Vamos falar hoje do poeta que foi um marco do Movimento do Simbolismo no Brasil, Cruz e Souza.
Nascido em 24 de novembro de 1861 em Santa Catarina, João da Cruz e Souza, filho de escravos alforriados, teve a tutela do ex senhor, de seus pais, o coronel Guilherme Xavier de Sousa. o qual lhe deu uma educação refinada.
Aos oito anos já escrevia poemas. No período de 1871 a 1875, o jovem cursa, como bolsista, o Ateneu Provincial Catarinense, estabelecimento educacional frequentado pelos filhos das camadas dominantes do Desterro. Tem como professor de ciências naturais o naturalista alemão Fritz Muller – amigo, correspondente e colaborador de Darwin e Haeckel. Aluno brilhante, Cruz e Sousa destaca-se em matemática e línguas: francês, inglês, latim e grego.
Culto e erudito, o poeta foi leitor sofisticado: Baudelaire, Leconte de Lisle, Leopardi, Antero de Quental, Guerra Junqueiro, entre outros autores europeus de seu tempo. Não obstante o elevado nível cultural de sua formação escolar, o racismo o confinará – tema recorrente em seu texto “Emparedado”. Desempenhou funções muito aquém de seu efetivo potencial.
Culto e erudito, o poeta foi leitor sofisticado: Baudelaire, Leconte de Lisle, Leopardi, Antero de Quental, Guerra Junqueiro, entre outros autores europeus de seu tempo. Não obstante o elevado nível cultural de sua formação escolar, o racismo o confinará – tema recorrente em seu texto “Emparedado”. Desempenhou funções muito aquém de seu efetivo potencial.
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Segundo o professor Antonio Cândido, Cruz e Souza foi o único poeta realmente da raça negra naquela época, os demais eram mestiços.
As características de suas obras eram a musicalidade, uso de figuras de linguagem como sinestesia¹, elementos místicos e subjetividade.
Alma solitária
Ó Alma doce e triste e palpitante!
que cítaras soluçam solitárias
pelas Regiões longínquas, visionárias
do teu Sonho secreto e fascinante!
Quantas zonas de luz purificante,
quantos silêncios, quantas sombras várias
de esferas imortais, imaginárias,
falam contigo, ó Alma cativante!
que chama acende os teus faróis noturnos
e veste os teus mistérios taciturnos
dos esplendores do arco de aliança?
Por que és assim, melancolicamente,
como um arcanjo infante, adolescente,
esquecido nos vales da Esperança?!
Fundador e um dos principais representantes do simbolismo no Brasil, Cruz e Souza foi um dos precursores da literatura afro-brasileira e figura proeminente de seu tempo. Nascido e crescido num meio extremamente hostil ao negro, em província do sul do país para onde se dirigiram levas de imigrantes europeus brancos, Cruz e Sousa deparou-se, ao longo de sua curta vida, com inúmeras barreiras, sendo emparedado de diversas maneiras. Em plena vigência das políticas de branqueamento no país, o poeta afrodescendente foi vítima de vários episódios racistas. A sua contrariedade e indignação frente à injustiça praticada aos negros é constatada por meio de sua aberta orientação abolicionista e de seu trabalho literário, inovador e fortemente contrário ao discurso conservador da época.
Velho
Estás morto, estás velho, estás cansado!
Como um suco de lágrimas pungidas
Ei-las, as rugas, as indefinidas
Noites do ser vencido e fatigado.
Envolve-te o crepúsculo gelado
Que vai soturno amortalhando as vidas
Ante o repouso em músicas gemidas
No fundo coração dilacerado.
A cabeça pendida de fadiga,
Sentes a morte taciturna e amiga,
Que os teus nervosos círculos governa.
Estás velho estás morto! Ó dor, delírio,
Alma despedaçada de martírio
Ó desespero da desgraça eterna.
A Morte
Oh! que doce tristeza e que ternura
No olhar ansioso, aflito dos que morrem…
De que âncoras profundas se socorrem
Os que penetram nessa noite escura!
Da vida aos frios véus da sepultura
Vagos momentos trêmulos decorrem…
E dos olhos as lágrimas escorrem
Como faróis da humana Desventura.
Descem então aos golfos congelados
Os que na terra vagam suspirando,
Com os velhos corações tantalizados.
Tudo negro e sinistro vai rolando
Báratro a baixo, aos ecos soluçados
Do vendaval da Morte ondeando, uivando…
Com a saúde debilitada devido à tuberculose, Cruz e Souza faleceu em 19 de março de 1898, na localidade de Curral Novo, pertencente então pertencente ao município de Barbacena , Minas Gerais.
Fontes:
wikipedia.org
google.com
letras.ufmg.br
escolaeducacao.com.br
educamaisbrasil.com.br
preparaenem.com
artout.com.br
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