sábado, 3 de dezembro de 2022

Vamos falar de um dos poetas que representa o Movimento do Simbolismo no Brasil, Alphonsus de Guimarães.



O Movimento Simbolista nasce na França com o livro "As flores do mal" de Baudelaire, que já falei a respeito nesse blog.


É um movimento que tem como característica o rigor formal, misticismo, uso do mistério, reticências, musicalidade e sinestesia, que é a figura de linguagem que une termos com diversas percepções sensoriais. Ex:



- Sua voz soava docemente pelo salão principal.

- A visão fria da morte tomava conta de todos.

- O cheiro doce da infância estava naquelas fotos.

Junto com Cruz e Souza, Alphonsus de Guimarães foi um dos principais representantes do movimento no Brasil



Afonso Henrique da Costa Guimarães, conhecido como Alphonsus de Guimarães, nasceu em Ouro Preto, Minas Gerais, no dia 24 de julho de 1870. Filho do comerciante português Albino da Costa Guimarães e de Francisca de Paula Guimarães Alvim, fez os cursos básicos em Minas Gerais.

Aos 17 anos se apaixonou pela prima Constança, filha do escritor Bernardo Guimarães seu tio-avô. Com a morte prematura da prima, em 1888, o poeta abandona o curso de Engenharia e se entrega a vida boêmia.

Nessa época, Alphonsus de Guimaraens já colaborava no Almanaque Administrativo, Mercantil, Industrial, Científico e Literário do município de Ouro Preto.

Em 1891 resolve viajar para São Paulo com o amigo José Severino de Resende, e Inicia o curso de Direito na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, entrando em contato com os poetas simbolistas.

De volta para Ouro Preto, em 1893, continua o curso de Direito na recém-criada Academia Livre de Direito de Minas Gerais, colando grau em 1895.


Alphonsus de Guimaraens viaja para o Rio de Janeiro, onde conhece Cruz e Souza, poeta que já admirava e que junto com Alphonsus, e Augusto dos Anjos se tornariam os principais autores do Simbolismo no Brasil.

De volta a Minas Gerais, em 1906, Alphonsus é nomeado promotor de Conceição do Serro, hoje Conceição do Mato Dentro, ocupando em seguida o cargo de juiz municipal em Mariana. Em 1897, casa-se com Zenaide de Oliveira, com quem teve 14 filhos. Dividiu seu tempo entre as atividades de juiz e a produção de sua obra poética.

Seu poema mais famoso foi Ismalia.



Ismália

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo perdeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

A poesia de Alphonsus de Guimaraens é marcadamente mística e envolvida com religiosidade católica. Seus sonetos apresentam uma estrutura clássica e são profundamente religiosos e sensíveis, a medida em que explora o sentido da morte, do amor impossível, da solidão e da inadaptação ao mundo.

Contudo, o tom místico imprime em sua obra um sentimento de aceitação e resignação diante da própria vida, dos sofrimentos e dores. Outra característica marcante de sua obra é a utilização da espiritualidade em relação à figura feminina, que é considerada um anjo, ou um ser celestial. Alphonsus de Guimaraens é simultaneamente neorromântico e simbolista.

Sua obra, predominantemente poética, consagrou-o como um dos principais autores simbolistas do Brasil. Traduziu também poetas como Stéphane Mallarmé, em referência à cidade em que passou parte de sua vida, é também chamado de "o solitário de Mariana", a sua "torre de marfim do Simbolismo".

Sua poesia é quase toda voltada para o tema da morte da mulher amada. Embora preferisse o verso decassílabo, chegou a explorar outras métricas, particularmente a redondilha maior (terminado em sete sílabas métricas).


O poema Dona Mística ele fez em homenagem à sua amada Constança.




Dona Mística

Piedosa: o olhar nunca baixou à terra
Fitava o céu, porque era pura e santa ...
Tinha o orgulho fidalgo de uma Infanta
Que entre escudeiros e lacaios erra.

Deusa nenhuma, por mais alta, encerra
Em si, talvez, misericórdia tanta:
Ainda hoje na minha alma se alevanta
Como uma cruz no cimo de uma serra.

Foi-lhe a vida um eterno mês-de-maio.
Cheio de rezas brancas a Maria,
Que ela vivera como num desmaio.

Tão branca assim! Fizera-se de cera ...
Sorriu-lhe Deus e ela que lhe sorria,
Virgem voltou como do céu descera.



Fontes:

ebiografia.com
wikipedia.org
google.com
brasilescola.uol.com.br
portugues.com.br

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