sábado, 7 de outubro de 2023



Todos conhecemos peças de teatro como "Vestido de noiva", "Álbum de família", "Anjo Negro", "a mulher sem pecado", "Perdoa-me por me traíres", "Os sete gatinhos". Todas do dramaturgo pernambucano Nelson Rodrigues.

Hoje porém vamos falar do lado cronista esportivo do dramaturgo, que teve seu nome ligado sempre ao futebol. O Estádio d0o Maracanã, leva o nome de seu irmão "Mário Filho".

Nelson Falcão Rodrigues, nasceu em 23 de agosto de 1912 em Recife, Pernambuco e morreu em 21 de dezembro de 1980 no Rio de Janeiro.

Reacionário assumido, tinha ódio ao comunismo e ao socialismo e apoiou a ditadura militar, apesar das torturas e das mortes causadas por ela.


Nelson Rodrigues

Escreveu para o jornal "O Globo", e era amigo de seu proprietário, Roberto Marinho, que muito o ajudou na fase em que ele ficou com tuberculose e teve de ser internado num sanatório em Campos do Jordão.

Para Nelson, o futebol teria o potencial de reinventar tradições, de incitar a renúncia do “complexo de vira-latas” – produto da coação histórica – e edificar o sentido de patriotismo tão imprescindível ao Brasil. Por isso imprensa, para alcançar a vitória, a torcida e todos os envolvidos com o esporte deveriam aprimorar suas qualidades, ter consciência dos seus defeitos e apoiar/reforçar o papel de representação da seleção nacional e a grandeza do seu futebol. Os fracassos da seleção nacional não seriam decorrentes apenas da falta de organização técnica e tática da equipe, mas principalmente, da recusa da narrativa do futebol brasileiro e da busca e valorização de narrativas importadas, do futebol europeu. Tais atitudes ratificam a posição de inferioridade – denominado pelo cronista como “complexo de vira-latas” – que corroía a possibilidade de notabilidade da seleção nacional. A defesa aos jogadores fez com que as crônicas de Nelson adquirissem um tom profético. Por que perdemos, na Suíça, para a Hungria? Examinem a fotografia de um e outro time entrando em campo. Enquanto os húngaros erguem o rosto, olham duro, empinam o peito, nós baixamos a cabeça e quase babamos de humildade. 


Brasil e Hungria Copa de 1954




Esse flagrante, por si só, antecipa e elucida a derrota. Com Pelé no time, e outros como ele, ninguém irá para a Suécia com a alma dos vira-latas. Os outros é que tremerão diante de nós. (RODRIGUES, 1993, p. 51)






O sobrenatural de Almeida:

Nelson Rodrigues criou o “Sobrenatural de Almeida”, personagem que, com o tempo, se tornou figura nacional. Nelson era fanático por seu clube de futebol, o Fluminense. E passou a responsabilizar o “Sobrenatural de Almeida” – sua invenção – por tudo o que de ruim, de azarado, de prejudicial acontecia ao seu time querido. Se perdeu, se o juiz roubou – culpa do “Sobrenatural de Almeida”.E eis, então, que o “Sobrenatural de Almeida” passou a ser reconhecido em diversas cidades do Brasil. Acreditava-se que a trêfega figura trazia azar às cidades. Conturbava as comunidades. Em Piracicaba, o “Sobrenatural de Almeida” foi responsabilizado por tragédias. Pois – ao final dos 1960 e início dos 1970 – grandes lideranças políticas desapareceram. Morreram, um após o outro, os prefeitos Luciano Guidotti, Cássio Padovani, os políticos Guerino Trevisan e Jorge Antônio Ângeli. E a ditadura cassou o mandato do também prefeito Salgot Castillon. Nos bares, botecos, nos terreiros, tentou-se exorcizar a presença do “Sobrenatural de Almeida”.


Fosse vivo, seria um crítico ferrenho do VAR. Para ele futebol é ilusão, sonho, discussão, amor e paixão. Nada como discutir se o gol foi impedido, ou se foi pênalti ou não, cada torcedor "puxando brasa para sua sardinha".





Outra de suas frases famosas é : "Toda a unanimidade é burra"


Outras frases: 

“Outrora, os melhores pensavam pelos idiotas; hoje, os idiotas pensam pelos melhores. Criou-se uma situação realmente trágica: — ou o sujeito se submete ao idiota ou o idiota o extermina.”

“O homem só é feliz pelo supérfluo. No comunismo, só se tem o essencial. Que coisa abominável e ridícula!”

“Se o Fluminense jogasse no céu, eu morreria para vê-lo jogar.”

Por “complexo de vira-latas” entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo.

Nelson morreu em 21 de dezembro de 1980 e foi o último verdadeiro intelectual de direita, após sua morte só surgiram mediocridades no campo conservador.



Fontes:


wikipedia.org
google.com
novafronteira.com.br
revistadoisat.com.br
atribunapiracicabana.com.br
frasesfamosas.com.br

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