segunda-feira, 9 de outubro de 2023

"O confronto travado entre Israel e Palestina é um dos conflitos de mais longa duração da história da humanidade. Estende-se oficialmente desde a década de 1940, embora a década de 1930 tenha presenciado uma crescente tensão e violência entre judeus e árabes. Passado todo esse período, de tempos em tempos, hostilidades acontecem entre os dois lados, aumentando a tensão."

"Historicamente falando, o conflito entre israelenses e palestinos se explica pelo controle da Palestina. Embora exista a questão da religião, que importa muito mais quando o assunto é Jerusalém, a rivalidade entre israelenses e palestinos tem motivos políticos, principalmente, e que envolvem o controle daquele território.


Jerusalém





Mais recentemente falando, muitos analistas apontam que o confronto atualmente envolve novos aspectos, os quais estão em torno da maneira violenta pela qual Israel trata a população palestina que reside seja em Israel, seja nos territórios palestinos da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.

Cisjordânia e Faixa de Gaza



Esse conflito tem origem bíblica e tem origem na retomada pelos hebreus da terra de Canaã.



Canaã foi o nome de onde é hoje o Estado de Israel, o Líbano e parte da região junto ao Mar Mediterrâneo.

A primeira referência com este nome está citado na bíblia. Consta que Canaã era a terra prometida pelo Senhor ao seu povo escolhido, ainda quando chamou Abraão (que vivia ao sul da Mesopotâmia). A história relata que o Senhor chamou Abrão, trocou seu nome para Abraão e lhe ordenou que partisse rumo uma outra terra, chamada Canaã. Esta saída seria o início de um processo de várias décadas, sofrido pelos descendentes dele, o povo hebreu; e que veio a dar o nome de Israel para antiga Canaã. Em comparação às terras próximas, Canaã era farta, produzia frutas, uvas, mel, entre outros alimentos, que deram a esta terra uma referência de “terra que mana leite e mel”.

Em Deuteronômio 20:16-18 Deus determina:



16 "Contudo, nas cidades das nações que o Senhor, o seu Deus, dá a vocês por herança, não deixem vivo nenhum ser que respira.

17 Conforme a ordem do Senhor, o seu Deus, destruam totalmente os hititas, os amorreus, os cananeus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus.

18 Se não, eles os ensinarão a praticar todas as coisas repugnantes que fazem quando adoram os seus deuses, e vocês pecarão contra o Senhor, o seu Deus."


Assim, a população palestina luta para conseguir a sua autodeterminação — uma vez que o Estado da Palestina não existe, oficialmente falando —, mas também para conquistar melhores condições de vida, pois alegam que Israel os mantém em condições degradantes, limitando o acesso da população a recursos básicos, como água, e sufocando a população de Gaza com um bloqueio econômico que se estende desde 2007, entre outros fatores."

"Israel, por sua vez, defende suas ações afirmando que elas se justificam no contexto de combate ao Hamas, organização considerada terrorista pelos israelenses e que comanda a Faixa de Gaza desde 2006. Sendo assim, Israel afirma que seus ataques e todas as outras ações que são tomadas visam exclusivamente a prejudicar o Hamas. Israel ainda acusa o Hamas de usar a população civil da Palestina como escudo humano."



O Hamas foi fundado na segunda metade da década de 1980, desde o início como oposição à Organização pela Libertação da Palestina (OLP) de Iasser Arafat. É controvertido se, nos seus primórdios, o grupo não teria sido até mesmo apoiado com verbas do governo israelense, como um contrapeso – uma teoria que hoje todos os lados repudiam.

Ao contrário da OLP, o Hamas nega a existência do Estado de Israel. Seu emblema mostra o Domo da Rocha de Jerusalém e, entre bandeiras palestinas, o contorno de um Estado palestino incluindo também Israel.

Bandeira do Hamas



Quando em 1948 foi fundado o Estado de Israel, após o genocídio sofrido pelo povo judeu no Holocausto, a terra cedida pela ONU foi a mesma onde fica Jerusalém e onde outrora fora Canaã. Lá vivia também os palestinos, e a promessa foi a da criação também de um Estado Palestino, que nunca foi realizada.


A decisão tomada pela ONU foi a de dividir a Palestina entre judeus e árabes. Dessa forma, aproximadamente metade do território seria ocupada por um desses povos, e Jerusalém, a capital, ficaria sob administração internacional. A ONU estabeleceu o seguinte|1|:

Israel seria formado por 53,5% das terras;


Palestina seria formada por 45,4% das terras;


O restante corresponderia a Jerusalém, sob controle internacional.

Havia nessa divisão uma grande contradição, pois os judeus, que correspondiam a 30% da população, ficariam com uma parcela maior do território. Os palestinos, por sua vez, correspondiam a 70% da população e ficariam com uma parcela menor. Além disso, as autoridades árabes alegaram que o seu território concentrava as terras menos férteis e que eles teriam acesso mais limitado à água potável.

A proposta foi aceita pelos judeus, mas foi rejeitada pelos árabes. Mesmo assim, foi aprovada em Assembleia Geral da ONU no dia 29 de novembro de 1947. No ano seguinte, os britânicos se retiraram da Palestina, e, em 14 de maio de 1948, foi proclamada a fundação do Estado de Israel.





Um dos conflitos que mais geram tensões e preocupações em todo o mundo é o que envolve judeus e muçulmanos no território de enclave entre Israel e Palestina. Ambos os lados reivindicam o seu próprio espaço de soberania, embora atualmente esse direito seja exercido plenamente apenas pelos israelenses. Com isso, guerras são travadas, grupos considerados terroristas erguem-se, vidas são perdidas, e uma paz duradoura encontra-se cada vez mais distante.

Desde então diversas  guerras foram realizadas na área deflagrada.




A Primeira Guerra Árabe-Israelense, a Guerra de Suez, a Guerra dos Seis Dias, e a Guerra de Yom Kippur.

A fundação do Estado de Israel não foi bem-aceita pelas nações árabes, que deram início a um ataque contra os israelenses. As tropas árabes foram formadas por soldados do Egito, Síria, Líbano, Iraque e Transjordânia (atual Jordânia). A guerra foi desastrosa para os palestinos, uma vez que Israel possuía forças armadas organizadas.

Esse conflito se estendeu de maio de 1948 a julho de 1949, quando o último acordo de paz foi assinado. A guerra fez com que Israel expandisse o seu território, e os 53% do território sob controle israelense passaram para 79%.

Os palestinos reconheceram esse conflito como nakba, palavra, em árabe, que significa “tragédia”. Isso porque, além de perderem território, cerca de 700 mil palestinos foram expulsos de suas casas. Israel nunca permitiu que essas pessoas e seus descendentes retornassem as suas casas, mesmo com uma resolução da ONU indicando que isso acontecesse.
 




Na década de 1950, os israelenses se aproveitaram de uma crise do Egito com França e Reino Unido para invadirem a Faixa de Gaza e a Península do Sinai. A relação entre israelenses e palestinos seguiu tensa, o que resultou em movimentos de resistência palestinos contra a ocupação por Israel.

Em 1964, foi criada a Organização para a Libertação Palestina, a OLP, que buscava lutar pelos direitos perdidos dos palestinos na região com os acontecimentos então recentes. Os membros da OLP usavam da luta armada como caminho para resistir a Israel, e um de seus nomes mais conhecidos foi Yasser Arafat, líder da organização a partir de 1969. O principal grupo político da OLP é o Fatah, um grupo moderado que ainda existe.

Em 1967, foi iniciada a Guerra dos Seis Dias após ataques de Israel contra a Síria. Em apenas seis dias, os israelenses tomaram a Faixa de Gaza, a Península do Sinai, as Colinas de Golã da Síria, Jerusalém Oriental e a Cisjordânia. Mesmo com a resolução posterior da ONU em que Israel deveria devolver tais territórios, eles continuaram sob seu domínio por um bom tempo.




Em 1973, teve início a Guerra do Yom Kippur, em que os países árabes derrotados na Guerra dos Seis Dias tentaram reaver os seus territórios. Todavia, Israel conseguiu uma nova vitória, pois contava com o apoio indireto dos Estados Unidos. Tais circunstâncias levaram os árabes a criarem a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), um cartel entre os países petrolíferos da região que elevou o preço dessa importante matéria-prima. Por essa razão, o sistema capitalista entrou na maior crise depois de 1929, conhecida como Choque do Petróleo.

Yom Kippur é o feriado mais importante para os israelenses, é o dia da expiação, da remissão dos pecados, do arrependimento, de jejuar.

Em 1979, Israel decidiu pela devolução da Península de Sinai para o Egito, após a mediação dos Estados Unidos, no sentido de selar um acordo entre os dois países, os Acordos de Camp David. Com isso, os egípcios tornaram-se os primeiros árabes a reconhecerem oficialmente o Estado de Israel, gerando profunda revolta entre os demais países da região.



No ano de 1987, chegou ao auge a Primeira Intifada, uma revolta espontânea da população árabe palestina contra o Estado de Israel, quando o povo atacou com paus e pedras os tanques e armamentos de guerra judeus. A reação de Israel foi dura e gerou um dos maiores massacres do conflito, o que desencadeou uma profunda revolta da comunidade internacional em virtude do peso desproporcional do uso da força nas áreas da Faixa de Gaza e da Cisjordânia.

No mesmo ano, foi criado o Hamas, que, mais radical, visava à destruição completa do Estado de Israel, ao contrário da OLP, que objetivava apenas a criação da Palestina. O Hamas surgiu no interior da Irmandade Muçulmana e tornou-se um dos grupos de resistência mais influentes da Palestina. Atualmente, Israel considera-o como uma organização terrorista.

Acordos de Oslo

Em meados da década de 1990, a situação aparentava caminhar para o seu fim, quando Yasser Arafat e o então primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin, realizaram os Acordos de Oslo, mediados pelo presidente dos EUA, à época, Bill Clinton. Com isso, foi criada a Autoridade Nacional Palestina, responsável por todo o território da Palestina, envolvendo partes da Cisjordânia e a Faixa de Gaza.



Yitzhak Rabin



No entanto, em 1995, Yitzhak Rabin foi assassinado por um extremista judeu, e a extrema-direita ganhou força dentro de Israel. Dessa forma, os judeus não cederam mais para a desocupação das áreas onde ainda resistia a população palestina. Por isso, os termos de paz dos Acordos de Oslo resultaram em fracasso.

Conflitos recentes:




No ano de 2000, teve início a Segunda Intifada, liderada pelo Hamas. Uma ofensiva palestina foi montada contra Israel, que novamente respondeu duramente, além de demolir casas de palestinos e iniciar a construção do Muro da Cisjordânia ou Muro de Israel, em 2002. Milhares de mortes aconteceram em ambos os lados da guerra, que se estendeu até 2004, com a morte do líder do Hamas.

Acordos de paz foram feitos, e, assim, teve início a desocupação por parte de Israel da Faixa de Gaza e de partes da Cisjordânia, ações que resultaram no recebimento do Prêmio Nobel pelo primeiro-ministro israelense Ariel Sharon.

Em 2006, a vitória do Hamas sobre o Fatah nas eleições da Autoridade Nacional Palestina elevou novamente a tensão na região, o que se intensificou com o não reconhecimento do pleito por parte dos EUA, União Europeia e outros países ocidentais. Os atentados terroristas, sobretudo com carros-bombas, prosseguiram sobre Israel, que buscava várias tentativas de eliminar o Hamas, incluindo a adoção de embargos econômicos sobre Gaza, o que afetava também a população civil.


Muro construído por Israel para separar palestinos e israelenses


Em 2008, um acordo de cessar-fogo foi realizado entre o Hamas e Israel por mediação do Egito. No entanto, seis meses depois, o acordo não foi renovado, pois os judeus recusaram-se a findar o bloqueio econômico então adotado. Assim, continuamente, a região é alvo de novos ataques e disputas.

Em 2014, novas ofensivas aconteceram quando três jovens judeus foram assassinados em um ato atribuído ao Hamas, que negou a autoria. Com isso, um jovem palestino foi assassinado por um extremista judeu, rompendo com a frágil paz da região. Houve ataques dos dois lados, mas Israel, por ter melhores defesas e armamentos, também teve vantagens sobre a Palestina.

Cerca de 65 soldados israelenses foram mortos, enquanto mais de dois mil palestinos, combatentes e civis, foram assassinados no conflito. Por essa razão, muitos países, incluindo o Brasil, passaram a questionar a atuação de Israel na região.




O conflito entre palestinos e israelenses, como percebemos, acontece por décadas e tem como questão central o domínio da Palestina. Entretanto, nos últimos anos, muitas críticas a Israel vêm ocorrendo pela forma como essa situação tem sido conduzida, sobretudo pela violência desproporcional utilizada contra as populações palestinas.

O Estado de Israel defende-se argumentando que sua ação se dá apenas como forma de garantir a segurança de sua própria população e combater ações terroristas, como as que são atribuídas ao Hamas, a organização que comanda a Palestina desde 2006 e que, como vimos, é vista como terrorista por Israel.

Entretanto, as ações desproporcionais que muitos criticam não são apenas militares, as quais, em sua maioria, resultam na morte de civis inocentes sem ligação alguma com grupos como Fatah e Hamas. Muitos, ainda, apontam que existe na região um regime segregacionista parecido com o apartheid, que existiu na África do Sul.

O jornalista Mohammed Omer aponta as dificuldades na vida da população palestina na Faixa de Gaza.|2| Ele afirma que os palestinos frequentemente têm seu suprimento de gás, água potável e energia elétrica cortado. Ele também menciona a dificuldade que os palestinos na região têm de obter alimentos, além dos frequentes bombardeios que vitimam inocentes e destroem escolas e hospitais.

Além disso, muitos criticam o fato de Israel, ainda hoje, não permitir o retorno dos descendentes dos refugiados que abandonaram a região depois da guerra travada em 1948. Por fim, os assentamentos israelenses na Cisjordânia e as expulsões de moradores palestinos de suas casas para a construção desses assentamentos têm sido alvo de críticas recentes.

O que se percebe nesse conflito é que a sua resolução está longe de chegar, pois, mesmo com acordos momentâneos de paz, basta uma pequena faísca para reacender novamente as batalhas, elevando novamente o número de mortos. Ao mesmo tempo, vem sendo difícil a criação do Estado palestino, pois as disputas territoriais ainda são intensas, embora tal Estado seja internacionalmente reconhecido por vários países.


O Estado de Israel na sua ânsia por poder e por território e bancado pelos EUA com armamentos e recursos, é o principal responsável pelo conflito. Grupos como Hamas e Hezbollah, também tem sua parte da culpa por um conflito que sempre foi negligenciado pelas nações ocidentais e pela ONU.

Vivemos agora outro conflito entre Hamas e Israel que já matou mais de 900 pessoas am ambos os países.

O Hamas lançou um ataque surpresa no sábado 7 de outubro e Israel revidou atacando a faixa de Gaza.

Até quando essas insanidade vai continuar. O Conselho de Segurança da ONU, atualmente presidido pelo Brasil, deveria atuar firmemente para que uma solução negociada e pacífica  fosse alcançada, mas os interesses financeiros e por terras e poder não vão deixar isso acontecer, infelizmente.



Fontes:

uol.com.br
brasilescola.uol.com.br
infoescola.com
quotquestion.org
bibliaon.com
encyclopedia.ushmm.org
dw.com/pt
mundoeducacao.uol.com.br
google.com

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