Literatura Portuguesa:
A literatura portuguesa é dividida em três eras: Medieval, Clássica e Moderna. O período medieval é marcado pelo surgimento dessa literatura, com a obra Cantiga da Ribeirinha, de Paio Soares de Taveirós (século XII), além das cantigas trovadorescas, de textos de cunho didático ou religioso, das novelas de cavalaria e das obras de autores humanistas, como Sá de Miranda (1481-1558) e Gil Vicente (1465-1536).
Era Medieval
O Trovadorismo português ocorreu durante os séculos XII a XV. As cantigas trovadorescas portuguesas, de origem provençal (pois foi em Provença, no Sul da França, que nasceu o Trovadorismo europeu), estavam ainda linguisticamente associadas ao galego-português, idioma falado em Portugal e na Galiza, uma vez que a fundação de Portugal aconteceu no século XII. Assim, do galego-português originou-se a língua portuguesa, no século XIV.
São inúmeros os autores de poesia trovadoresca em Portugal. Os mais conhecidos são: Dom Dinis (1261-1325), que reinou em Portugal de 1279 a 1325, e João Garcia de Guilhade (século XIII), possivelmente um cavaleiro a serviço de uma família de linhagem nobre.
A Cantiga da Ribeirinha
No mundo non me sei pareiha,
Mentre me for como me vai,
Ca já moiro por vós – e ai!
Mia senhor branca e vermelha,
Queredes que vos retraia
Quando vos eu vi em saia!
Mau dia me levantei,
Que vos enton non vi fea!
E, mia senhor, dês aquel di’, ai!
Me foi a mim mui mal,
E vós, filha de don Paai
Moniz, e bem vos semelha
D’haver eu por vós guarvaia,
Pois, eu, mia senhor, d’alfaia
Nunca de vós houve nen hei
Valia d’ua Correa.
No mundo não conheço quem se compare
A mim enquanto eu viver como vivo,
Pois eu moro por vós – ai!
Pálida senhora de face rosada,
Quereis que eu vos retrate
Quando eu vos vi sem manto!
Infeliz o dia em que acordei,
Que então eu vos vi linda!
E, minha senhora, desde aquele dia, ai!
As coisas ficaram mal para mim,
E vós, filha de Dom Paio
Moniz, tendes a impressão de
Que eu possuo roupa luxuosa para vós,
Pois, eu, minha senhora, de presente
Nunca tive de vós nem terei
O mimo de uma correia.
(Paio Soares de Taveirós)
A “Ribeirinha” a que se refere um dos nomes da cantiga é Maria Pais Ribeiro, amante de D. Sancho I, rei de Portugal entre 1185 e 1211. O poema foi provavelmente dedicado a ela (que seria a “filha de don Paai Moniz”) e tem todas as características típicas de uma cantiga de amor.
No teatro, o principal nome é Gil Vicente considerado o criador do teatro português e autor de, entre outras peças, Auto da barca do inferno (1517).
O período clássico compreende as obras de autores dos seguintes estilos de época: Classicismo, Barroco e Arcadismo. Já o período moderno engloba o Romantismo, o Realismo-Naturalismo, o Simbolismo, o Modernismo e a literatura contemporânea portuguesa. Além disso, a partir da colonização do Brasil, a influência da literatura portuguesa na literatura brasileira tornou-se evidente.
Era Clássica:
O período renascentista em Portugal compreende os séculos XVI a XVIII, com influências do Renascimento italiano, do Barroco espanhol e do Iluminismo francês. O principal nome do Classicismo português é Luís Vaz de Camões (1524-1580): além de sua poesia lírica, é autor também do poema épico Os Lusíadas (1572) e dos autos Anfitriões (1587) e El-rei Seleuco (1645).
O Barroco português, oficialmente, durou de 1580 a 1756. Devido à forte influência dos poetas espanhóis Luis de Góngora (1561-1627) e Francisco de Quevedo (1580-1645), o Barroco português é chamado também de Escola Espanhola.
Seus principais autores são:
Francisco Rodrigues Lobo (1580-1622), pioneiro do Barroco português: A primavera (1601), novela pastoril;
Jerónimo Baía (1620-1688): obra compilada no Cancioneiro Fénix Renascida, como o poema “Ao menino Deus em metáfora de doce”;
António Barbosa Bacelar (1610-1663): poemas reunidos no Cancioneiro Fénix Renascida, como o soneto “A uma ausência”;
António José da Silva (1705-1739), “o Judeu”: além de dramaturgo, é atribuída a ele a autoria da novela Obras do diabinho da mão furada;
Gaspar Pires de Rebelo (1585-1642): Infortúnios trágicos da constante Florinda (1625);
Teresa Margarida da Silva e Orta (1711-1793): Aventuras de Diófanes (1752);
Pe. António Vieira (1608-1697): autor integrante tanto da literatura portuguesa quanto da literatura brasileira, com sua obra Os sermões (1679);
D. Francisco Manuel de Melo (1608-1666): Obras métricas (1665);
Soror Violante do Céu (1601-1693): Romance a Cristo Crucificado (1659);
Soror Mariana Alcoforado (1640-1723): Cartas portuguesas (1669).
O Neoclassicismo ou Arcadismo português ou, ainda, Arcádia Lusitana teve início em 1756 e, oficialmente, terminou em 1825.
Seus principais autores são:
Correia Garção (1724-1772): comédia Assembleia ou Partida (1770);
Manuel du Bocage (1765-1805), cuja obra se caracteriza por uma transição para o Romantismo: Queixumes do pastor Elmano contra a falsidade da pastora Urselina (1791);
António Dinis da Cruz e Silva (1731-1799): O Hissope (1768);
Marquesa de Alorna (1750-1839): Ensaio sobre a indiferença em matéria de religião (1820);
Francisco José Freire (1719-1773), ou o Cândido Lusitano: Arte poética (1748).
Era Moderna
O Romantismo português foi dividido em três fases. A primeira fase (nacionalista) começou em 1825 e terminou em 1840. Os principais autores são Alexandre Herculano, autor de Eurico, o presbítero (1844), e Almeida Garret (1799-1854), cujo poema Camões (1825) iniciou o Romantismo português. Além disso, Garret foi o fundador do Teatro Nacional, com as peças Um auto de Gil Vicente (1838), O Alfageme de Santarém (1842) e Frei Luís de Sousa (1843).
Almeida Garret
A segunda fase (ultrarromântica) durou de 1840 a 1860, e seu principal nome é Camilo Castelo Branco (1825-1890), autor do famoso Amor de perdição (1862), além de Soares de Passos (1826-1860), autor de Poesias (1856). Já a terceira fase (pré-realista), iniciada em 1860 e finalizada em 1870, traz autores como Júlio Dinis (1839-1871), autor de As pupilas do Senhor Reitor (1867), e Antero de Quental (1841-1891), autor de Odes modernas (1865). Esse último é considerado, por alguns pesquisadores, um escritor realista.
A Questão Coimbrã foi o marco inicial do movimento realista em Portugal. Ela representou uma nova forma de fazer literatura, trazendo à tona aspectos de renovação literária aliado as ideias que surgiram na época em torno de questões científicas.
O primeiro grupo envolvido na Questão Coimbrã, liderado por Castilho, era formado por intelectuais que defendiam sobretudo o status quo literário. Tinham uma visão tradicional, academicista e formal.
O segundo grupo, formados pelos jovens estudantes de Coimbra, propunha denunciar a sociedade e mostrar a vida do homem de maneira mais realista. Por isso, se posicionaram contra a postura formal, conservadora e acadêmica da Escola Romântica.
Os estudantes alegavam a falsidade contida na literatura romântica e propunham uma transformação artística, cultural, política e econômica.
A Questão Coimbrã, começa, dessa forma, com uma ácida crítica de Castilho sobre os estudantes de Coimbra, os novos literatos.
Ele fez os comentários após ler as obras publicadas naquele ano dos escritores Antero de Quental (Odes Modernas) e Teófilo Braga (Tempestades Sonoras).
Além disso, após ser atacado por Castilho, Antero de Quental escreve uma das obras mais emblemáticas do Realismo Português intitulada “Bom Senso e Bom Gosto”.
Ela foi escrita em 2 de novembro de 1865 e representou uma resposta à Feliciano de Castilho num tom sarcástico e irônico.
Já o Realismo-Naturalismo português ocorreu de 1865 a 1900. Seus principais autores são:
Eça de Queirós (1845-1900): Os Maias (1888);
Cesário Verde (1855-1886): O livro de Cesário Verde (1901);
Fialho de Almeida (1857-1911): Os gatos (1889-1894);
Guerra Junqueiro (1850-1923): A morte de D. João (1874).
Na sequência, o Simbolismo português, iniciado em 1890 e finalizado em 1915.
Seus principais autores são:
Eugénio de Castro (1869-1944): Interlúnio (1894);
Camilo Pessanha (1867-1926): Clépsidra (1920);
António Nobre (1867-1900): Só (1892).
O Modernismo português também foi dividido em fases. Assim, a geração de Orpheu, primeira fase do Modernismo português, durou de 1915 a 1927. Seus principais autores são:
Fernando Pessoa (1888-1935): Mensagem (1934);
Mário de Sá-Carneiro (1890-1926): Dispersão (1914);
Almada Negreiros (1893-1970): A engomadeira (1917).
O Presencismo, segunda fase do Modernismo português, aconteceu entre 1927 e 1940.
Seus principais autores são:
José Régio (1901-1969): As encruzilhadas de Deus (1936);
João Gaspar Simões (1903-1987): Elói ou Romance numa cabeça (1932);
Branquinho da Fonseca (1905-1974): O barão (1942);
Miguel Torga (1907-1995): Ansiedade (1928).
Ainda como parte do Modernismo português, o Neorrealismo durou de 1939 a 1974.
Seus principais autores são:
Soeiro Pereira Gomes (1909-1949): Esteiros (1941);
Ferreira de Castro (1898-1974): A selva (1930);
Alves Redol (1911-1969): Gaibéus (1939).
E, por fim, os principais autores da literatura contemporânea portuguesa são:
José Saramago (1922-2010): O evangelho segundo Jesus Cristo (1991).O único escritor em língua portuguesa que ganhou o Prêmio Nobel de Literatura.
António Lobo Antunes (1942-): Da natureza dos deuses (2015);
Miguel de Souza Tavares (1952-): Madrugada suja (2013);
Jacinto Lucas Pires (1974-): O verdadeiro ator (2011);
Inês Pedrosa (1962-): Os íntimos (2010).
Fontes:
blog.portaleducacao.com.br
portugues.com.br
google.com
todamateria.com.br
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