segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Os Lusíadas - Luís Vaz de Camões





Os Lusíadas é considerada a maior obra da Literatura portuguesa.

É um poema épico decassílabo ( dez sílabas poéticas) , dividido em dez cantos, publicado em 1572.





O tema central da obra é o descobrimento do caminho marítimo para a Índia. Para o seu tratamento literário, Camões criou uma história mitológica onde seres sobrenaturais - os deuses - contribuem para a evolução da ação, alguns opondo-se à viagem de Vasco da Gama, outros favorecendo-a. Ao mesmo tempo, são evocadas por Vasco da Gama ao rei de Melinde as glórias da nacionalidade, numa síntese da História de Portugal. Geralmente, no início e no fim dos cantos, o poeta faz diversas considerações revelando as suas opiniões, reflexões e críticas.


As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;


2

E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando,
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.


3

Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.

Nessas primeiras três estrofes, o poeta português enaltece as glórias e conquistas lusitanas e afirma que superam em muito as epopeias gregas e romanas, e seus heróis:

Alexandre, o Grande: Rei da Macedônia, conhecido por suas conquistas militares que abrangeram a Grécia, Egito, Próximo e Médio Oriente.

Trajano: Imperador romano, famoso por suas conquistas militares, incluindo a anexação da Dácia (atual Romênia) e a expansão do Império Romano.

Em "Os Lusíadas", o sábio grego é Ulisses, e o sábio troiano é Eneias. Ulisses é o herói da Odisseia, conhecido por sua astúcia e viagens, enquanto Eneias é o herói da Eneida, conhecido por sua piedade e fundação de Roma. Ambos são figuras importantes da literatura clássica e servem como exemplos de heróis que Camões contrapõe aos portugueses, mostrando que a bravura e as conquistas dos navegadores portugueses superam as dos heróis antigos.

Para Camões, nenhuma aventura se compara a saga vivida por Vasco da Gama e nas conquistas portuguesas.


O narrador relata as conquistas dos reis portugueses, que “foram dilatando/ A Fé, o Império, e as terras viciosas/ De África e de Ásia andaram devastando”. Porém, antes, ele segue a convenção epopeica e, no canto I, pede inspiração ou invoca as tágides, que seriam as ninfas do rio Tejo, em Portugal:


Dai-me agora um som alto e sublimado,

Um estilo grandíloco e corrente,

Por que de vossas águas Febo ordene

Que não tenham enveja às de Hipocrene.


Além disso, o narrador dedica seus versos a D. Sebastião (1554-1578), rei de Portugal. Em alguns momentos da obra, ele também se dirige ao monarca como seu interlocutor. Para tornar a saga portuguesa ainda mais sublime, mostra que os lusos são protegidos pelos deuses do Olimpo, em clara referência à cultura greco-latina, como mostram estas palavras de Júpiter:

— “Eternos moradores do luzente,

Estelífero Polo e claro Assento:

Se do grande valor da forte gente

De Luso não perdeis o pensamento,

Deveis de ter sabido claramente

Como é dos Fados grandes certo intento

Que por ela se esqueçam os humanos

De Assírios, Persas, Gregos e Romanos.



Assim, no prólogo, o narrador apresenta o herói da epopeia, ou seja, Vasco da Gama (1469-1524):

Vasco da Gama, o forte Capitão,

Que a tamanhas empresas se oferece,

De soberbo e de altivo coração,

A quem Fortuna sempre favorece,

Pera se aqui deter não vê razão,

Que inabitada a terra lhe parece.

Por diante passar determinava,

Mas não lhe sucedeu como cuidava.


O capitão e os lusitanos são cristãos invencíveis e travam guerra contra os mouros, que tentam enganar os portugueses. A frota encontra terras onde os heróis vivem aventuras e perigosos, até chegar finalmente à Índia, que é o objetivo desde o começo. O narrador da obra é observador, ou seja, não é onisciente, pois necessita da ajuda dos deuses para narrar:

Agora tu, Calíope, me ensina

O que contou ao Rei o ilustre Gama;

Inspira imortal canto e voz divina

Neste peito mortal, que tanto te ama.

Assi o claro inventor da Medicina,

De quem Orfeu pariste, ó linda Dama,

Nunca por Dafne, Clície ou Leucotoe,

Te negue o amor devido, como soe.


A narrativa que Vasco da Gama faz ao rei de Melinde tem o objetivo de mostrar a grandeza de Portugal. É um país comandado, historicamente, por bravos conquistadores cristãos. Dessa forma, o sentimento de nacionalidade está em destaque, e, com a narrativa de Gama, o povo português é levado a ter orgulho de suas origens:

“Julgas agora, Rei, se houve no mundo

Gentes que tais caminhos cometessem?

Crês tu que tanto Eneias e o facundo

Ulisses pelo mundo se estendessem?

Ousou algum a ver do mar profundo,

Por mais versos que dele se escrevessem,

Do que eu vi, a poder d’esforço e de arte,

E do que inda hei-de ver, a oitava parte?



No epílogo, os conquistadores voltam para Portugal, e o narrador termina a obra com elogios ao rei português:

Ou fazendo que, mais que a de Medusa,

A vista vossa tema o monte Atlante,

Ou rompendo nos campos de Ampelusa

Os muros de Marrocos e Trudante,

A minha já estimada e leda Musa

Fico que em todo o mundo de vós cante,

De sorte que Alexandro em vós se veja,

Sem à dita de Aquiles ter enveja.


Os Lusíadas, portanto, é uma narrativa histórica, já que os personagens da obra fazem parte da história de Portugal. Mas também apresenta elementos fictícios, seres mitológicos e uma grande idealização da Coroa portuguesa e do povo lusitano. Como em qualquer epopeia, os heróis precisam vencer obstáculos — nesse caso, os perigos do mar e o ataque dos mouros. Tudo para cumprir a grande missão: encontrar um caminho para a Índia e, assim, expandir os territórios e a fé do monarca português.






Fontes:

cvc.instituto-camoes.pt 
bibliotecadigital.ebsqf.pt
wikipedia.org
google.com
brasilescola.uol.com.br


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