Vamos falar num conceito filosófico baseado nos deuses gregos Apolo e Dionísio; chamado de : Apolíneo e Dionisíaco.
Na mitologia grega, Apolo e Dionísio são ambos filhos de Zeus. Apolo é o deus do Sol, da razão, das artes e medicina, da guerra e era tido como racional, enquanto que Dionísio é o deus da loucura, da bebedeira, das orgias e do caos. Os gregos não consideravam os dois deuses como opostos ou rivais, embora, muitas vezes, as duas divindades foram entrelaçadas por natureza.
Se Apolo é sinônimo de beleza e comedimento, Dionísio é representante do disforme, do anômalo, da descomunal força da natureza. As duas forças são absolutamente legítimas e reais, mas Dionísio carrega em si um exagero, um despropósito, um desregramento, algo que ultrapassa. Estas forças levam inevitavelmente ao abismo. Aliás, a destruição é a própria representação de Dionísio. Filho de Zeus e Perséfone, sua amante, foi perseguido impetuosamente por Hera. Nos mitos gregos conta-se que foi inúmeras vezes capturado e despedaçado, mas renasceu outras inúmeras vezes. Seu dom é o da metamorfose e ele possui inúmeras faces, por isso Nietzsche o toma como personagem conceitual para sua filosofia.
Dionísio
Na filosofia o termo apolíneo e dionisíaco, ganhou notoriedade com o filósofo alemão, Friedrich Wilhelm Nietzsche.
Nietzsche
Embora esse conceito de dualidade entre as duas personagens já fosse utilizadas anteriormente.
Apolíneo representa a razão, o comedimento, o raciocínio lógico, enquanto o dionisíaco representa a impulsividade, o caos e apela para emoções e instintos.
Segundo Nietzsche, a dor apolínea representa a força do crescimento, a dor necessária, a dor bem-vinda. Já Dionísio é arauto da dor pura, descabida, do despedaçamento, a vida como dilaceramento do sujeito atravessado pela obscuridade anárquica e impetuosa. Mas eis o desafio dionisíaco, afirmar até mesmo o excesso, a desordem obscura, o lance de dados. Não existe um lugar no universo especialmente reservado para nós, não há um plano para cada um, mas isso não é motivo para desespero. Sim, o mundo é falso, cruel, inumano, contraditório, indomável, mas isso não quer dizer que devemos perder a confiança na vida. Este Deus nos convida a confiar novamente na existência.
O dizer Sim à vida, mesmo em seus problemas mais duros e estranhos; a vontade de vida, alegrando-se da própria inesgotabilidade no sacrifício de seus mais elevados tipos – a isso chamei dionisíaco, nisso vislumbrei a ponta para a psicologia do poeta trágico”– Nietzsche, Crepúsculo dos Ídolos, O que devo aos antigos, § 5
Apolo permite encarar o desmedido com a medida, mas é pouco. Não queremos olhar o mundo através de nossa individualidade, por mais bela que pareça, queremos também mergulhar nele! Não queremos interpretar o mundo de nossa perspectiva, queremos experimentá-lo em sua plenitude! Sem filtros, sem proteções, sem limitações! As forças dionisíacas são este mergulho de cabeça, transbordamento puro onde homem e mundo não mais se opõem. Quanto mais fundo, mais os antigos dualismos parecem falsos e simplórios, mais nos abrimos para a diferença. Quanto mais fundo, mais longe de si mesmo.
Contudo, é importante levar um importante fato em consideração: as forças dionisíacas (tanto quanto as apolíneas) são pura afirmação e criação. O desejo dionisíaco de destruir está apenas em criar o novo, a negação é submissa à afirmação! No criar está incluído também o destruir! Imanência absoluta, não há espaço para o negativo, outro mundo, outra existência, outro universo. Apenas esta realidade, em todos os seus aspectos, sem deuses para condená-la ou reprová-la.
Como vemos a vida não é feita só de disciplina e da conformidade, existem também as atribulações, o caos a desordem.
Não vivemos apenas uma vida ordeira, precisamos, às vezes, da loucura, da bebedeira.
O mundo não é uma obra estética e perfeita, existem também as imperfeições e a desordem, e é nesse mundo que vivemos e temos de nos adaptar.
Para Nietzsche, nenhuma arte pode ser puramente apolínea (isto é, centrada na razão e na harmonia) nem puramente dionisíaca (isto é, centrada na desordem criativa e na embriaguez). A criação humana depende da articulação desses dois princípios, uma vez que o dionisíaco nos dá o principio criativo e o apolíneo nos dá a ordem e a harmonia necessárias para a produção de algo belo. É a arte com suas forças de criação que nos faz plenamente humanos, pois ela nos dá a oportunidade de produzir nossa própria vida, construindo o que somos na medida em que vamos vivendo.
Fontes:
wikipedia.org
google.com
razaoinadequada.com
unicentro.br/petfisica
www.netmundi.org/filosofia
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