quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

 Hoje vamos falar do conto "O Alienista" do maior escritor brasileiro,  Machado de Assis.


Publicado em 1882, no livro de contos "Papéis avulsos", por isso chamado de conto, mas por sua estrutura narrativa,  com muitos personagens, narrativa mais longa,  muitos o consideram uma novela.



Resumo do livro “O Alienista” de Machado de Assis



O personagem principal é o Dr. Simão Bacamarte, afamado médico tanto na Europa como no Brasil.

De volta à sua cidade Itaguaí, ele começa a estudar os casos mais complexos de distúrbios psíquicos, e emocionais, catalogando essas características em cada pessoa, e tentando encontrar um padrão que definisse a razão e a loucura.

Naquela época, os deficientes mentais eram trancados num cômodo da casa, e lá deixados afastados do convívio familiar, meio que escondidos dos olhares de outras pessoas.

Simão Bacamarte resolveu criar um local onde todos aqueles que fossem diagnosticados com distúrbios mentais pudessem conviver com seus iguais, dessa forma, segundo ele, o tratamento seria mais eficaz.

Chamou esse local de Casa Verde, e mandou para lá todos que ele considerava loucos.


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Na cidade, foi uma agitação total, com todos comentando a loucura de juntar todos os loucos num só lugar.

Em princípio, Simão decidiu expor a sua ideia ao padre Lopes, que achou a ideia absurda.

A despeito das opiniões em contrário, Simão começa colocar seu plano em funcionamento, e começa a internar os diagnosticados por ele com algum distúrbio.

Os primeiros internados na Casa Verde foram os com mania de discursar, como Martim Brito,(Martim Brito fez um discurso em homenagem à ilustre dama, enfatizando que, na criação dos homens, “Deus quis vencer a Deus e criou D.. Evarista”. O alienista viu ali um caso típico de lesão cerebral, e o moço foi recolhido... )

Aqueles ditos como vaidosos a exemplo do alfaiate Matheus, os que eram gentis demais, como Gil Bernardes e até os que emprestavam dinheiro não escaparam do doutor. Numa noite, a mulher de Simão estava indecisa quanto ao colar o qual deveria usar para o baile. Para Bacamarte não lhe restaram dúvidas: internou a própria esposa classificando o seu comportamento como uma insanidade.

Todos os critérios eram regidos pelo alienista, contando também com o apoio e a ordem da Igreja e dos poderes da época. Seguindo esse conceito, o Dr. Simão internou um número alarmante de pessoas. O povo indignado resolve tramar uma rebelião contra as injustiças cometidas. O levante foi liderado pelo barbeiro Porfírio o qual promete pôr abaixo as paredes do manicômio. O movimento, que ficou conhecido como “Revolta do Canjica”, tinha sido batizado dessa forma por Canjica ser o apelido do barbeiro.

Diante dos protestos na frente da sua casa, o doutor recebe a massa com indiferença e retorna aos seus afazeres. No entanto, Porfírio tinha o intuito de seguir carreira política e, ao chamar Simão para uma reunião acaba se aliando a ele. E as internações continuam na cidade.

Com o tempo os critérios para a internação são modificados.
Simão passa a considerar outra teoria: louco seria aquele que possui a mente em perfeito equilíbrio e não o que tem o juízo doentio. A parte desta nova descoberta, Bacamarte libera os antigos loucos e interna agora o padre Lopes, a esposa de Crispim e Porfírio. Depois de um breve tempo, até que os novos internados pudessem revelar algum tipo de desequilíbrio, Simão Bacamarte libera-os.

Contudo, o alienista não estava satisfeito. Chegou à conclusão de que ninguém estava realmente doente e os desequilíbrios notados já faziam parte do comportamento dos mesmos.
Simão decide pôr-se a estudar seu próprio estado mental. Por fim, declara-se o único equilibrado da vila, trancando-se na Casa Verde. Morre depois de 17 meses.

A sátira e a ironia presentes na obra machadiana, se repete nessa obra.

Num contexto histórico a obra de Machado de Assis se desenvolve no final do século XIX, uma era que se dava o despertar da ciência e suas teorias mais avançadas.


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No Rio de Janeiro em 1841, surge o asilo provisório, e no mesmo local em 1852, surge o Hospício D.Pedro II, que segue o modelo das instituições francesas, idealizadas pelos Dr Pinel e Dr. Esquirol.

Machado faz uma sátira e uma crítica à tentativa das explicações científicas para todas as mazelas da sociedade da época.

Assim Simão Bacamarte, é um esteriótipo do médico e cientista que detém o poder do conhecimento e arrogância de não admitir discussões sobre suas ideias e seus métodos .

Outra crítica, bastante hilária da Machado é a respeito das patologias encontradas pelo Dr. Bacamarte, para diagnosticar a loucura nas  pessoas.

Assim o homem mais honesto da cidade foi internado, porque não era "normal" tamanha honestidade naquela sociedade. Assim como aquele que não mentia, ou outro que mentia demais, o ganancioso, o indeciso, o que orava muito, o muito obediente, o muito rebelde, para tudo o Dr. Simão Bacamarte tinha uma explicação para internação.


Ao contar a história de um doutor que procura explicar, por meio de teoria, a loucura; Machado mostra uma ciência que por si só é incerta, isto é, nos mostra o quanto somos frágeis diante de certas situações, pois, se os médicos, que detém o conhecimento, não conseguem explicações lógicas para certas ocorrências da vida, como poderia, então, encontrá-las, os seres meramente “comuns”? Dessa forma, a obra de Machado consegue ultrapassar o seu tempo e está bem presente na atualidade, uma vez, que ela permite a reflexão, mostra-nos a literatura como uma fonte de consciência que nos leva ao questionamento dos desmandos cometidos por quem detém o poder. Assim como faz o protagonista do conto, usa a ciência como sua “arma” única para explicar os seus desmandos, “– A ciência, disse ele a sua Majestade, é o meu emprego único; Itaguaí é o meu universo” (Assis, 2009, p. 09). A obsessão de Bacamarte em estudar e entender o estágio da loucura humana torna-se tão intensa, que chega a um ponto em que a população já não consegue mais definir quem realmente estava louco, ou se alguém realmente era louco.

Em 1993 a Globo exibiu uma minissérie com Marco Nanine e Giulia Gam, com o título de "O Alienista e as aventuras de um Barnabé" baseado na obra de Machado de Assis.


Casa Verde






O filme "Azyllo muito louco" de Nelson Pereira dos Santos de 1970 com Nelson Dantas, Nildo Parente, Isabel Ribeiro  e Leila Diniz.




O filme rodado em Paraty, foi baseado também na obra "O Alienista"





Fontes:

laerciomendonca.blogspot.com.br
estudopratico.com.br
guiadoestudante.abril.com.br
coladaweb.com
repositorio.uniceub.br
wikipedia.org
todamateria.com.br

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