Vamos falar da obra do escritor estadunidense Dee Brown - Enterrem meu coração na curva do rio de 1970.
A obra conta a história dos nativos norte-americanos que viviam naquelas terras antes da colonização.
Logo na introdução o autor já nos mostra suas impressões sobre um período de 30 anos, de 1860 até 1890, que segundo o autor "Foi uma era incrível de violência, cobiça, audácia, sentimentalismo, exuberância mal orientada e de uma atitude quase reverente para o ideal de liberdade pessoal, por parte dos que já a possuíam."
Desde a viagem de Lewis e Clark que desbravaram o oeste dos EUA até atingirem o Pacífico, e principalmente a descoberta do ouro na California, levaram milhares de aventureiros para terras habitadas pelos indígenas, que passaram a ser um empecilho para as novas conquistas.
Como acontece todas as vezes a história é sempre contada pelo ponto de vista dos vencedores. Assim o homem branco era o herói que desbrava o interior do país para trazer progresso e conquistas, enquanto que o índio era o perverso, que matava e escalpelava os pobres homens brancos.
Dee Brown que era historiador e professor, nos mostra o outro lado. Já no primeiro capítulo do livro ele conta sobre a impressão que Cristóvão Colombo teve ao chegar na América:
"Tão afáveis, tão pacíficos, são eles, que juro a Vossas Majestades que não há no mundo uma nação melhor. Amam a seus próximos como a si mesmos, e sua conversação é sempre suave e gentil, e acompanhada de sorrisos; embora seja verdade que andam nus, suas maneiras são decentes e elogiáveis."
Enterrem meu coração na curva do rio - filme
Enterrem meu coração na curva do rio é o eloquente e meticuloso relato da destruição sistemática dos índios da América do Norte. Lançando mão de várias fontes, como registros oficiais, autobiografias, depoimentos e descrições de primeira mão, Dee Brown faz grandes chefes e guerreiros das tribos Dakota, Ute, Sioux, Cheyenne e outras contar com suas próprias palavras sobre as batalhas contra os brancos, os massacres e rompimentos de acordos. Todo o processo que, na segunda metade do século XIX, terminou por desmoralizá-los, derrotá-los e praticamente extingui-los.
Mostra o lado vil e ganancioso e por muitas vezes arrogante do homem branco, que se achava no direito de tomar aquilo que não lhe pertencia, no direito de enganar com tratados cumpridos pelos índios e desprezados pelos brancos.
"Soube que pretendem colocar-nos numa reserva perto das montanhas. Não quero ficar nela. Gosto de vagar pelas pradarias. Nelas me sinto livre e feliz; quando nos estabelecemos, ficamos pálidos e morremos. Pus de lado minha lança, o arco e o escudo, mas me sinto seguro na sua presença. Disse-lhes a verdade. Não tenho pequenas mentiras ocultas em mim, mas não sei como são os comissários. São tão francos quanto eu? Há muito tempo, esta terra pertencia aos nossos antepassados; mas quando subo o rio, veio acampamentos de soldados em suas margens. Esses soldados cortam minha madeira, matam meu búfalo e, quando veio isso, meu coração parece Partir; fico triste... Será que o homem branco se tornou uma criança que mata sem se importar e não come o que matou? Quando os homens vermelhos matam a caça, é para que possam viver e não morrer de fome. "
SATANTA, chefe dos kiowas
(Dos 3.700.000 búfalos destruídos de 1872 a 1874, só 150.000 foram mortos pelos índios. Quando um grupo de preocupados texanos perguntou ao general Sheridan se nada iria ser feito para deter a matança indiscriminada dos caçadores brancos, ele respondeu: "Deixem-nos matar, esfolar e vender até que o búfalo tenha sido exterminado, pois esse é o único modo de conseguir paz duradoura e permitir a civilização progredir.") p.231
"
Na primeira arremetida feita pelos índios, meu cavalo caiu atingido e fui ferido — um tiro acima do joelho, a bala foi até o quadril; caí e fiquei ali". Corvo-Rei, que estava com os hunkpapas, disse: "A porção maior de nossos guerreiros avançou junta contra sua linha e fustigamos nossos cavalos na sua direção. Ao mesmo tempo, guerreiros corriam para os flancos deles e os rodearam até estarem cercados"; Alce Negro, de 13 anos, olhando tudo do rio, pôde ver uma grande poeira subindo do morro e, então, começaram a aparecer cavalos com selas vazias. "A fumaça dos tiros e a poeira dos cavalos encobria o morro", disse Pte-San-Waste-Win, "e os soldados disparavam muitos tiros, mas os sioux atiravam certeiramente e os soldados caíam mortos. As mulheres atravessaram o rio depois dos homens de nossa aldeia e, quando fomos até o monte, não havia mais soldados vivos e Cabelo Comprido jazia morto entre os outros... O sangue do povo estava quente e seus corações estavam maus; não fizeram prisioneiros nesse dia." Corvo-Rei disse que todos os soldados desmontaram quando os índios os cercaram. "Tentaram proteger-se com seus cavalos, mas quando nos aproximamos mais, deixaram seus cavalos fugir. Pressionamo-los para nosso acampamento principal e matamos todos. Ficaram em ordem e lutaram como bravos guerreiros até o último homem". Segundo Cavalo Vermelho, perto do fim do combate com Custer, "os soldados ficaram loucos, muitos jogaram fora suas armas e levantaram os braços, dizendo: "Sioux, tenham pena de nós, levem-nos prisioneiros". Os sioux não levaram nenhum soldado prisioneiro, mataram todos; nenhum foi poupado nem por poucos minutos". Muito tempo depois da batalha, Touro Branco dos minneconjous fez quatro pictogramas mostrando-se em luta e matando um soldado identificado como Custer. Entre os que afirmaram ter morto Custer, estão Chuva-no-Rosto, Quadril Chato e Urso Bravo. Cavalo Vermelho disse que um guerreiro santee não-identificado matou Custer. A maioria dos índios que narraram a batalha disseram que nunca viram Custer e não sabiam quem o matou - p.260
Essa foi a principal vitória dos índios contra os brancos, foi também a sua ruína. Depois da batalha de Little Big Horn, os ataques de vingança contra os índios se intensificaram.
Os brancos que chamavam os índios de selvagem, mostraram quem eram os verdadeiro selvagens.
Fontes:
skoob.com.br
youtube.com
google.com
ipm.com.br
blogdorosuca.files.wordpress.com
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