aborreça estas histórias de amor, velhas como Adão, e eternas como o Céu. Os dois amigos demoraram-se ainda algum tempo no corredor, um a insistir com o outro para que subisse, o outro a teimar que queria ir morrer, tão tenazes ambos, que não haveria meio de os vencer, se a Luís não ocorresse uma transação.

— Pois sim, disse ele, convenho em que deves morrer, mas há de ser amanhã. Cede da tua parte, e vem passar a noite comigo. Nestas últimas horas que tens de viver na terra dar-me-ás uma lição de amor, que eu te pagarei com outra de filosofia. (A mão e luva cap. I)





Desde o início da obra, em que vemos um exagerado Estevão pensando em se matar por causa da rejeição de Guiomar, sendo consolado por um não tão consolador e frio Luis Alves, Machado situa seu enredo em torno de diferentes retratos do amor. Como disse, Estevão é um típico romântico exagerado, construído narrativamente como uma espécie de personificação do ultrarromântico, isto é, o desenvolvimento do lado egocêntrico e melancólico da idealização romântica. Por outro lado, o amigo de faculdade de Estevão, Luis Alves, prega o cinismo em relação à paixão, prezando pela ambição da carreira e os interesses pessoais acima de encontrar sua cara metade.

No romance podemos acompanhar a vida de Guiomar, que no início da história conta com apenas 17 anos. A moça é afilhada de uma baronesa e possui um enorme desejo de ascender socialmente.

Durante o enredo, Guiomar é disputada e cortejada por três homens distintos: Jorge, Estevão e Luís Alves. Cada um possui uma personalidade diferente e busca conquistar Guiomar de formas diferentes.Estevão é o típico homem romântico, que ama Guiomar de uma forma pura e inocente, mas extremamente passional, já que ele é bem sentimental.
Jorge é um homem muito calculista, que decide conquistar a moça se aproximando daquelas que moram junto com ela: a baronesa e a empregada inglesa, Mrs. Oswald, uma confidente leal de Guiomar.
Luís Alves é o último a cortejar Guiomar, pois só passa a admirá-la com o passar do tempo, mas é um homem resolvido, esperto e muito ambicioso.

Em meio a essa batalha, Guiomar acaba por dispensar Estevão, mas fica em desespero com Jorge, que convence a baronesa e Mrs. Oswald de que ele era o melhor partido para a moça e pede a mão dela em casamento.

Com isso, Mrs. Oswald conversa muito com Guiomar e diz para ela o quanto Jorge seria um bom marido. Porém, logo no dia seguinte do pedido feito por Jorge, Luís Alves decide pedir a mão da moça em casamento a partir de um bilhete que Guiomar havia mandado para ele, o que gera uma confusão na casa.

A baronesa pede que Guiomar escolha entre os dois, e ela acaba por escolher Jorge, pois não queria que a madrinha ficasse desapontada e zangada. Porém, a senhora vê que Guiomar prefere Luís e está apaixonada pelo moço, e decide consentir o casamento entre os dois.

"Guiomar tivera humilde nascimento; era filha de um empregado subalterno não sei de que repartição do Estado, homem probo, que morreu quando ela contava apenas sete anos, legando à viúva o cuidado de a educar e manter. A viúva era mulher enérgica e resoluta, enxugou as lágrimas com a manga do modesto vestido, olhou de frente para a situação e determinou-se à luta e à vitória. A madrinha de Guiomar não lhe faltou naquele duro transe, e olhou por elas, como entendia que era seu dever. A solicitude, porém, não foi tão constante a princípio como veio a ser depois; outros cuidados de família lhe chamavam a atenção. Guiomar anunciava desde pequena as graças que o tempo lhe desabrochou e perfez. Era uma criaturinha galante e delicada, assaz inteligente e viva, um pouco f travessa, decerto, mas muito menos do que e usual na infância. Sua mãe, depois que lhe morrera o marido, não tinha outro cuidado na Terra, nem outra ambição mais, que a de vê-la prendada e feliz. Ela mesma lhe ensinou a ler mal, como ela sabia, _ e a coser é bordar, é o pouco mais que possuía de seu ofício de mulher."  (p.45)





Assim termina a história de “A Mão e a Luva”, com o casamento de Guiomar e Luís, enquanto Jorge fica conformado com sua falta de sorte e Estevão sonha com seu suicídio durante o casamento.

O título do livro é explicado durante o final da história, com o seguinte trecho:

“— Mas que me dá você em paga? Um lugar na Câmara? Uma pasta de ministro?

— O lustre do meu nome, respondeu ele.

Guiomar, que estava de pé defronte dele, com as mãos presas nas suas, deixou-se cair lentamente sobre os joelhos do marido, e as duas ambições trocaram o ósculo fraternal. Ajustavam-se ambas, como se aquela luva tivesse sido feita para aquela mão...”

Assim,  podemos ver como Guiomar e Luís Alves combinam e são feitos um para o outro, como uma luva é feita sob medida para uma mão, já que ambos são jovens ambiciosos e resolutos, por isso o título do livro: “A Mão e a Luva”.


Machado de Assis busca a desconstrução do Romantismo ao colocar o amor como um sentimento baseado em perspectivas, classes sociais e interesses, e não como emoção idealizada. Vemos essa abordagem no próprio personagem de Estevão, no qual o autor utiliza o ultrarromantismo e o pragmático para continuamente destruir a visão de mundo fantasiosa do personagem.



Fontes:

wikipedia.org
planocritico.com
querobolsa.com.br
books.googleusercontent.com

Vamos falar hoje de objeto direto e objeto indireto. O objeto direto e o indireto são termos integrantes da oração que completam o se...