Vamos falar hoje de um rota muito antiga utilizada pelos nativos brasileiros e nativos dos Andes, conhecida como Caminho do Peabiru.
O “Peya Beyu”, do tupi-guarani, aportuguesado como Peabiru, significa “caminho gramado amassado”.
Há algumas teorias sobre sua criação. Uma delas é de que o caminho era usado pelos índios Guarani para conexão e comunicação entre aldeias, troca de mercadorias e expansão de territórios. A rota transcontinental também era utilizada de forma religiosa, com objetivo de seguir o trajeto do sol, a morada dos deuses, sob a orientação da via láctea. Mais tarde, a trilha foi adotada pelos europeus em busca de ouro e prata, tendo uma grande importância para a colonização do sul do país, pois permitia o acesso a diversos lugares por terra.
Os primeiros portugueses, quando chegaram por aqui, ouviram dos índios histórias sobre um caminho que ligava o Oceano Atlântico a um lugar descrito como os Andes. Ele ia de São Vicente, litoral paulista, à Cusco, no Peru. Existiam também outros ramais, partindo de Cananeia, também em São Paulo, e São Francisco do Sul, em Santa Catarina. Esse caminho atravessava os limites territoriais do Brasil até chegar ao Peru, ligando o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico, passando por matas, rios, pântanos e cataratas com uma extensão de três mil quilômetros, aproximadamente.
Em território brasileiro, um de seus traços ou ramais era a chamada Trilha dos Tupiniquins, no litoral de São Vicente, que passava por Cubatão e por São Paulo, em lugares posteriormente conhecidos como o Pátio do Colégio e Rua Direita; cruzava o Vale do Anhangabaú; seguia pelo traçado que hoje é o das avenidas Consolação e Rebouças; e cruzava o Rio Pinheiros. Outro ramal partia de Cananeia. Ramificações adicionais partiam do litoral dos atuais estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Diziam eles aos portugueses que os habitantes da região do Peru tinham muito ouro e pedras preciosas, o que, é claro, atraiu a atenção dos portugueses.
Em 1524, parte desse caminho foi percorrido pelo náufrago português Aleixo Garcia, que comandou uma expedição integrada por algumas centenas de guaranis carijós partindo da Ilha de Santa Catarina ("Meiembipe"), percorrendo essa via para saquear ouro, prata e estanho, tendo atingido o território do Peru, no Império Inca, nove anos antes da invasão espanhola dos Andes em 1533.
Em 1542, o espanhol Alvar Núñez Cabeza de Vaca embrenhou-se por um desses caminhos da mata e acabou por descobrir as cataratas do Iguaçu. Durante todo o século 16 foram constantes os relatos de viagens pelo interior das matas, quer rumo aos Andes, quer em direção ao sul e ao Paraguai. Como as de Johan Ferdinando (1549), dos companheiros de Hans Staden (1551), dos jesuítas, em especial o padre Leonardo Nunes, de Brás Cubas e de Luís Martins (1552). Um viajante alemão, Ulrich Schmidel, por volta de 1553 explorou o Peabiru, percorrendo a Bolívia, o Paraguai e a região do atual estado do Paraná. De volta à Alemanha, descreveu suas aventuras em um livro de memórias, publicado em Frankfurt em 1567. Um de seus feitos foi ter ido de Assunção a São Vicente pelo caminho da mata.
Pesquisas iniciadas no século XIX pelo Barão de Capanema levaram à formulação da hipótese de o caminho ter sido criado pelos incas numa tentativa de trazer a sua cultura até os povos da costa do Oceano Atlântico, abrindo o caminho no sentido oeste-leste, portanto. Como apoio a essa linha, refere-se o testemunho de mais de um cronista de que os incas chamavam seu território de Biru. Desse modo, a denominação do caminho poderia resultar do híbrido pe-biru, que equivaleria a "caminho para o Biru". Embora não existam informações acerca da razão pela qual o projeto inca não foi levado a cabo, entre as evidências de sua presença em território brasileiro, cita-se o correio dos guaranis.
Restam ainda, em pontos isolados de mata e em algumas localidades, reminiscências desse caminho, que se caracterizava por apresentar cerca de 1,40 metro de largura e leito com rebaixamento médio em relação ao nível do solo de cerca de 40 centímetro, recoberto por uma gramínea denominada puxa-tripa. Nos seus trechos mais difíceis, o caminho chegava a ser pavimentado com pedras. Em alguns trechos, era sinalizado com inscrições rupestres, mapas e símbolos astronômicos de origem indígena.
O projeto Caminho do Peabiru visa resgatar, proteger e fomentar o turismo e a cultura das cidades que circundam a rota histórica.
As trilhas sinalizadas permitem que o turista se sinta como naqueles tempos, percorrendo paisagens impressionantes. Já são 86 cidades e 29 distritos paranaenses envolvidos. Os caminhos são ramificados e vão de Paranaguá a Peabiru (800 km passando por 30municípios), de Peabiru a Foz do Iguaçu (450 km e 36 municípios) e de Peabiru a Guaíra com (300 km e 18 cidades).
Fontes:
wikipedia.org
google.com
geografia.seed.pr.gov.br
caminhosdopeabiru.pr.gov.br
pedradoindikobotucatu.com.br
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