Hoje vamos falar da obra "A Moreninha" de Joaquim Manoel de Macedo.
Publicada em 1844, a obra marca o inicio da ficção do romantismo brasileiro.
Capítulo 1
Aposta
Imprudente
Bravo! exclamou Filipe, entrando e despindo a casaca, que pendurou em um cabide velho.
Bravo!... interessante cena! mas certo que desonrosa fora para casa de um estudante de Medicina e já
no sexto ano, a não valer-lhe o adágio antigo: - o hábito não faz o monge.
- Temos discurso!... atenção!... ordem!... gritaram a um tempo três vozes.
- Coisa célebre! acrescentou Leopoldo. Filipe sempre se torna orador depois do jantar...
- E dá-lhe para fazer epigramas, disse Fabrício.
- Naturalmente, acudiu Leopoldo, que, por dono da casa, maior quinhão houvera no cumprimento
do recém-chegado; naturalmente. Bocage, quando tomava carraspana, descompunha os médicos.
Primeiro capítulo do romance A Moreninha.
Considerado o primeiro romance romântico brasileiro propriamente dito, A Moreninha , obra-prima de Joaquim Manuel de Macedo, segue a tendência do romance-folhetim, alcançando grande repercussão por apresentar os quesitos necessários para satisfazer o gosto do leitor da época: o namoro difícil ou impossível, a comicidade, a dúvida entre o desejo e o dever, a revelação surpreendente de uma identidade, as brincadeiras de estudantes e uma linguagem mais inclinada para o tom coloquial.
O romance é narrado em terceira pessoa, com narrador onisciente. O tempo transcorre na ordem cronológica, apenas uma volta ao passado, nos capítulos sete e oito, quando Augusto conta à D. Ana, avó de seu amigo Filipe, o episódio de seu juramento amoroso. A história se passa e dois lugares: na cidade do Rio de Janeiro, representando a vida urbana e social, e na ilha de Paquetá onde mora D. Ana, simbolizando o paraíso de amor. O estilo do texto é marcado pelo ritmo ágil, com a presença frequente de diálogos entre os personagens, o que nos dá a impressão de que a história está acontecendo no ato da leitura.
Esse livro um dos primeiros romance do Romantismo no Brasil.
O romance A Moreninha conta a história de amor entre Augusto e D. Carolina (a moreninha). Tudo começa quando Augusto, Leopoldo e Fabrício são convidados por Filipe para passar o feriado de Sant’Ana na casa de sua avó. Os quatro amigos estudantes de medicina vão para a Ilha de Paquetá passar o feriado e lá encontram D. Ana, a anfitriã, duas amigas, a irmã de Filipe, D. Carolina e suas primas Joana e Joaquina. Antes de partirem Filipe havia feito uma aposta com Augusto: se este voltasse da Ilha sem ter se apaixonado verdadeiramente por uma das meninas, Filipe escreveria um romance por ter perdido a aposta. Caso se apaixonasse, Augusto é quem deveria escrevê-lo.
Augusto era um jovem namorador e inconstante no amor. Fabrício revela a personalidade do amigo a todos num jantar, o que faz Augusto ser desprezado pelas moças, menos por Carolina. Sentindo-se sozinho, Augusto revela a D. Ana, em uma conversa pela Ilha, que sua inconstância no amor tem a ver com as desilusões amorosas que já viveu e conta um episódio que lhe aconteceu na infância. Em uma viagem com a família, Augusto apaixonou-se por uma menina com quem brincara na praia. Ele e a menina ajudaram um homem moribundo e, como forma de agradecimento, o homem deu a Augusto um botão de esmeralda envolvido numa fita branca e deu a menina o camafeu de Augusto envolvido numa fita verde. Essa era a única lembrança que tinha da menina, pois não havia lhe perguntado nem o nome.
O fim de semana termina e os jovens retornam para os estudos, mas Augusto se vê com saudades de Carolina e retorna a Ilha para encontra-la. O pai de Augusto, achando que isso estava atrapalhando seus estudos, proíbe o filho de visitar Carolina. Depois de um tempo distantes, Augusto volta a Ilha para se declarar a Carolina. Mas ela o repreende por estar quebrando a promessa feita a uma garotinha há anos atrás. Augusto fica confuso e preocupado, até que Carolina mostra o seu camafeu. O mistério é desfeito, e, para pagar a aposta, Augusto escreve o livro A Moreninha.
O romance teve duas adaptações para o cinema (1915 e 1970) e duas para telenovelas (1965 e 1975)
Filme 1970
Novela 1ª versão - Claudio Marzo e Marília Pera (Globo 1965)
Mario Cardozo e Nívea Maria 2ª versão - (Globo 1975)
Epílogo
A chegada de Filipe, Fabrício e Leopoldo veio dar ainda mais viveza ao prazer que reinava na
gruta. O projeto de casamento de Augusto e D. Carolina não podia ser um mistério para eles, tendo
sido como foi, elaborado por Filipe, de acordo com o pai do noivo, que fizera a proposta, e com o
velho amigo, que ainda no dia antecedente viera concluir os ajustes com a senhora D. Ana; e, portanto,
o tempo que se gastaria em explicações passou-se em abraços.
- Muito bem! muito bem! disse por fim Filipe; quem pôs o fogo ao pé da pólvora fui eu, que
obriguei Augusto a vir passar o dia de Sant’Ana conosco.
- Então estás arrependido?...
- Não, por certo, apesar de me roubares minha irmã. Finalmente para este tesouro sempre teria
de haver um ladrão: ainda bem que foste tu que o ganhaste.
- Mas, meu maninho, ele perdeu ganhando...
- Como?...
- Estamos no dia 20 de agosto: um mês!
- É verdade! um mês! exclamou Filipe.
- Um mês!... gritaram Fabrício e Leopoldo.
- Eu não entendo isto! disse a senhora D. Ana.
- Minha boa avó, acudiu a noiva, isto quer dizer que finalmente está presa a borboleta.
- Minha boa avó, exclamou Filipe, isto quer dizer que Augusto deve-me um romance.
- Já está pronto, respondeu o noivo.
- Como se intitula?
- A Moreninha
Fontes:
wikipedia.org
educacao.globo.com
youtube.com
objdigital.bn.br
google.com
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