domingo, 11 de dezembro de 2022



Vamos falar hoje de um dos maiores poetas brasileiros, Manuel Bandeira e seu livro "As cinzas das horas"

Manuel Carneiro de Souza Bandeira, nascido no Recife, Pernambuco em 19 de abril de 1886. Morreu no Rio de Janeiro em 13 de outubro de 1968.

Seu poema "Os sapos" foi lido por Ronaldo de Carvalho no palco do teatro Municipal de São Paulo, causando tumulto e vaias na Semana de Arte Moderna em 1922.






DESENCANTO

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.


Meu verso é sangue. Volúpia ardente. . .
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.



E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.


- Eu faço versos como quem morre.

Teresópolis, 1912.

(Cinza das horas, 1917.)


Cinza das horas é um livro que ainda contém  reminiscências do Parnasianismo, percorre com seus versos brancos o início do Movimento Modernista. É um livro que traz a melancolia. O livro mostra o poeta buscando algo novo.

Fala de suas amarguras, e desilusões e de suas moléstias.  Parte do livro foi escrito na Suíça, onde o poeta procurava tratar de sua tuberculose.


Epígrafe 

Sou bem-nascido. Menino, 
Fui, como os demais, feliz.
 Depois, veio o mau destino
 E fez de mim o que quis. 

Veio o mau gênio da vida, 
Rompeu em meu coração, 
Levou tudo de vencida, 
Rugiu como um furacão,

 Turbou, partiu, abateu, 
Queimou sem razão nem dó –
 Ah, que dor! 
Magoado e só, – 
Só! – meu coração ardeu: 

Ardeu em gritos dementes 
Na sua paixão sombria... 
E dessas horas ardentes 
Ficou esta cinza fria. –

 Esta pouca cinza fria...

Nesse poema, principalmente Bandeira fala do título; as horas passam, as chamas da vela vão se apagando, até restarem somente as cinzas.

Assim é na vida, primeiro a luz vai iluminando pouco a pouco até atingir o ápice do brilho, e depois vai se apagando até virarmos cinzas.

A compositora e cantora Adriana Calcanhoto, na bela música "Vambora" fala das cinzas da horas.


Vambora 




Fontes:
lpm.com.br
academia.org.br
spbcnet.org.br
Bandeira, Manuel -  Estrela da vida inteira -  Ed. José Olympio
youtube.com
google.com
ebiografia.com

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