domingo, 14 de agosto de 2022

Vamos falar do conto do escritor norte-americano Edgar Allan Poe "A queda da casa de Usher".


"Durante todo aquele triste, escuro e silencioso dia outonal, com o céu encoberto por nuvens baixas e opressivas, estive percorrendo sozinho, a cavalo, uma região rural singularmente deserta, até que enfim avistei, com as primeiras sombras da noite, a melancólica Casa de Usher. Não sei por quê, mas, assim que entrevi a construção, um sentimento de intolerável tristeza apoderou-se de meu espírito. Digo intolerável, porque essa impressão não era suavizada por qualquer sensação meio prazenteira, porque poética, com que a mente geralmente recebe até mesmo as mais sombrias imagens naturais de desolação e de terror."  p .3


O conto foi publicado em 1839,com uma pequena revisão em 1840.

Fala  da visita de um personagem sem nome ao seu grande amigo de infância, Roderick e sua irmã Madeleine, e vê o casarão com uma aparência sombria, com rachaduras nas paredes, assim como a aparência de seus moradores. 

Roderick Usher escreveu uma carta de apelo para seu amigo solicitando a sua presença. Lady Madeleine, está à beira da morte, vitima de uma doença que assola toda a família.


À minha entrada Usher levantou-se do sofá onde estivera deitado em todo o comprimento, e saudou-me com um calor e uma vivacidade que tinha muito, pensei a princípio, de cordialidade exagerada – do esforço constrangido do homem cansado do mundo. Contudo, um olhar à sua fisionomia convenceu-me da sua perfeita sinceridade. Sentamo-nos; e por alguns momentos, enquanto ele não falava, eu o contemplei com um sentimento onde se mesclavam a piedade e o horror. Sem dúvida, homem algum jamais mudara tão terrivelmente, num período tão curto, como mudara Roderick Usher!

 

Poe associa a decadência da família Usher com a degradação da mansão, à medida que vai narrando o conto, ele vai divulgando detalhes assombrosos que levam à queda da casa de Usher, que pode ser entendido tanto como a degradação do imóvel tanto como o da família Usher.




Edgar Allan Poe


Poe é um mestre em contos de terror, e nesse conto ele vai enredando o leitor através das sombras e dos ruídos do velho casarão, associado com a doença a degradação do estado físico e mental de Roderick.


"Observei ainda, a intervalos, e através de alusões ambíguas e fragmentárias, uma outra característica essencial do seu estado mental. Ele estava acorrentado, por certas impressões supersticiosas com relação à propriedade onde vivia, e donde, por muitos anos, nunca se afastara – com relação a uma influência cuja força hipotética era exposta numa linguagem demasiado nebulosa para que a reproduza aqui – a uma influência que algumas particularidades deforma e de substância da sua casa de família haviam exercido, à força de um longo sofrimento, sobre o seu espírito – a um efeito que a natureza física das paredes cinzentas, das pequenas torres e do turvo pântano em que tudo se mirava, tinha finalmente produzido sobre o moral de sua vida." p.9


A casa  detalha uma simbologia de proteção, de bem estar e de conforto, ou de negligência, desdém e a alienação de seus moradores que levam ao abandono e a ruína. A casa representa seus habitantes e sua aparência diz muito sobre seus moradores.

A casa simboliza as tradições, as lembranças e o sonho, cria uma identidade entre seus habitantes e o meio que eles vivem.

Com a morte de Madeleine, Roderick, fica mais perturbado e desolado e traços de loucura já são bastante visíveis. Seu amigo de infância, o narrador, o acompanha nesse período. O amigo pouco a pouco também era envolvido por todo aqueles clima mórbido.


"Foi principalmente ao recolher-se um pouco tarde, na noite do sétimo ou oitavo dia depois do encerramento do corpo da Senhora Madeline na câmara, que experimentei todo o poder de tais impressões. O sono parecia evitar a minha cama e as horas passavam num moroso cortejo. Eu lutava por dominar o nervosismo que se apoderara de mim. Procurava fazer-me crer que grande parte, se não a tonalidade das minhas impressões, era devida à influência desconcertaste da mobília austera e triste do quarto; das tapeçarias escuras e estragadas que, tocadas pelo sopro de uma tempestade iminente, mexiam-se caprichosamente nas paredes e roçavam penosamente nos adornos da cama. Os meus esforços, porém, foram infrutíferos. Um invencível tremor gradualmente se apoderou de meu corpo; e, finalmente, instalou-se no meu próprio coração o íncubo do mais absurdo alarme." p.16


A rachadura da parede da casa, observada pelo narrador já no início do conto, é o fio da trama que faz uma espécie de amalgama entre a casa e seus habitantes. A rachadura da casa representa também a degradação da família, um racha em tudo aquilo que eles foram.





A tempestade continuava desencadeada, com toda a sua fúria, quando me vi finalmente atravessando o velho caminho pavimentado. De repente, surgiu ao longo do caminho uma luz estranha, e eu me voltei para ver donde poderia ter saído uma claridade tão insólita, pois atrás de mim só havia a mansão com suas sombras. O resplendor vinha de uma lua no ocaso grande e cor de sangue, que agora brilhava vivamente através daquela fenda antes apenas perceptível, da qual eu disse que se estendia desde o telhado do edifício, fazendo ziguezague, até ao alicerce. Enquanto eu olhava, esta fenda rapidamente se alargou – houve uma rajada mais impetuosa da ventania – o globo inteiro do satélite invadiu de repente o campo de minha visão – meu cérebro sofreu um como desfalecimento, quando vi que as grossas paredes ruíam, despedaçando-se – houve um longo e tumultuoso estrondo, com mil vozes de água – e a profunda e sombria lagoa aos meus pés fechou-se funebremente por sobre os destroços da "Casa de Usher". p.21/22




Fontes:


liualcarothar.files.wordpress.com
valeugutenberg.com
monografias.brasilescola.uol.com.br
google.com










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