Vamos falar hoje de Anne Brontë, a mais nova das famosas irmãs Brontë, Charlotte e Emily.
Nasceu em 17 de janeiro de 1820 em Scarborough no Mar do Norte condado de Yorkshire, Inglaterra.
Anne Brontë tem sido descrita como a mais sossegada, a mais frágil e também a mais religiosa das irmãs Brontë. As suas obras, insistentemente comparadas às de Charlotte e à de Emily, tem sido apontadas como inferiores, desinteressantes e até aborrecidas devido ao seu pendor realista e o seu estilo menos aventureiro. Em termos estilísticos, talvez Anne seja de fato a Brontë menos revolucionária, mas o mesmo não se pode dizer sobre os temas que escolheu abordar nos seus romances e que, na época, causaram burburinho.
A estreia literária de Anne aconteceu com a coletânea de poemas que as três Brontë publicaram em 1846 sob os pseudónimos ambíguos de Currer, Ellis e Acton Bell. Na altura, as mulheres escritoras não eram bem vistas, e Charlotte, Emily e Anne escolheram nomes falsos para se protegerem. Em dezembro do ano seguinte, Anne publicou, juntamente com O Monte dos Vento Uivantes de Emily, o seu romance de estreia, Agnes Grey, dois meses depois de ter saído Jane Eyre de Charlotte.
O carácter feminista e de denúncia das obras de Anne Brontë é contrário à imagem de quietude e fragilidade que alguns autores, como a sua irmã mais velha e Elizabeth Gaskell, que se baseou no relato de Charlotte, tentaram passar. Havia mais em Anne do que o sossego e piedade, e foi isso que Adelle Hay tentou mostrar em Anne Brontë Reimagined. A View from the Twenty-first Century. A biografia, publicada pela editora Saraband em janeiro, mês em que se assinalaram os 200 anos do nascimento da escritora, procura destruir alguns dos mitos que persistem em torno de Anne e mostrar que “o seu trabalho é mais relevante do que nunca no século XXI”. Os temas tratados por Anne Brontë, como explicou Hay em entrevista ao Observador, continuam a ser importantes.
A obra mais conhecida de Anne Brontë é o seu romance de estreia, Agnes Grey, mas é hoje unânime que o seu melhor livro é The Tenant of Wildfell Hall, publicado apenas seis meses depois, em julho de 1848. É simplesmente maior, mais maduro e também mais revolucionário. Na altura, contudo, a obra não foi recebida com elogios, mas com desagrado. De uma maneira geral, as críticas ao primeiro romance de Anne não tinham sido positivas — a obra foi acusada de ser vulgar e inferior aos trabalhos das outras Brontë —, mas as críticas de Wildfell Hall foram devastadoras.
Um crítico censurou a autora — que na altura julgava ser um autor, Acton — por usar uma linguagem “grosseira e repugnante”, enquanto outro a acusou de ter tendência “para transformar de forma degradante a paixão em apetite”. O jornal "The Spectator" foi especialmente duro, como apontou Adelle Hay na sua biografia, afirmando: “The Tenant of Wildfell Hall, como o seu predecessor, sugere a ideia de que existem habilidades consideráveis que foram mal aplicadas.
Existe poder, efeito, e até natureza, apesar de um tipo extremo, nas suas páginas; mas parece existir no escritor um amor mórbido por aquilo que é grosseiro, para não dizer brutal; de maneira que os temas de que trata não são atrativas (…). Existe uma grosseria de tom em todos os escritos destes Bell, que coloca um tema ofensivo no seu pior ponto de vista”.
Anne morreu em 28 de maio de 1849, de tuberculose, a mesma doença de sua irmã, Emily. Ao contrário de Emily, porém, Anne aceitou todo o tratamento recomendados pelos médicos.
Anne Brontë não foi a primeira escritora falar da questão da autonomia das mulheres Por essa razão, The Tenant of Wildfell Hall é muitas vezes apontado como o primeiro romance feminista, e também porque Helen é “uma personagem profundamente feminista”
“Ela abandona o seu marido quando sabia que era ilegal fazê-lo, tira o filho de uma situação perigosa e ganha a vida como pintora numa altura em que seria muito difícil [mas não impossível] para uma mulher o fazer. Ela até se declarou ao homem de quem gostava, Gilbert, no final do livro — ela entrega-lhe uma rosa-de-natal com a qual faz uma comparação, perguntando: ‘Olha, Gilbert, continua fresca e florida como uma flor deve ser, apesar da neve que está nas suas pétalas. Recebe-la?’. Mas nada disso poderia ter impacto se não fosse pelo poder da escritora. Anne escreveu com a sua própria voz, ela não estava a tentar ser como os escritores homens do seu tempo. Escreveu uma história muito feminista sobre uma ‘mulher caída’ usando uma voz autêntica e foi capaz de simpatizar com as suas personagens femininas de uma forma que os escritores do seu tempo não tinham sido capazes de fazer.
Fontes:
wikipedia.org
google.com
observador.pt
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