quarta-feira, 23 de agosto de 2023

 Vamos falar hoje da História da Literatura Portuguesa.




Luís de Camões, Antero de Quental, Eça de Queiroz, Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros, Sophia de Mello Breyner Andresen e José Saramago



Os inícios da literatura portuguesa encontram-se na poesia galego medieval, desenvolvida originalmente na Galiza e no Norte de Portugal. A Idade de ouro situa-se no Renascimento, momento em que aparecem escritores como Gil Vicente, Bernardim Ribeiro, Sá de Miranda e sobretudo o grande poeta épico Luís de Camões, autor de Os Lusíadas. O século XVII ficou marcado pela introdução do Barroco em Portugal e é geralmente considerado como um século de decadência literária, não obstante a existência de escritores como o Padre Antonio Vieira, o Padre Manuel Bernardes e Francisco Rodrigues Lobo. Os escritores do século XVIII, para contrariarem uma certa decadência da fase barroca, fizeram um esforço no sentido de recuperar o nível da idade dourada – o neoclassicismo,  através da criação de Academias e Arcádias literárias. Com o século XIX, foram abandonados os ideais neoclássicos, Almeida Garrett introduziu o Romantismo, seguido por Alexandre Herculano e Rebelo da Silva. No campo do Romance, na segunda metade do século XIX, desenvolveu-se o Realismo,  de feição naturalista, cujos máximos representantes foram Eça de Queiroz, Ramalho Ortigão e Camilo Castelo Branco. As tendências literárias do século XX estão representadas, principalmente, por Fernando Pessoa, considerado como o grande poeta nacional a par de Camões, e já nos seus últimos anos pelo desenvolvimento da prosa e ficção,  graças a autores como Antônio Lobo Antunes e José Saramago, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1998, até agora o único escritor em língua portuguesa.









A literatura portuguesa nasceu formalmente no momento em que surgiu o português língua escrita, nos séculos XII e XIII. Ainda que seja provável a existência de formas poéticas anteriores, os primeiros documentos literários conservados pertencem precisamente à lírica galego-portuguesa, desenvolvida entre os séculos XII e XIV com uma importante influência na poesia trovadoresca provençal. Esta lírica era formada por canções ou cantigas breves, difundidas por trovadores (poetas) e segréis (instrumentistas) e desenvolveu-se primeiro na Galiza e no Norte de Portugal. Mais tarde trasladou-se para a corte de Afonso X, o sábio, rei de Castela e de Leão, onde as cantigas continuaram a ser escritas em galego-português.


Os primeiros poetas conhecidos são João Soares de Paiva e Paio Soares Taveirós, sendo de autoria deste último a "Cantiga da Ribeirinha", também conhecida como "Cantiga da Garvaia".

Ribeirinha

No mundo non me sei pareiha,
Mentre me for como me vai,
Ca já moiro por vós – e ai!
Mia senhor branca e vermelha,
Queredes que vos retraia
Quando vos eu vi em saia!
Mau dia me levantei,
Que vos enton non vi fea!
E, mia senhor, dês aquel di’, ai!
Me foi a mim mui mal,
E vós, filha de don Paai
Moniz, e bem vos semelha
D’haver eu por vós guarvaia,
Pois, eu, mia senhor, d’alfaia
Nunca de vós houve nen hei
Valia d’ua Correa.

No mundo não conheço quem se compare
A mim enquanto eu viver como vivo,
Pois eu moro por vós – ai!
Pálida senhora de face rosada,
Quereis que eu vos retrate
Quando eu vos vi sem manto!
Infeliz o dia em que acordei,
Que então eu vos vi linda!
E, minha senhora, desde aquele dia, ai!
As coisas ficaram mal para mim,
E vós, filha de Dom Paio
Moniz, tendes a impressão de
Que eu possuo roupa luxuosa para vós,
Pois, eu, minha senhora, de presente
Nunca tive de vós nem terei
O mimo de uma correia.

(Paio Soares de Taveirós)



Outros poetas desenvolveram sua arte na corte do rei D. Afonso III de Portugal e mais tarde na de D.Dinis, ambos monarcas protetores e impulsionadores da cultura livresca. O corpus total da lírica galaico-portuguesa, composto por 1685 textos, excluindo as Cantigas de Santa Maria (As Cantigas de Santa Maria são um conjunto de quatrocentas vinte e sete composições em galego-português, que no século XIII era a língua fundamental da lírica culta em Castela), está reunido em Cancioneiros ou Livros das Canções: o Cancionoiros da Ajuda, Cancionaeiro da Vaticana e Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa (Colocci Brancuti), além dos pergaminhos Vindel e Sharrer.

O Pergaminho Sharrer é um fragmento de pergaminho medieval que contém partes de sete cantigas de amor de Dom Dinis, rei de Portugal, com poesias em língua galaico-portuguesa e notação musical.





Pergaminho de Sharrer
.

            Pergaminho de Vindel - final sec. XIII e inicio do sec. XIV


A prosa em português teve um desenvolvimento mais tardio que a poesia e não apareceu até o século XIII, época em que adotou a forma de breves crônicas, hagiografias e tratados de genealogia denominados Livros de Linhagens. Não se conservou nenhum cantar de gesta portuguesa, mas sim, em mudança, livros de cavalaria, como a "Demanda do Santo Graal". Nesta época escreveu-se ademais, possivelmente, a primeira versão, hoje perdida, do Amadis de Gaula, cujos três primeiros livros foram escritos segundo algumas fontes por um tal João Lobeira, trovador de finais do século XIII. Estas narrações cavalheirescas, ainda que desprezadas pelos homens cultos de finais da Idade Média e do Renascimento, gozaram do favor popular, dando lugar às intermináveis sagas dos "Amadises" e os "Palmerins", tanto em Portugal como em Espanha.

Em 1790 nasceu uma Nova Arcádia, a que pertencia Manuel Maria Barbosa du Bocage, que poderia talvez ter chegado a ser um grande poeta em outras circunstâncias. 



SONETO DO EPITAPHIO

La quando em mim perder a humanidade 
Mais um daquelles, que não fazem falta,
 Verbi-gratia — o theologo, o peralta, 
Algum duque, ou marquez, ou conde, ou frade:

 Não quero funeral communidade, 
Que engrole "sub-venites" em voz alta;
 Pingados gattarrões, gente de malta, 
Eu tambem vos dispenso a caridade: 

Mas quando ferrugenta enxada edosa 
Sepulchro me cavar em ermo outeiro, 
Lavre-me este epitaphio mão piedosa:

 "Aqui dorme Bocage, o putanheiro; 
Passou vida folgada, e milagrosa; 
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro".


O seu talento levou-o, no entanto, a reagir contra a mediocridade geral e não se conseguiu elevar a grande altura de maneira sustentada, apesar de os seus sonetos competirem com os de Camões. Também foi um mestre da poesia breve e improvisada, que empregou com sucesso em sua Pena de Talião contra José Agostinho de Macedo.

Este sacerdote era um autêntico ditador literário, e em sua obra Vós Burros ultrapassou a todos os demais poetas na agressividade de suas invectivas, chegando a ter tentado substituir os Lusíadas de Camões com uma obra épica inferior, Oriente. No aspecto positivo, escreveu notáveis obras didáticas e odes aceitáveis e as suas cartas e panfletos políticos mostram conhecimentos e versatilidade. Contudo, a sua influência no ambiente literário de Portugal foi mais negativa que positiva.

Nos últimos anos do século XX, e a começos do XXI, a literatura portuguesa em prosa tem demonstrado uma grande vitalidade, graças a escritores como Antonio Lobo Antunes e sobretudo o Prêmio Nobel de Literatura José Saramago, autor de novelas como "Ensaio sobre a cegueira" e "O Evangelho segundo Jesus Cristo" ou "A caverna".




José Saramago



Fontes:

wikipedia.org
google.com
brasilescola.uol.com.br
portaleducacao.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Vamos falar hoje de objeto direto e objeto indireto. O objeto direto e o indireto são termos integrantes da oração que completam o se...