terça-feira, 29 de agosto de 2023

 Hoje iremos falar de expressões que usamos, e ouvimos outros usarem, mas que às vezes, temos dúvidas sore sua origem e significado.


Segredo de Polichinelo:



Polichinelo provém do latim 'pullicenum', «franguinho, pintinho», no sentido «pessoa a quem falta traquejo». Daqui derivou para o italiano "pucinello", personagem napolitana da "commedia dell'arte", corcunda e com um peito disforme, nariz adunco, popularizado entre nós pelo teatro de fantoches, que representa um homem do povo, preguiçoso mas muito astucioso. 
A palavra, que entrou na nossa língua por via da variante francesa "polichinelle", passou a equivaler a saltimbanco, palhaço, títere, bobo; pessoa que muda muitas vezes de opinião. 
«Segredo de polichinelo», a expressão mais comumente utilizada, diz-se daquilo que toda a gente sabe. Por ser assíduo nas cortes da Europa, ele conhecia os segredos dos nobres e não deixava de contá-los. Menos usada, «voz de polichinelo», significa voz tremida e esganiçada.
Polichinelo era uma espécie de "bobo da corte" sua função era fazer rir, entrava em cena aos pulos, levantando as mãos, daí vem o exercício de polichinelo, onde os praticantes parem de uma posição ereta e depois saltam abrindo as pernas e erguendo os braços.


Caixa de Pandora: 


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Prometeu tinha roubado o fogo dos deuses que dava à vida, com isso tinha conseguido um grande poder, ou seja criar a vida, mas num gesto de bondade, deu o fogo aos homens, com isso tirou o poder dos deuses sobre a vida, e deu aos homens.

Uma das várias versões deste mito indica que Pandora, uma mulher de extrema beleza, foi enviada por Zeus para se casar com Epimeteu, que era irmão de Prometeu. O presente de casamento era uma caixa que continha todos os males, que ficou conhecida como caixa de Pandora, uma vez que esta não conseguiu conter a sua curiosidade e abriu a caixa, libertando todos os males e desgraças sobre a humanidade, porém fechando-a antes que a esperança também se esvaísse. Desta forma, os deuses se vingaram de Prometeu por ter roubado o fogo dos deuses.


Parecer a uma Poliana:


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Aquele ou aquela que enxerga o lado bom em todas as coisas, por mais terríveis que possam ser.
A frase vem de uma peça infanto-juvenil Eleanor H.Porter, publicada em 1913, que conta a história de Pollyanna, uma garota de 11 anos,  filha de um missionário pobre. 
Com a morte do pai, vai morar com uma tia rica e muito severa.
Na casa Pollyanna, passa a jogar o "jogo do contente" que aprendeu com seu pai. O jogo consistia em achar algo de bom e positivo em tudo, mesmo nas coisas mais desagradáveis.


O pomo da discórdia:



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A lendária Guerra de Troia começou numa festa dos deuses do Olimpo: Éris, a deusa da Discórdia, que naturalmente não tinha sido convidada, resolveu acabar com a alegria reinante e lançou por sobre o muro uma linda maçã, toda de ouro, com a inscrição “à mais bela”.
Como as três deusas mais poderosas: Hera, Afrodite e Atena disputavam o troféu, Zeus passou a espinhosa função de julgar para Páris, filho do rei de Troia  O príncipe concedeu o título a Afrodite em troca do amor de Helena, casada com o rei de Esparta.
A rainha fugiu com Páris para Troia, os gregos marcharam contra os troianos e a famosa maçã passou a ser conhecida como “o pomo da discórdia” – que hoje indica qualquer coisa que leve as pessoas a brigar entre si.

O pior cego é aquele que não quer ver:




Em 1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vicent de Paul D’Argenrt fez o primeiro transplante de córnea em um aldeão de nome Angel.
Foi um sucesso da medicina da época, menos para Angel, que assim que passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via. Disse que o mundo que ele imagina era muito melhor. Pediu ao cirurgião que arrancasse seus olhos.
O caso foi acabar no tribunal de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou para a história como o cego que não quis ver. Atualmente, o ditado se refere a a alguém que se nega a admitir um fato verdadeiro.


Entrar com o pé direito:

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A expressão "entrar com o pé direito" surgiu com a superstição de entrar em algum lugar com o pé direito para dar sorte. Essa tradição é de origem romana. Nos eventos e festas em Roma, os anfitriões acreditavam que ao entrar com o pé certo, poderiam evitar agouros na sua festa e por isso mesmo pediam para os seus convidados cumprirem essa norma. No latim, a palavra “esquerda” significa “sinistro”, o que explica a crença dos romanos de que os lados direito e esquerdo simbolizavam o bem e o mal. Foi a partir dessa altura que a expressão e a crença se espalharam pelo mundo.

Antigamente uma criança que era canhota, era repreendida pelos pais e familiares, era tido como coisa do diabo, e forçada a escrever com a mão direita.

Na política os termos esquerda e direita vêm da França, do século XVIII, onde os nobres da elite e o clero se sentavam à direita do rei, e a burguesia e as classes mais populares se sentavam à esquerda.
A direita era mais conservadora e sempre trabalhava para manter seus privilégios, enquanto que a esquerda lutava por ampliação dos direitos dos cidadãos e diminuir a influência da nobreza e do clero.

Até mesmo na Igreja na oração do Credo, vemos a frase "sentado à direita de Deus Pai".


Fontes:



ciberduvidas.iscte-iul.pt
significados.com.br
geledes.org.br
wikipedia.org
tokdehistoria.com.br

sábado, 26 de agosto de 2023



"I am a Jew. Hath not a Jew eyes? Hath not a Jew hands, organs, dimensions, senses, affections, passions; fed with the same food, hurt with the same weapons, subject to the same diseases, heal'd by the same means, warm'd and cool'd by the same winter and summer, as a Christian is? If you prick us, do we not bleed? If you tickle us, do we not laugh? If you poison us, do we not die? And if you wrong us, do we not revenge? If we are like you in the rest, we will resemble you in that."

--Shylock from "The Merchant Of Venice" Act 3, scene 1, 58–68





"Sou um judeu. Então, um judeu não possui olhos? Um judeu não possui mãos, órgãos, dimensões, sentidos, afeições, paixões? Não é alimentado pelos mesmos alimentos, ferido com as mesmas armas, sujeito às mesmas doenças, curado pelos mesmos remédios, aquecido e esfriado pelo mesmo verão e pelo mesmo inverno que um cristão? Se nos cortam, não sangramos? Se nos fazem cócegas, não rimos? Se nos envenenam, não morremos? Mas, se nos ultrajam não podemos nos vingar?! Se somos como vocês quanto ao resto, também somos semelhantes nisso."

--Shylock em "O Mercador de Veneza" Ato 3, cena 1, 58–68 - Livre tradução.

Na peça, o nobre Bassânio está falido e precisa de dinheiro para viajar e conquistar Pórcia, uma rica e bela herdeira. A fim de ajudar o amigo, o comerciante Antônio pede um empréstimo a Shylock, um agiota judeu. Shylock aceita fazer o acordo, desde que os rapazes concordem com uma proposta insólita: se o pagamento não acontecer como combinado, Antônio terá de quitar a dívida com uma libra de carne do próprio corpo! É que Shylock vê nessa negociação a chance de se vingar de Antônio, que várias vezes o ofendera por sua origem judaica. Como o mercador não consegue honrar seu compromisso, o caso vai parar no tribunal. Para defender Antônio, Pórcia se disfarça de advogado e acaba encontrando uma solução surpreendente!


Na peça "O Auto da compadecida" existem muitos trechos baseado na peça e Shakespeare, como o coronel Antonio Moraes empresta dinheiro para Chicó e pede como garantia uma lasca de sua pele, caso ele não pague.

O Auto da Compadecida, como O Mercador de Veneza, possui também os seus sovinas: o padeiro e a sua esposa. 

"Eles maltratam e exploram João Grilo e Chicó, deixando-os à mercê da própria sorte, pagando-lhes um salário ínfimo:

 JOÃO GRILO: Ó homem sem vergonha!

[Chicó]Inda pergunta? Está esquecido que ela deixou você? [A mulher do padeiro]

Está esquecido da exploração que eles fazem conosco naquela padaria do inferno? Pensam que são o cão só porque enriqueceram, mas um dia hão de me pagar. 

E a raiva que eu tenho é porque quando estava doente, me acabando em cima de uma cama, via passar o prato de comida que ela mandava para o cachorro. 
Até carne passada na manteiga tinha. Para mim nada, João Grilo que se danasse.

Um dia eu me vingo. (SUASSUNA, 2004, p. 39) João Grilo considerava uma grave ofensa o fato de um cão ser mais bem tratado do que um homem, e nessa cena é evidente a crítica de Suassuna às desigualdades sociais encontradas no Nordeste e no país, acentuando o descaso dos mais ricos em referência ao miseráveis, aqueles que tentam sobreviver em meio às lutas cotidianas, e têm como perspectiva, como meta, apenas o alimento diário, como se diz no Nordeste: remediar-se “da mão para a boca”.

 A obra de Skakespeare enfoca a avareza e os maus tratos dos ricos em relação aos seus empregados, conjuntura personificada na relação do judeu e seu servo. O quarto ato de O Mercador de Veneza tem como tema central o julgamento de Antônio, o inimigo do judeu mesquinho, enquanto que Shylock, por inúmeras vezes e diferentes argumentos, intenta ser o debelador da causa que pleiteia, levando o caso a julgamento:

PÓRCIA: Uma libra de carne desse peito / É sua, pela corte e pela lei.

SHYLOCK: O juiz é mais que sábio! [...] 

Aqui, observa-se que Shakespeare explica o motivo da dívida, o amor, e por amor tudo deve ser compreendido; pelo amor todos os atos são justificáveis, essa é a ideologia do drama. Por amor ao amigo, Antônio aceita ser fiador de Bassânio. 

Por amor a Pórcia, Bassânio utiliza o dinheiro conseguido para cortejá-la. Por amor a Bassânio, Pórcia vem ao auxílio de Antônio para livrá-lo da morte e da humilhação pública imposta pelo judeu. Por amor, Shakespeare afirma que todos os atos e falha são perdoados, esquecidos, menos aqueles atos imputados conta o próprio amor, como o cometido por Shylock. 

As personagens do Auto também passam por semelhante situação na cena do julgamento celestial, quando Manuel ouve as interpelações do Diabo contra o padre, o bispo, Severino, o padeiro e sua esposa e João Grilo e, em seguida, as explicações dos acusados. Apesar das graves acusações, como:

 [...] Simonia, no enterro do cachorro, velhacaria, política mundana, arrogância com os pequenos, subserviência com os grandes [...] falta de coleguismo com o bispo [...] preguiça [...] Hipocrisia e autossuficiência [...] roubava a igreja. [...] Piores patrões. [...] avareza do marido, adultério da mulher. [...] Mataram mais de trinta. [...] o amarelo, que engana todo mundo. (SUASSUNA, 2004, p.141-152) 

Os incriminados têm a chance de defesa e obtêm como advogada a Compadecida, que pelo nome traduz-se “aquela que se compadece, apieda-se”. É ela quem argui acerca dos erros dos réus, seus “clientes”, e livra-os da sentença.6 Com isso, as personagens, rés no julgamento, embora com argumentos fortes do acusador , são isentos pela Compadecida, com a outorga do juiz Manuel. 

E mesmo João Grilo, sobre quem foram feitas as mais graves denúncias, livrou-se e conseguiu uma oportunidade de voltar a terra em vez da condenação, para que tivesse uma segunda chance de redimir-se dos seus feitos mentirosos e enganadores, da sua vida de farsa, ao que ele responde: GRILO: Com Deus e com Nossa Senhora, que foi quem me valeu! [Ajoelhando-se diante de Nossa Senhora e beijando-lhe a mão.] Até à vista, grande advogada. Não me deixe de mão não, estou decidido a tomar jeito, mas a senhora sabe que a carne é fraca. (SUASSUNA, 2004, p. 175) 

Pelo tom, fica evidenciada a nuança de comédia, do “jeitinho” sempre dado pelo caboclo, pelo nordestino, pelo brasileiro. O amarelo engana a Compadecida e também a Manuel. Ao fazer-se de desprotegido, de infeliz, ele apela para a comiseração divina. Na tentativa de livra-se do Inferno e da ira do Diabo, apropria-se de uma técnica bastante engenhosa: culpa a si mesmo para, dessa forma, conseguir a absolvição. João Grilo é o símbolo do homo brasilis, aquele que consegue sobreviver em meio a condições adversas, logra êxito de lugares onde só havia aridez e esterilidade, utilizando-se do ambiente em que vive, dos sentimentos que nutre e das relações sociais.





Grilo e Pórcia aproximam-se em seus argumentos durante a cena do Julgamento. Se ela demonstra conhecimento das leis venezianas e domínio da retórica para convencer a todos os presentes, evidenciando que detém o saber erudito, o Amarelo coloca em prática a oratória obtida no dia-a-dia, na luta pela sobrevivência no terreno árido do sertão nordestino. Mesmo no céu, picardia e malandragem se unem para salvá-lo de mais uma intempérie, não da vida, mas da morte.


(SHAKESPEARE, 1999, p. 121-123) 

Embora separadas por 4 séculos (O mercador de Veneza no século XVI e o Auto da Compadecida século XX) os temas abordados como a usura e os discursos contra seus senhores além da esperteza usada nos julgamentos tornam ambas as obras em bastante semelhantes.


Fontes:

Instituto Shakespeare Brasil
ileel.ufu.br/anaisdosilel/pt/
wikipedia.org
google.com

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

 Principais erros ortográficos no Português.



Os erros ortográficos ocorrem, principalmente, porque não existe uma correspondência direta entre todos os grafemas e fonemas da língua portuguesa, ou seja, entre todas as letras e os sons que elas podem representar. Um som pode ser representado por várias letras e uma letra pode representar diferentes sons.


Veja quais os erros de ortografia são mais comuns



1. “Mal” e “mau”


Mau” com “U” é um adjetivo, enquanto “mal” pode ser advérbio ou Substantivo. 
O contrário de Mau é Bom, enquanto o contrário de Mal é Bem.

A luta entre o bem e o mal nunca acaba.
Comemos muito mal durante a viagem.
Nas histórias, as madrastas sempre são más, isto é, têm o coração mau.
Quem é mal-humorado está sempre de mau humor!


Confira os principais erros ortográficos do português: X ou CH

A consoante x e o dígrafo ch são facilmente confundidos, uma vez que o x pode assumir o valor de ch no princípio e no meio das palavras.

Palavras com x:
mexer (e não mecher);
puxar (e não puchar);
xingar (e não chingar);
enxergar (e não enchergar);
xícara (e não chícara).

Palavras com ch:
encher (e não enxer);
pichar (e não pixar);
chuchu (e não xuxu);
chilique (e não xilique);
inchado (e não inxado).
G ou J

A troca entre j e g é comum, porque essas duas consoantes representam o mesmo fonema quando formam sílaba com a vogal i e com a vogal e. Assim, as sílabas ge/je e gi/ji são pronunciadas da mesma forma.

Palavras com g:
bege (e não beje);
longe (e não lonje);
gesto (e não jesto);
exigir (e não exijir);
dirigir (e não dirijir).

Palavras com j:
jeito (e não geito);
laje (e não lage);
ajeitar (e não ageitar);
jiboia (e não giboia);
canjica (e não cangica).
S ou Z

A dúvida na escrita de s ou z nas palavras ocorre quando a consoante s está posicionada entre duas vogais, assumindo o som /z/.

Palavras com s:
atrasado (e não atrazado);
paralisar (e não paralizar);
pesquisa (e não pesquiza);
análise (e não análize);
quiseram (e não quizeram).

Palavras com z:
prezado (e não presado);
azia (e não asia);
batizado (e não batisado);
gentileza (e não gentilesa);
deslize (e não deslise).
S, SS, Ç ou C

O uso de s, ss, ç ou c causa muitas dúvidas, porque todas essas opções podem representar o mesmo som: /s/.

Palavras com s:
ansioso (e não ancioso);
descanso (e não descanço);
suspense (e não suspence);
subsídio (e não subcídio);
compreensão (e não compreenção).

Palavras com ss:
excesso (e não exceço);
necessidade (e não nececidade);
permissão (e não permição);
impressão (e não impreção);
pressão (e não preção).

Palavras com ç:
exceção (e não excessão);
cansaço (e não cansasso);
licença (e não licensa);
embaçado (e não embassado);
peça (e não pessa).

Palavras com c:
você (e não voçê);
parece (e não pareçe);
gracinha (e não graçinha);
comecei (e não começei);
coceira (e não coçeira).
I ou E

Devido à proximidade de pronúncia existente entre a vogal i e a vogal e, o erro na escrita das duas vogais é frequente.

Palavras com i:
digladiar (e não degladiar);
privilégio (e não previlégio);
incomodar (e não encomodar);
possui (e não possue);
contribui (e não contribue).

Palavras com e:
empecilho (e não impecilho);
entrevista (e não intrevista);
periquito (e não piriquito);
desvio (e não disvio);
irrequieto (e não irriquieto).
L ou R

A troca entre a consoante r e a consoante l é um erro de articulação comum em diversas regiões do Brasil.

Palavras com r:
cérebro (e não célebro);
cerebral (e não celebral);
cabeleireiro (e não cabeleileiro).

Palavras com l:
pílula (e não pírula);
problema (e não probrema);
blusa (e não brusa).
Acréscimo de letras

A escrita de letras que não existem na palavra provoca, também, vários erros ortográficos. Isso ocorre, principalmente, perto de consoantes mudas, que deverão ser pronunciadas sem a inclusão de uma vogal.

Exemplos de erros por acréscimo de letras:
advogado (e não adevogado);
beneficente (e não beneficiente);
amnésia (e não aminésia);
absurdo (e não abisurdo);
idolatrada (e não idrolatrada);
losango (e não losângulo);
asterisco (e não asterístico).
Supressão de letras

A não escrita de todas as letras que formam a palavra provoca, também, diversos erros ortográficos.

Exemplos de erros por supressão de letras:
perturbar (e não pertubar);
prostração (e não prostação);
retrógrado (e não retrógado);
propriedade (e não propiedade);
brincadeira (e não brincadera);
poliomielite (e não poliomelite).
Troca na posição das letras

Erros ortográficos derivados de trocas na posição das letras surgem em palavras maiores e mais complexas.

Exemplos de erros por troca na posição das letras:
bicarbonato (e não bicabornato);
padrasto (e não padastro);
madrasta (e não madastra).
muçulmano (e não mulçumano);
meteorologia (e não metereologia);
entretido (e não entertido);
supérfluo (e não supérfulo).
Extensão da nasalidade

Alguns erros ortográficos surgem devido à extensão indevida do traço de nasalidade de uma sílaba para outra anterior ou posterior.

Exemplos de erros por extensão da nasalidade:
mendigo (e não mendingo);
sobrancelha (e não sombrancelha);
bugiganga (e não bugingana);
identidade (e não indentidade);
reivindicar (e não reinvindicar).
Junção de palavras separadas

Diversas expressões de uso corrente são erradamente escritas de forma junta, quando na realidade deverão ser escritas de forma separada.

Expressões que se escrevem separadas:
com certeza (e não concerteza);
de repente (e não derrepente)
por isso (e não porisso);
a partir de (e não apartir de);
de novo (e não denovo).
Acentuação gráfica

A falta de acentos gráficos ou a escrita indevida de um acento gráfico são considerados, também, erros ortográficos. A acentuação gráfica das palavras deverá ser sempre feita de acordo com as regras de acentuação do português.

Palavras sem acento gráfico:
item (e não ítem);
coco (e não côco);
gratuito (e não gratuíto);
rubrica (e não rúbrica);
higiene (e não higiêne);
menu (e não menú);
raiz (e não raíz).

Palavras com acento gráfico:
mantém (e não mantem);
papéis (e não papeis);
pólen (e não polen);
pôr (para distinguir de por);
pôde (para distinguir de pode);
têm (para distinguir de tem).
Uso do hífen

Desde a entrada em vigor do atual acordo ortográfico, a escrita de palavras com hífen e sem hífen tem sido motivo de dúvidas para diversos falantes.

Palavras com hífen:
segunda-feira (e não segunda feira);
bem-vindo (e não benvindo);
mal-humorado (e não mal humorado);
micro-ondas (e não microondas);
bem-te-vi (e não bem te vi).

Palavras sem hífen:
dia a dia (e não dia-a-dia);
fim de semana (e não fim-de-semana);
à toa (e não à-toa);
autoestima (e não auto-estima);
antirrugas (e não anti-rugas).
Parônimos e homônimos homófonos

Devido à proximidade gráfica e fonética que as palavras parônimas e homônimas homófonas apresentam, é frequente que sejam usadas de forma errada. Muitas vezes, apesar de estarem bem escritas, são usadas de forma trocada, no contexto errado, originando o erro ortográfico.

Palavras parônimas:
cumprimento e comprimento;
iminente e eminente;
tráfego e tráfico;
retificar e ratificar;
cavaleiro e cavalheiro;
estofar e estufar.

Palavras homônimas homófonas:
mau e mal;
acento e assento;
houve e ouve;
alto e auto;
concerto e conserto;
trás e traz.


E ATENÇÂO! Não existe a palavra MENAS. Esse advérbio e invariável e não declina no gênero; ou seja tanto faz que o substantivo seja masculino ou feminino sempre usamos MENOS.

Exemplos:

Tem Menos gente hoje !
Na sala de aula tem Menos meninas do que meninos.



Fontes:
dicio.com.br
comunidade.rockcontet.com
estudopratico.com.br

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

 Vamos falar hoje da História da Literatura Portuguesa.




Luís de Camões, Antero de Quental, Eça de Queiroz, Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros, Sophia de Mello Breyner Andresen e José Saramago



Os inícios da literatura portuguesa encontram-se na poesia galego medieval, desenvolvida originalmente na Galiza e no Norte de Portugal. A Idade de ouro situa-se no Renascimento, momento em que aparecem escritores como Gil Vicente, Bernardim Ribeiro, Sá de Miranda e sobretudo o grande poeta épico Luís de Camões, autor de Os Lusíadas. O século XVII ficou marcado pela introdução do Barroco em Portugal e é geralmente considerado como um século de decadência literária, não obstante a existência de escritores como o Padre Antonio Vieira, o Padre Manuel Bernardes e Francisco Rodrigues Lobo. Os escritores do século XVIII, para contrariarem uma certa decadência da fase barroca, fizeram um esforço no sentido de recuperar o nível da idade dourada – o neoclassicismo,  através da criação de Academias e Arcádias literárias. Com o século XIX, foram abandonados os ideais neoclássicos, Almeida Garrett introduziu o Romantismo, seguido por Alexandre Herculano e Rebelo da Silva. No campo do Romance, na segunda metade do século XIX, desenvolveu-se o Realismo,  de feição naturalista, cujos máximos representantes foram Eça de Queiroz, Ramalho Ortigão e Camilo Castelo Branco. As tendências literárias do século XX estão representadas, principalmente, por Fernando Pessoa, considerado como o grande poeta nacional a par de Camões, e já nos seus últimos anos pelo desenvolvimento da prosa e ficção,  graças a autores como Antônio Lobo Antunes e José Saramago, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1998, até agora o único escritor em língua portuguesa.









A literatura portuguesa nasceu formalmente no momento em que surgiu o português língua escrita, nos séculos XII e XIII. Ainda que seja provável a existência de formas poéticas anteriores, os primeiros documentos literários conservados pertencem precisamente à lírica galego-portuguesa, desenvolvida entre os séculos XII e XIV com uma importante influência na poesia trovadoresca provençal. Esta lírica era formada por canções ou cantigas breves, difundidas por trovadores (poetas) e segréis (instrumentistas) e desenvolveu-se primeiro na Galiza e no Norte de Portugal. Mais tarde trasladou-se para a corte de Afonso X, o sábio, rei de Castela e de Leão, onde as cantigas continuaram a ser escritas em galego-português.


Os primeiros poetas conhecidos são João Soares de Paiva e Paio Soares Taveirós, sendo de autoria deste último a "Cantiga da Ribeirinha", também conhecida como "Cantiga da Garvaia".

Ribeirinha

No mundo non me sei pareiha,
Mentre me for como me vai,
Ca já moiro por vós – e ai!
Mia senhor branca e vermelha,
Queredes que vos retraia
Quando vos eu vi em saia!
Mau dia me levantei,
Que vos enton non vi fea!
E, mia senhor, dês aquel di’, ai!
Me foi a mim mui mal,
E vós, filha de don Paai
Moniz, e bem vos semelha
D’haver eu por vós guarvaia,
Pois, eu, mia senhor, d’alfaia
Nunca de vós houve nen hei
Valia d’ua Correa.

No mundo não conheço quem se compare
A mim enquanto eu viver como vivo,
Pois eu moro por vós – ai!
Pálida senhora de face rosada,
Quereis que eu vos retrate
Quando eu vos vi sem manto!
Infeliz o dia em que acordei,
Que então eu vos vi linda!
E, minha senhora, desde aquele dia, ai!
As coisas ficaram mal para mim,
E vós, filha de Dom Paio
Moniz, tendes a impressão de
Que eu possuo roupa luxuosa para vós,
Pois, eu, minha senhora, de presente
Nunca tive de vós nem terei
O mimo de uma correia.

(Paio Soares de Taveirós)



Outros poetas desenvolveram sua arte na corte do rei D. Afonso III de Portugal e mais tarde na de D.Dinis, ambos monarcas protetores e impulsionadores da cultura livresca. O corpus total da lírica galaico-portuguesa, composto por 1685 textos, excluindo as Cantigas de Santa Maria (As Cantigas de Santa Maria são um conjunto de quatrocentas vinte e sete composições em galego-português, que no século XIII era a língua fundamental da lírica culta em Castela), está reunido em Cancioneiros ou Livros das Canções: o Cancionoiros da Ajuda, Cancionaeiro da Vaticana e Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa (Colocci Brancuti), além dos pergaminhos Vindel e Sharrer.

O Pergaminho Sharrer é um fragmento de pergaminho medieval que contém partes de sete cantigas de amor de Dom Dinis, rei de Portugal, com poesias em língua galaico-portuguesa e notação musical.





Pergaminho de Sharrer
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            Pergaminho de Vindel - final sec. XIII e inicio do sec. XIV


A prosa em português teve um desenvolvimento mais tardio que a poesia e não apareceu até o século XIII, época em que adotou a forma de breves crônicas, hagiografias e tratados de genealogia denominados Livros de Linhagens. Não se conservou nenhum cantar de gesta portuguesa, mas sim, em mudança, livros de cavalaria, como a "Demanda do Santo Graal". Nesta época escreveu-se ademais, possivelmente, a primeira versão, hoje perdida, do Amadis de Gaula, cujos três primeiros livros foram escritos segundo algumas fontes por um tal João Lobeira, trovador de finais do século XIII. Estas narrações cavalheirescas, ainda que desprezadas pelos homens cultos de finais da Idade Média e do Renascimento, gozaram do favor popular, dando lugar às intermináveis sagas dos "Amadises" e os "Palmerins", tanto em Portugal como em Espanha.

Em 1790 nasceu uma Nova Arcádia, a que pertencia Manuel Maria Barbosa du Bocage, que poderia talvez ter chegado a ser um grande poeta em outras circunstâncias. 



SONETO DO EPITAPHIO

La quando em mim perder a humanidade 
Mais um daquelles, que não fazem falta,
 Verbi-gratia — o theologo, o peralta, 
Algum duque, ou marquez, ou conde, ou frade:

 Não quero funeral communidade, 
Que engrole "sub-venites" em voz alta;
 Pingados gattarrões, gente de malta, 
Eu tambem vos dispenso a caridade: 

Mas quando ferrugenta enxada edosa 
Sepulchro me cavar em ermo outeiro, 
Lavre-me este epitaphio mão piedosa:

 "Aqui dorme Bocage, o putanheiro; 
Passou vida folgada, e milagrosa; 
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro".


O seu talento levou-o, no entanto, a reagir contra a mediocridade geral e não se conseguiu elevar a grande altura de maneira sustentada, apesar de os seus sonetos competirem com os de Camões. Também foi um mestre da poesia breve e improvisada, que empregou com sucesso em sua Pena de Talião contra José Agostinho de Macedo.

Este sacerdote era um autêntico ditador literário, e em sua obra Vós Burros ultrapassou a todos os demais poetas na agressividade de suas invectivas, chegando a ter tentado substituir os Lusíadas de Camões com uma obra épica inferior, Oriente. No aspecto positivo, escreveu notáveis obras didáticas e odes aceitáveis e as suas cartas e panfletos políticos mostram conhecimentos e versatilidade. Contudo, a sua influência no ambiente literário de Portugal foi mais negativa que positiva.

Nos últimos anos do século XX, e a começos do XXI, a literatura portuguesa em prosa tem demonstrado uma grande vitalidade, graças a escritores como Antonio Lobo Antunes e sobretudo o Prêmio Nobel de Literatura José Saramago, autor de novelas como "Ensaio sobre a cegueira" e "O Evangelho segundo Jesus Cristo" ou "A caverna".




José Saramago



Fontes:

wikipedia.org
google.com
brasilescola.uol.com.br
portaleducacao.com.br

Vamos falar hoje de objeto direto e objeto indireto. O objeto direto e o indireto são termos integrantes da oração que completam o se...